O Ethereum ativou com sucesso a primeira fase da Pectra, sua mais recente atualização desde o Dencun, em março do ano passado, entrando em operação às 7h05 (horário de Brasília) nesta quarta-feira (7).
Após o hard fork em si, os desenvolvedores enfrentaram uma espera tensa para ver se a rede havia alcançado a finalização, o que aconteceu às 7h18.
O mercado cripto segue em dia bom: o Ethereum (ETH) está com alta de 2,2% e é vendido a US$ 1.826. O Bitcoin (BTC) opera com valorização de 2,9% e é cotado a US$ 96.911, com o Índice de Preço do Bitcoin (IPB) em R$ 553.288.
O restante do top 10 segue em alta: XRP (+1,8%), BNB (+1,2%), Solana (+2,6%), Dogecoin (+3,9%), Cardano (+4,1%) e Tron (+0,6%).
A Pectra introduz mudanças abrangentes na rede, preparando o terreno para sua transição com foco em escalabilidade e melhorias no funcionamento da rede em seu ecossistema em expansão.
A atualização também otimiza o processamento de depósitos de validadores, aprimora operações criptográficas, melhora o acesso a dados históricos, permite saídas da camada de execução e torna as atestações mais eficientes, entre outras melhorias.
“Esta é a atualização mais ambiciosa até agora”, disse Preston Van Loon, desenvolvedor central do Ethereum e cofundador da Prysmatic Labs, ao Decrypt. “O impacto será especialmente poderoso nos ambientes de Camada 2 e Camada 3, onde os desenvolvedores poderão criar experiências nas quais o usuário nem precisa pensar em carteiras ou taxas de gás.”
Van Loon se refere a uma das mudanças mais críticas adotadas, o EIP-7702, que traz recursos que tornam as carteiras e contas de criptomoedas mais fáceis de usar. Ele permite que contas de usuários comuns funcionem temporariamente como contratos inteligentes, sem que o usuário precise mudar de endereço.
“O EIP-7702 estabelece a base de que precisávamos há muito tempo”, disse Van Loon. “Embora a abstração total ainda não esteja disponível para os usuários finais com a Pectra, essa atualização oferece ao Ethereum a infraestrutura necessária para isso no futuro.”
Apesar do tempo necessário para o lançamento, após discussões e dificuldades técnicas entre os desenvolvedores, a atualização Pectra incorpora várias outras melhorias, com os próximos passos da atualização Fusaka prometendo tornar o Ethereum “tão simples quanto o Bitcoin”.
A melhoria na abstração de contas traz recursos importantes como agrupamento de transações, patrocínio de gás e gerenciamento de permissões.
“Esperamos que os aplicativos DeFi adotem rapidamente isso para reduzir a complexidade para os usuários finais”, disse Sam McIngvale, chefe de produto da OP Labs, ao Decrypt. “A abstração de contas vai reformular a experiência do usuário ao eliminar aprovações de tokens e criar uma experiência de negociação com um clique. Quanto mais atrito os apps DeFi conseguirem remover, melhor.”
Limites de staking ampliados
A Pectra também traz uma mudança importante na forma como funciona o staking no Ethereum com o EIP-7251, que remove o limite anterior para validadores e permite que eles apostem até 2.048 ETH, em vez dos 32 ETH anteriores.
A proposta atualiza as regras de staking, tornando as recompensas mais eficientes e facilitando o gerenciamento de múltiplos validadores.
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Essas eficiências beneficiam principalmente “os primeiros stakers ou aqueles logo acima do limite de 32 ETH, transformando capital ocioso em capital produtivo”, explica Van Loon.
Blobs para escalabilidade
A atualização Pectra também inclui uma mudança significativa com o EIP-7691, que aumenta a capacidade de processamento de blobs de 3 para 6 por bloco.
Um blob (Objeto Binário Grande) é uma estrutura de dados dedicada que armazena grandes quantidades de dados na camada de consenso, em vez da camada de execução, tornando as transações da segunda camada mais baratas.
Essa mudança segue a atualização Dencun do ano passado e permite que os rollups lidem com mais transações a custos mais baixos. Com a Pectra, o sistema de preços agora se ajusta de forma mais suave às mudanças no uso, resultando em aumentos menores de taxas para blocos cheios.
“A Pectra realmente tem o potencial de levar a um uso maior do Ethereum”, disse Muriel Médard, professora do MIT e cofundadora da Optimum. “Alguns dos problemas de escalabilidade ainda permanecem ou podem até piorar.”
Ela continuou: “Reduzir a descentralização não é uma forma de escalar. Pelo contrário, a descentralização é necessária para a escalabilidade.”
Embora os usuários se beneficiem da atualização, os validadores precisarão lidar com volumes maiores, exigindo potencialmente mais largura de banda e recursos de armazenamento.
“A capacidade do Ethereum de propagar dados de forma eficiente e previsível definirá até onde ele pode escalar”, afirmou Médard.
Ainda assim, expandir o Ethereum para as massas continua sendo uma tarefa difícil até que detalhes técnicos sejam resolvidos entre os desenvolvedores.
“A escalabilidade continua sendo o maior desafio do Ethereum. O que as segundas camadas mais precisam é de mais escala”, disse McIngvale, da OP Labs.
“Com o crescimento atual, mesmo com o modesto aumento de blobs da Pectra, as segundas camadas precisarão de um aumento de cinco a oito vezes na capacidade de blobs para evitar congestionamentos.”
“Estamos empolgados com o Fusaka enfrentando esse desafio, e a Optimism já está dedicando recursos de engenharia para apoiar o PeerDAS”, disse ele.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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