O mercado de criptomoedas voltou a operar em território negativo no fim de semana, com o Bitcoin em baixa pelo terceiro dia e novamente sob risco de perder o patamar de US$ 20 mil. Nas últimas 24 horas, o BTC recua 3,5%, para US$ 20.56, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum mostra queda de 3,1%, negociado a US$ 1.148.
No Brasil, o Bitcoin cai 3,5%, cotado a R$ 108.971, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As principais altcoins também operam no vermelho como Binance Coin (-2,1%), XRP (-4,2%), Cardano (-3,5%), Solana (-4,4%), Dogecoin (-4,1%), Polkadot (-2,7%), Shiba Inu (-2,3%) e Avalanche (-4,2%).
Na sexta-feira (8), o valor total do mercado de criptomoedas voltou a superar a marca de US$ 1 trilhão por um breve momento, puxado pelo salto do Bitcoin e Ethereum. No cenário macro, investidores ficaram animados com os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que vieram acima do esperado, enquanto se recuperavam do susto com o assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão Shizo Abe. Com a criação de 372 mil vagas em junho, os números aliviaram o temor de que os EUA já estejam em recessão.
Nesta semana, o foco será o relatório de preços ao consumidor dos EUA na quarta-feira (13), que pode dar pistas para a próxima reunião do Federal Reserve nos dias 26 e 27 de julho.
“Se o que trouxe o mercado cripto a patamares tão baixos foi o cenário macro deteriorado, ainda não temos clareza de que o pior já ficou para trás”, explica André Franco, chefe de análise do MB, em artigo do Valor.
Na opinião do diretor-gerente e presidente do conselho da Rockefeller International, Ruchir Sharma, o Bitcoin foi prejudicado por muito dinheiro barato e interesse especulativo. Em entrevista ao CoinDesk, Sharma afirmou que o BTC pode se recuperar da mesma forma que a ação da Amazon, que despencou cerca de 90% com o estouro da bolha internet nos início dos anos 2000, mas posteriormente aumentou mais de 300 vezes nas duas décadas seguintes.
Wall Street não está tão otimista. Segundo a pesquisa MLIV Pulse da Bloomberg, é mais provável que o BTC caia para US$ 10.000 do que suba para US$ 30.000, de acordo com 60% dos 950 investidores que responderam ao levantamento.
Regulação no Brasil
Outro tema que deve dominar as atenções é a possível votação nesta semana do projeto de lei que regulamenta os criptoativos no Brasil. Fontes disseram à Folha que, para conseguir a aprovação do PL, o Banco Central teria renunciado a um dispositivo da proposta que blindava o patrimônio dos investidores, a chamada segregação patrimonial. Em resposta à Folha, o BC disse que não iria comentar as negociações sobre o projeto de lei. O relator do projeto, o deputado Expedito Netto (PSD-RO), não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação do artigo.
Problemas no mercado
Enquanto isso, o mercado acompanha de perto o processo de desalavancagem das plataformas de empréstimo de criptomoedas. Confira os destaques:
Credores temem que os ativos do hedge fund cripto Three Arrows Capital (3AC), em grande parte na forma de dinheiro, criptomoedas e NFTs, possam ser facilmente transferidos antes que sejam ressarcidos, segundo o CoinDesk. Uma audiência está prevista para esta terça-feira (12) em um tribunal em Nova York. Advogados dizem que os fundadores do 3AC, Su Zhu e Kyle Davies, não estão cooperando com o processo e seu paradeiro é desconhecido.
A corretora cripto Blockchain.com deve perder US$ 270 milhões relacionados a empréstimos para o Three Arrows Capital, de acordo com carta do CEO Peter Smith a acionistas vista pelo CoinDesk.
Depois de quitar um empréstimo com o protocolo de finanças descentralizadas Maker, a plataforma de crédito cripto Celsius reduziu suas dívidas com os protocolos Aave e Compound de US$ 258 milhões para US$ 235 milhões. Caso quite todos os empréstimos, poderia liberar US$ 950 milhões em garantias. A Tether diz ter liquidado “sem prejuízo” um empréstimo feito para Celsius.
Ainda com saques de clientes bloqueados, a Celsius contratou novos advogados da Kirkland & Ellis para aconselhar a plataforma sobre possíveis opções de reestruturação, informou o Wall Street Journal.
Agências reguladoras de valores mobiliários no Texas e no Alabama estão ampliando investigações sobre as operações da Celsius e Voyager, de acordo com reportagem da Bloomberg.
Justin Sun, fundador do ecossistema da blockchain Tron, disse que, assim como Sam Bankman-Fried, da FTX, e Changpeng Zhao, da Binance, está disposto a oferecer suporte a empresas de criptomoedas em dificuldades. Sun afirmou ao The Block que pode gastar até US$ 5 bilhões em aquisições. Em tuíte na sexta-feira (8), Sun disse que estava “pronto para servir”.
A exchange CoinFlex iniciou um processo de arbitragem em Hong Kong para recuperar US$ 84 milhões em perdas relacionadas a um cliente, segundo publicação no blog da empresa no sábado (9). A empresa também busca levantar capital de novos investidores e futuramente liberar saques de clientes.
Outros destaques
A Captable, plataforma de investimentos em startups, lança nesta segunda-feira (11) o chamado “mercado secundário” em crowdfunding, conforme o Valor. No primeiro momento, cerca de 35 empresas estarão listadas, de 51 que fizeram ofertas de “equity crowdfunding” (financiamento coletivo) por meio da Captable.
O volume na Binance, maior exchange cripto do mundo, disparou após a decisão de zerar as taxas para negociações com Bitcoin. Para evitar o chamado “wash trade”, a corretora decidiu “remover a negociação de BTC dos cálculos VIP”. Uma operação de “lavagem” ocorre quando um investidor compra e vende um ativo com o objetivo de inflar artificialmente o preço.
A Moon Tech Spain, subsidiária espanhola da Binance, obteve registro como provedora de serviços virtuais do Banco da Espanha, segundo anúncio da corretora na sexta-feira (8). O registro permitirá que a Binance ofereça serviços de negociação e custódia de criptoativos no mercado espanhol, em conformidade com as regras de combate à lavagem de dinheiro e financiamento antiterrorista (AML/CTF) do banco central do país.
Ainda na Espanha, a corretora cripto 2gether teria encerrado as operações por falta de recursos e deixado 100 mil usuários desamparados, de acordo com informações da Associação de Usuários Financeiros (Asufin) divulgadas pela rede de TV estatal RTVE. Na semana passada, usuários circularam no Twitter um print de um e-mail comunicando sobre o fechamento das contas. A 2gether já havia travado saques de clientes e informado que cobraria 20 euros de usuários devido à impossibilidade de manter o serviço gratuito.
A exchange argentina Ripio anunciou planos de expansão em pleno inverno cripto. Entre as várias iniciativas está o lançamento de um livro, uma carteira focada em Web3 e metaverso, além de sua própria “sidechain”, ou blockchain paralela, a Ripio Chain.
O anúncio feito por Elon Musk na sexta-feira (8) de que iria cancelar a compra do Twitter parece não ser o capítulo final da saga e sim mais um episódio de uma longa novela. Minutos após o dono da Tesla fazer o anúncio, o presidente do conselho do Twitter, Bret Taylor, divulgou comunicado dizendo que a empresa irá à Justiça para que o acordo de aquisição de US$ 44 bilhões seja cumprido.
Notório crítico das criptomoedas, o empresário americano Peter Schiff disse no Twitter na sexta-feira (8) que estaria disposto a vender seu banco de investimento Euro Pacific International em troca de Bitcoin. O executivo teve uma filial de seu banco de investimento Euro Pacific International fechada na semana passada por reguladores de Porto Rico por falta de liquidez.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Três empresas – a corretora de criptomoedas BitBlue, a Music Office (Vz Market) e a Stable Link – devem arcar com os danos financeiros causados pela Airbit Clube, uma suposta pirâmide financeira que causou R$ 110 milhões em prejuízo. O fundador da Airbit Clube é Gutemberg do Santos, que está desde dezembro de 2020 preso nos EUA, onde é acusado dos crimes de lavagem de dinheiro, fraude eletrônica e fraude bancária e pode pegar até 30 anos de prisão, mostra reportagem do Portal do Bitcoin.
Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, disse ao jornal O Globo que não vai fugir e deixar centenas de clientes sem os seus direitos. O empresário afirmou que ofereceu um acordo à Sasha Meneghel e a seu marido, o cantor gospel João Figueiredo, mas o casal preferiu seguir a orientação dos advogados e processá-lo.
O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) disse nesta segunda-feira (11) que planeja propor regras globais “robustas” para os criptoativos em outubro após a recente turbulência nos mercados, que destacou a necessidade de regular o setor “especulativo”, de acordo com a Reuters.
A vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, afirmou na sexta-feira (8) que a volatilidade recente “expôs sérias vulnerabilidades no sistema financeiro cripto”, de acordo com o Estadão. Em discurso, a autoridade defendeu a necessidade de que a regulação abarque também as finanças dos criptoativos, que segundo ela estão suscetíveis aos mesmos riscos do setor financeiro tradicional.
O ministro da Justiça da Coreia do Sul, Han Dong-hoon, se reuniu com investigadores dos EUA na semana passada, em Nova York, para compartilhar informações sobre as investigações em andamento da Terraform Labs e de seu cofundador Do Kwon, informou o portal Forkast, que cita um comunicado do Ministério da Justiça da Coreia do Sul.
A agência de monitoramento financeiro da Rússia, a Rosfinmonitoring, começou a usar um software para rastrear transações de criptomoedas e espera melhorar as capacidades da ferramenta, segundo a Reuters. No sábado (9), o Sberbank, maior banco da Rússia e controlado pelo governo, realizou a primeira transação de ativos financeiros digitais em sua própria plataforma baseada em blockchain.
Metaverso, Games e NFTs
O inverno cripto também atingiu em cheio o patrocínio de equipes esportivas, principalmente nos EUA. A FTX, por exemplo, cancelou acordos com o Washington Wizards, da NBA, e com o time de beisebol Los Angeles Angels, segundo o New York Post. Mas, no Brasil, empresas que patrocinam equipes da Série A prometem manter seus contratos, de acordo com O Globo. No caso do MB, que até anunciou a criação de um time de futebol, o esporte tem papel estratégico e não vai ser descartado, diz Sergio Veiga, diretor de patrocínios da corretora.
E por falar em futebol, o Botafogo anunciou no sábado (9) que o cassino online Blaze será o principal patrocinador do time até o fim da temporada de 2022. Os valores do patrocínio não foram revelados.
Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Bob Burnquist, um dos maiores skatistas do Brasil, falou sobre os projetos de unir skates, NFTs e projetos sociais. Perguntado se investe em Bitcoin, Burnquist respondeu: “Com certeza. Não dá para não ter Bitcoin, é lógico”.O Itaú Cultural lançou o Chamamento Itaú Cultural de projetos de Arte e Cultura no metaverso para apoiar, fomentar e mapear trabalhos neste campo e ampliar as discussões e reflexões sobre o tema. Podem ser inscritos projetos em fase de desenvolvimento para este universo, focados na arte e na cultura, até dia 26, de acordo com o colunista Gilberto Amendola, do Estadão.