O mercado de criptomoedas é embalado pelos índices futuros de ações americanos nesta segunda-feira (8), que sinalizam uma abertura no azul em Wall Street. Investidores digerem os fortes dados do mercado de trabalho dos EUA e ficam de olho no rumo dos juros no país.
O Bitcoin (BTC) avança 4,7% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 24.060,74, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) ganha 4,9%, negociado a US$ 1.764,86.
No Brasil, o Bitcoin opera em alta de 3,5%, a R$ 123.578,00, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Altcoins também são negociadas em terreno positivo, entre elas Binance Coin (+6%), Cardano (+6,4%), XRP (+2,5%), Solana (7,5%), Polkadot (+9,2%), Dogecoin (+3,8%), Shiba Inu (+4,7%) e Avalanche (+10,7%).
Bitcoin hoje
O Bitcoin acumula alta de cerca de 15% nos últimos 30 dias, em linha com o mercado acionário americano, mostram cálculos da Bloomberg. O indicador de correlação de 90 dias do Bitcoin e do S&P 500 está em torno de 0,65, um dos níveis mais altos desde 2010.
A economia americana criou 528 mil empregos em julho, o dobro do esperado por economistas. Se por um lado esses números afastam o temor de recessão, por outro aumentam as chances de um aperto monetário mais agressivo por parte do Federal Reserve, o banco central dos EUA.
Lucas Passarini, especialista em trading do MB, diz que o relatório de inflação ao consumidor nos EUA será o dado mais aguardado nesta semana. “O mercado está antecipando que a inflação dará uma arrefecida. Se confirmar esse cenário, podemos ter uma semana impulsionada por ganhos”, avaliou em artigo do Valor, destacando que o ETH tem mostrado um padrão de alta mais forte do que o Bitcoin.
Fusão a caminho
É grande a expectativa para a chamada Fusão do Ethereum no começo de setembro, quando uma grande atualização na blockchain conduzirá a rede para o sistema de validação “proof of stake” (PoS, na sigla em inglês). Nesse sistema, com menor uso de energia, validadores usam a quantidade de moedas como consenso para validar transações.
Chandler Guo, que minerava Ethereum na China, lançou uma campanha para resistir à Fusão com a bifurcação da blockchain atual. A ideia é criar uma versão duplicada da rede com o sistema de consenso “proof of work” (ou PoW), que usa computadores potentes, os mineradores, e lançar o token ETHW. A campanha, chamada EthereumPOW, ganhou apoio da corretora de criptomoedas Poloniex, do polêmico Justin Sun. O fundador do ecossistema Tron listou o ETHW no domingo (7).
As bifurcações, ou “forks”, são comuns no espaço cripto, como a que criou o Ethereum Classic em 2016, mas nem todas são bem-sucedidas por falta de apoio de desenvolvedores e usuários, por exemplo. “Não espero que o Ethereum seja significativamente prejudicado por outro ‘fork’”, disse Vitalik Buterin, cofundador da blockchain Ethereum em webinar no sábado (6).
Mas Guo contou à Bloomberg que tem uma equipe de 60 desenvolvedores trabalhando em uma bifurcação, o que exigiria ajustes no software existente.
Para não vender as máquinas, mineradores de Ethereum podem decidir apoiar as bifurcações ou migrar para o Ethereum Classic após a Fusão, dizem especialistas.
Em relatório, o Citi apontou que a atualização deve trazer várias consequências para a rede, entre elas um menor uso de energia e a transição para um “ativo deflacionário”.
Corretoras de criptomoedas
A exchange de criptomoedas Zipmex, que atua na Ásia, vai permitir que usuários façam saques parciais de Bitcoin e Ethereum a partir do final desta semana, de acordo com a Bloomberg. As retiradas estavam bloqueadas desde julho devido a problemas de liquidez na corretora.
Quem também busca normalizar os saques é a Voyager Digital. A plataforma de crédito cripto disse na sexta-feira (5) que planeja “restaurar o acesso” a depósitos em dinheiro a partir de 11 de agosto. É o primeiro passo da empresa para devolver até US$ 270 milhões a clientes, conforme o CoinDesk.
A Crypto.com obteve duas licenças na Coreia do Sul por meio da compra de duas startups locais: a provedora de serviços de pagamentos PnLink e a empresa de serviços de ativos virtuais “OK-BIT”, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira (8).
Outros destaques no mercado de criptomoedas
A Serena Ventures, gestora fundada pela tenista Serena Williams, quer investir no Brasil, de acordo com o Estadão. Depois de captar US$ 111 milhões em março, a empresa prepara uma nova rodada e os recursos podem vir para a América Latina e para o mercado brasileiro, com foco em projetos liderados por mulheres e negros. “Tenho muito interesse em investir na África, na América Latina, e o Brasil seria um excelente alvo.”
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Após o governo da Índia congelar os ativos da corretora cripto WazirX por supostas violações de regras, esquentou o debate sobre quem controla a exchange. Em 2019, a Binance havia anunciado a aquisição da WazirX no blog da empresa, cujo texto foi atualizado na sexta-feira (5). Mas, em sua conta no Twitter, o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, disse que não é o dono da WazirX, e que o negócio se limitou à compra de alguns ativos e propriedade intelectual.
No entanto, Nischal Shetty, fundador da exchange indiana, foi categórico ao dizer que a Binance é, sim, a dona da WazirX, do domínio do site e administradora do sistema de AWS (Amazon Web Services) da corretora.
CZ também causou pânico entre usuários da WazirX ao dizer que poderia encerrar a plataforma indiana e aconselhar a transferência de fundos para a Binance, informou o CoinDesk.
Para Fabricio Tota, diretor do MB, a renda fixa digital é uma alternativa para permanecer investido no mercado cripto, mas com baixo risco. Uma das vantagens, explica Tota em artigo no E-Investidor, é o menor custo desses produtos em comparação com investimentos tradicionais.
A MB Asset aposta na expansão da categoria de renda fixa digital, oferecendo acesso ao pequeno investidor a investimentos menos comuns por meio da tecnologia blockchain. “O Brasil está bem avançado na digitalização dos investimentos e o Banco Central já reconhece a tokenização de ativos. Estamos prontos para operar neste mercado”, disse Alexandre Amorim, CEO da MB Asset, em entrevista ao portal Pipeline.
Apesar do inverno cripto, as vendas de Lamborghinis seguem aquecidas nos EUA, mostra reportagem da Bloomberg. O supercarro de luxo se tornou um símbolo de sucesso quando se trata de ostentar a fortuna gerada com investimentos em criptomoedas. Na AutoCoinCars, plataforma online que permite a compra de carros de luxo com moedas digitais, as vendas dobraram para US$ 12 milhões nos últimos 12 meses.
Regulação e CBDCs
A Câmara de Deputados não conseguiu votar o projeto de lei 4401/21, que regula o mercado de criptoativos no Brasil, dentro do chamado esforço concentrado de agosto, que terminou na sexta-feira (5). Dessa forma, a análise do projeto deverá ficar para a próxima janela parlamentar, entre 29 de agosto e 2 de setembro.
Ao Portal do Bitcoin, Julien Dutra, diretor de relações governamentais da 2TM, holding que controla o MB, disse que é “fundamental” que os deputados votem o PL no próximo esforço concentrado.
“O mercado corre em velocidade característica própria da tecnologia com muita rapidez. A cada adiamento da votação, postergam-se investimentos e desenvolvimento de soluções com alto potencial de mudar a vida das pessoas, além do fato de perdermos oportunidade de fecharmos a torneira de alguns riscos sistêmicos graves como a prevenção de fraudes, lavagem de dinheiro e a concorrência desleal.”
O coordenador do projeto do Real Digital, Fabio Araujo, afirmou que instituições financeiras devem aguardar a aprovação do PL para ‘entrar de vez’ no mercado de criptoativos, segundo a Exame. Durante palestra promovida pelo Mercado Pago e pela escola de negócios Saint Paul, Araujo disse não ver problemas na venda de criptomoedas por bancos.
A ABCripto e a Blockchain Academy (braço de educação do MB) vão oferecer workshops online para autoridades do Ministério Público, Receita Federal e Coaf, informou o jornal O Globo. Os cursos serão ministrados neste mês de agosto e setembro com duração de quatro dias cada e abordar temas como regulação, blockchain e lavagem de dinheiro.
No Japão, o governo deveria reduzir impostos corporativos sobre criptomoedas para evitar que os empresários deixem o país, disse à Bloomberg Sota Watanabe, CEO da desenvolvedora de infraestrutura de Web3 Stake Technologies.
Cibersegurança
Na pacata cidade de Campos Verdes, no interior de Goiás, há uma rua que concentra minas de esmeraldas de duas empresas suspeitas de montar pirâmides financeiras com criptomoedas que causaram prejuízos a milhares de brasileiros: Trust Investing e G44 Brasil, segundo reportagem do Portal do Bitcoin. O que ambas têm em comum, além do uso de criptomoedas, é a atuação no ramo de mineração de pedras preciosas. É isso que explica a presença das duas empresas na Rua do Netinho, em Campos Verdes, com 5 mil habitantes.
O recém-lançado projeto Dragoma, baseado na rede Polygon, parece ter sido alvo do golpe “rug pull”, ou puxada de tapete, no valor estimado de US$ 3,5 milhões, de acordo com a empresa de segurança blockchain PeckShield.
Metaverso, Games e NFTs
A Volkswagen lançou uma coleção de cards em tokens não fungíveis (NFTs) em sua plataforma de colecionáveis digitais, a Digital Garage, em homenagem aos 50 anos do lançamento do clássico esportivo SP2, informou o Estadão.
Depois de expandir sua iniciativa de NFTs para mais de 100 países, a plataforma Instagram anunciou que Sabrina Sato e seu avatar, Satiko, foram escolhidas para estrearem a ferramenta no Brasil. O recurso permitirá que usuários compartilhem suas criações e aquisições de artes digitais na rede social.
*Texto alterado às 11h15 do dia 10 de agosto de 2022 para correção: Fabio Araujo é coordenador do projeto do Real Digital e não diretor do Banco Central, como inicialmente a reportagem dizia.