Imagem da matéria: Litecoin (LTC) faz halving: entenda qual deve ser o impacto no preço da criptomoeda
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Precisamente às 12h06min desta quarta-feira (2) a rede da Litecoin (LTC) minerou o bloco número 2.520.000, com metade do subsídio do bloco anterior, concluindo assim o evento quadrienal conhecido como halving — o terceiro da história da criptomoeda.

Assim como no caso do Bitcoin, a cada quatro anos, as recompensas da Litecoin na mineração são reduzidas pela metade, o que significa que menos moedas digitais são criadas.

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A ideia é diminuir a taxa de inflação na rede, com a diminuição de moedas produzidas diariamente. É o que reforça o grande mito em torno do mecanismo: uma esperança de que o processo tenha influência positiva no preço do ativo por gerar mais escassez. Na prática, contudo, não há nenhuma garantia de que é o que irá acontecer.

O preço de LTC, por exemplo, apresenta queda de 4,5% nas últimas 24 horas, com a Litecoin sendo negociada por US$ 89, segundo o índice do CoinMarketCap.

A pool de mineração ViaBTC minerou o último bloco pré-halving do token — recebendo 12,5 LTC de subsídio de bloco, mais 0,072 LTC em taxas – com uma recompensa total de 12,572 LTC (equivalente a US$ 1.119) como pagamento por seu trabalho realizado.

Foi também a ViaBTC responsável por minerar o primeiro bloco pós-halving. Para isso ela recebeu um total de 6,294 LTC (US$ 560,13), considerando o novo subsídio — cortado pela metade — de 6,25 LTC, mais 0,044 LTC em taxas.

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Visualização do primeiro bloco pós-halving na blockchain da Litecoin.
(Blockchain da Litecoin, por litecoinspace.org)

Com uma diferença de quatro minutos entre os dois blocos, os mineradores de Litecoin como a ViaBTC viram sua recompensa financeira ser reduzida em 50% para a realização do mesmo trabalho computacional, de geração de hashes.

No momento, a rede da Litecoin possui 769 TH/s, onde um terahash (TH) é igual a um trilhão de hashes. A rede atingiu sua máxima histórica no dia 30 de julho, para 826,44 TH/s.

A ViaBTC é a maior pool de mineração da Litecoin, responsável pela descoberta de 32,84% de todos os blocos minerados na rede em um ano, segundo o LitecoinSpace. Ela recebeu um terço de todas as recompensas pagas aos mineradores da rede no período.

(Distribuição de pools de mineração da Litecoin, por litecoinspace.org)
(Distribuição de pools de mineração da Litecoin, por litecoinspace.org)

Já no Bitcoin (BTC), a empresa está em um pool de mineração responsável por 8,73% de toda a hashrate da rede no mesmo período, segundo o mempool.space.

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O que dizem os especialistas sobre o halving da Litecoin

Consultados pelo Portal do Bitcoin, dois especialistas — João Paulo, fundador da Nox Bitcoin e Marcel Pechman, analista de criptomoedas — concordam que o halving a princípio não deve representar um evento de preço relevante para a Litecoin e para o mercado como um todo.

João Paulo explica que a possível consequência mais relevante e pouco comentada sobre este evento pode acontecer, não na Litecoin, mas na Dogecoin (DOGE), memecoin líder de mercado.

“Litecoin provê a segurança de outra moeda, a Dogecoin”, conta o CEO da Nox Bitcoin. “Tem um processo chamado merged mining, em que a mineração das duas redes é feita em conjunto”.

O empresário acredita que DOGE está vivendo um momento de mercado interessante por conta de Elon Musk e do re-branding do Twitter para X. Trata-se de algo que poderia criar dinâmicas de preço também interessantes na memecoin, agora com o halving na “rede irmã de mineração”.

Já o analista brasileiro, Marcel Pechman, especialista em criptomoedas e Bitcoin, acredita que os movimentos de preço da Litecoin estão mais relacionados com a expectativa do halving do Bitcoin do que com sua própria redução de subsídio de bloco.

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“É provável que o próprio desempenho de preço da LTC já tenha sido influenciado pela expectativa no halving do Bitcoin”, explica Pechman. “O halving do Bitcoin afeta o humor de todo o mercado cripto, e algumas altcoins, historicamente, tendem a saltar antes tentando antecipar o movimento.”

Alta da Litecoin (LTC)

De qualquer forma, os investidores parecem não ter muito a reclamar do desempenho recente de Litecoin. Há poucas semanas, reportagem do Portal do Bitcoin já mostrava que LTC tinha valorização acumulada de 90% nos últimos 12 meses. No mesmo período, foi registrada uma variação positiva de 145% entre os valores mínimos e máximos do ativo digital, a US$ 46 e US$ 114, respectivamente.

Uma reportagem da agência de notícias Bloomberg afirma que LTC foi um dos criptoativos que obteve melhor desempenho no período de 12 meses e trabalha com a hipótese de que isso poderia oferecer pistas sobre o que pode acontecer com o Bitcoin (BTC) nos próximos meses, em antecipação ao seu próprio halving.

Recentemente, a nova corretora de criptomoedas, EDX Markets, exclusiva para investidores institucionais, anunciou que ofereceria apenas quatro criptoativos em sua plataforma: Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Litecoin (LTC) e Bitcoin Cash (BCH).

O que é o halving?

Quando Satoshi Nakamoto decidiu criar o “Bitcoin, um sistema de dinheiro eletrônico ponto a ponto”, ele precisou decidir como faria a distribuição das moedas deste sistema. “Quem receberia”, “quanto receberia” e “com que frequência receberia” eram perguntas que precisavam ser respondidas.

Leia também: Falta um ano para o evento que pode catapultar o preço do Bitcoin

O criador do Bitcoin resolveu o quebra-cabeça através da mineração que, ao mesmo tempo que executaria a função de manter a segurança da rede através do Proof-of-Work, também recompensaria estes “trabalhadores” com a distribuição programada da moeda, segundo o “trabalho” que pudesse ser “provado” (prova de trabalho, traduzindo proof of work).

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Desta forma, ficou estabelecido que: a cada bloco descoberto e acrescentado à blockchain, o minerador liberaria para si uma quantidade em BTC chamada coinbase.

Apesar de ser considerado um evento quadrienal (de quatro em quatro anos), o halving possui uma cronologia diferente da medida pelas fases da lua no calendário gregoriano. Ele é medido por blocos confirmados na blockchain.

Satoshi Nakamoto programou o código do Bitcoin para que a quantidade de moedas liberadas em cada bloco através da coinbase fosse reduzida pela metade sempre que 210.000 blocos tivessem sido minerados.

A “redução pela metade” é o que chamamos de halving (tradução literal do inglês).

Algo semelhante acontece no halving da Litecoin (LTC). Programado para ocorrer a cada 840.000 blocos — o que também equivale à cerca de quatro anos, considerando que cada bloco de Litecoin é minerado aproximadamente a cada 2,5 minutos.

Tanto o Bitcoin quanto a Litecoin são programados para encerrar a produção de novas moedas quando atingirem o supply de cerca de 21 milhões, após realização do último halving, que cortará o subsídio de bloco para zero.