Organizado pela entidade que representa os mais tradicionais bancos do Brasil, o evento Febraban Tech teve a edição desse ano marcada pela participação de empresas web3. Trocando em miúdos: o mercado financeiro tradicional e os players institucionais finalmente parecem encarar de igual para igual as criptomoedas.
Um exemplo disso é o fato de que, no cenário principal do evento – que era dividido em três palcos -, um dos espaços falou apenas de sobre o mercado de criptoativos na quarta-feira, dia 28.
Por lá passaram executivos de bancos de grande porte como Santander, Grupo Citi, Bradesco, Itaú e BTG – além de representantes do Banco Central e CVM – para debater se a economia tokenizada já é uma realidade. O Mercado Bitcoin (MB) foi uma das empresas criptonativas que participou desses painéis.
Nos corredores era possível encontrar grandes estandes de gigantes da tecnologia como IBM, Microsoft, Google, Embratel, Vivo e Huawei. Ao mesmo tempo, no entanto, também foi possível ver que empresas 100% focadas em criptomoeda e blockchain estão se integrando naturalmente na paisagem do mercado financeiro brasileiro.
Segundo a organização, a Febraban Tech bateu seu recorde de público em 2023, com quase nove mil pessoas durante os três dias de evento.
Uma das empresas web3 com grande presença no evento foi a Fireblocks, companhia que fornece estrutura de Wallet-as-a-Service e infraestrutura cripto para que empresas do mercado tradicional ofereceçam produtos web3 para os clientes.
Jorge Borges, diretor de vendas para América Latina da Fireblocks, disse ao Portal do Bitcoin que a diferença da presença de cripto no evento é evidente: “A pauta já estava relevante ano passado nos painéis, mas esse ano temos uma abertura maior, com mais players participando, expondo, e a pauta de ativos digitais ainda mais aprofundada”, disse.
Nascida em Israel e com sede nos Estados Unidos, a Fireblocks tem como clientes empresas do mercado tradicional. Esse cenário – um pé em cada lado da cerca – permite uma análise sobre como está o mercado cripto em 2023 após um bearmarket duro no ano passado.
“Nós tivemos durante dez anos um mercado pautado em crypto trading, que já está consolidado. E em 2022 vimos duas novas vertentes se abrindo: finanças tradicionais e web3”, diz Borges.
O executivo afirma que ambos são segmentos que ainda não têm volume transacional e buscam casos de uso, mas que são mercados em crescimento.
“O mercado tradicional quer primeiro validar a tecnologia e pensar em casos de uso que fazem sentido.. E a Web 3 está quente, tem muita coisa sendo desenvolvida, que é o futuro da relação com a internet, mas também são muitos pilotos, buscando casos de uso disruptivos para ter esse impacto lá na frente. As duas coisas irão convergir”, analisa.
“Ambiente regulatório perfeito”
Quem também marcou presença foi a Parfin. Empresa brasileiro de Crypto-as-a-Service que tem a XP como cliente (fornecem a infraestrutura da Xtage), a companhia está profundamente envolvida no projeto do Banco Central do Real Digital: faz parte oficialmente do consórcio com a TecBan e Banco da Amazônia e fornecem infraestrutura para outros quatro projetos.
Marcos Viriato, CEO da Parfin, afirmou em entrevista ao Portal do Bitcoin que a aprovação da Lei das Criptomoedas e o decreto apontado o Banco Central como fiscalizador criou um “ambiente regulatório perfeito”. Mas analisa que deve demorar de seis a doze para o mercado se adaptar.
“Tem muito banco e instituição que fala: ‘Não faço porque não é regulado’. A partir do momento que é e todo mundo começa a fazer, gera um FOMO [‘medo estar perdendo algo’, na sigla em inglês] de precisar fazer, senão meu cliente vai olhar outra instituição”.
Em março deste ano, a Parfin anunciou o lançamento da sua blockchain própria, a Parchain. A blockchain será compatível com o Ethereum Virtual Machine (EVM), o que lhe permitirá rodar contratos inteligentes e ser usada para projetos de tokenização, CBDCs, stablecoins e DeFi permissionado.
A Parfin foi uma das empresas convidadas a falar na CPI das Pirâmides Finaceiras para explicar como funciona o mercado de criptomoedas. Viriato disse que ainda não sabe como essa situação irá se desenrolar e que ficou sabendo pela imprensa do convite.
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