Um monte de moedas de bitcoin em mesa em que homem mexe no celular
(Shutterstock)

A empresa de contabilidade Ernst & Young negou estar por trás da movimentação de fundos transferidos por engano há três anos para carteiras frias inacessíveis associadas à QuadrigaCX, a infame exchange cripto canadense que perdeu US$ 190 milhões em criptomoedas de usuários antes de seu CEO morrer em circunstâncias misteriosas.

No dia 19 de dezembro, o pesquisador ZachXBT sinalizou uma movimentação de 104 Bitcoins (cerca de US$ 1,7 milhão) divididos em cinco carteiras frias, grande parte tendo como destino a carteira de privacidade Wasabi.

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Esses bitcoins estavam inativos há mais de três anos, uma vez que os funcionários da exchange em colapso “inadvertidamente” enviaram os BTCs para essas carteiras sob supervisão da EY. 

A empresa de contabilidade é a autoridade apontada pelo Tribunal e a Administradora de Falências responsável por supervisionar o desenrolar da agora extinta exchange cripto, e também está encarregada de recuperar fundos imobilizados. 

Não estava claro anteriormente se as carteiras ainda estavam ativas, e ainda não está claro quem poderia ter movimentado recentemente esses bitcoins. A Ernst & Young negou qualquer envolvimento na movimentação dos fundos.

Em uma declaração na terça-feira, a empresa disse que, embora “tenha trabalhado com a administração e outros departamentos para recuperar os Bitcoins transferidos para essas carteiras”, as “chaves privadas associadas às carteiras frias não foram localizadas, apesar de uma revisão detalhada.” 

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“Os Bitcoins bloqueados permaneceram dentro das carteiras frias da Quadriga até 16 de dezembro de 2022, antes do início das transferências não autorizadas”, acrescentou. “A Administradora confirma que não foi ela quem iniciou as transferências.”

Contatada para comentar o assunto, a EY ainda não ofereceu nenhuma pista sobre quem pode ter movimentado os Bitcoins na segunda-feira e como eles foram enviados por engano para as carteiras frias em 2019. 

O que aconteceu com a QuadrigaCX

A QuadrigaCX fechou abruptamente em fevereiro de 2019, deixando milhões em fundos de clientes retidos em carteiras frias offline aparentemente inacessíveis. O falecido CEO da exchange, Gerald Cotten, era o único responsável pela movimentação de fundos offline — um procedimento de segurança conhecido como “armazenamento frio” — mas os endereços das carteiras frias aparentemente eram conhecidos apenas por ele. 

A empresa de contabilidade Ernst & Young foi posteriormente nomeada para tentar recuperar as perdas em nome dos clientes. Anunciou semanas depois a transferência equivocada de 103 Bitcoins da exchange, então no valor de cerca de US$ 500 mil, para cinco carteiras frias QuadrigaCX diferentes que alegou não poder acessar. 

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Investigadores amadores conseguiram encontrar cinco carteiras que receberam aproximadamente a mesma quantia — 104.335 Bitcoins, movida na terça-feira — por meio de várias pequenas transações.

Um suposto cúmplice de Cotten, Michael Patryn, que ressurgiu em fevereiro de 2022 sob o pseudônimo 0xSifu como parte do projeto DeFi Wonderland, disse em resposta às descobertas de ZachXBT esta semana, que os fundos foram transferidos por um funcionário da QuadrigaCX, “Alex”, agindo sob instruções da EY.  

“Eles alegaram ter perdido acidentalmente os fundos, enviando-os para carteiras extintas. Agora, de repente, os valores estão sendo movimentados novamente”, disse Patryn, questionando por fim a competência da equipe da QuarigaCX.

O fechamento repentino da exchange e a morte de Cotten na Índia em 2019 foram objeto de múltiplas investigações e especulações frenéticas. Inquéritos oficiais e vários jornalistas acabaram descobrindo que os fundos desaparecidos não estavam em grande parte presos em carteiras frias, mas tinham sido jogados fora propositalmente por Cotten, que operava a exchange como um esquema Ponzi e um cofrinho pessoal. 

A exchange ficou detida no Tribunal de Falências canadense por vários anos.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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