Yosuke Matsuda, presidente da Square Enix, a desenvolvedora japonesa por trás de videogames como Final Fantasy e Kingdom Hearts, focou firmemente em tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) e na tecnologia blockchain.
“Considero 2021 não apenas como ‘Metaverso: Ano Um’, mas também como ‘NFTs: Ano Um’, dado que foi um ano em que NFTs foram alvo de muita empolgação por uma base de usuários em rápida expansão”, disse Matsuda em uma Carta de Ano-Novo.
O presidente também atribuiu grande parte do dinamismo do metaverso à “sofisticada tecnologia blockchain” antes de reiterar a mudança na estratégia da Square Enix para atender esse novo meio ambiente.
“Para abordar essas mudanças em nosso ambiente comercial, a estratégia comercial a médio prazo que apresentamos em maio de 2020 identificou IA [inteligência artificial], nuvem e jogos blockchain como novos domínios nos quais devemos focar nossos investimentos”, disse, acrescentando que Square Enix está “agressiva” na pesquisa e no desenvolvimento desses setores.
O anúncio não sugere que esta seja a primeira vez que a Square Enix foca na união entre blockchain e jogos.
Em novembro de 2021, a empresa de jogos havia sinalizado sua intenção de explorar o setor de NFTs ao oferecer aos clientes colecionáveis e videogames blockchain. Em março de 2020, a desenvolvedora japonesa também investiu no The Sandbox, criado no blockchain Ethereum.
O futuro dos jogos?
De acordo com Matsuda, existe um contraste fundamental entre jogos tradicionais e jogos blockchain.
“Jogos tradicionalmente se envolviam em um fluxo unidirecional onde criadores, como nós, forneciam um jogo para clientes que os jogavam”, explicou.
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“Em contrapartida, jogos blockchain, que surgiram em sua infância e estão, neste momento, entrando em uma fase de crescimento, são desenvolvidos sobre a premissa de uma economia de tokens e, assim, possuem o potencial de permitir um crescimento autossustentável do jogo”, acrescentou.
Matsuda também reconheceu a perceptível tensão entre gamers ou as pessoas que “jogam para se divertir”, segundo Matsuda, e aqueles que “jogam para contribuir”.
Essa demografia se refere às pessoas que jogam para “ajudar a tornar o jogo mais empolgante”, afirmou.
“Jogos tradicionais não ofereceram incentivos explícitos para esse último grupo de pessoas, que é motivado apenas por sentimentos pessoais e inconsistentes como boa vontade e espírito voluntário”, acrescentou.
No entanto, esse cenário pode mudar em 2022 – pelo menos se Matsuda têm algo a dizer sobre isso. “Ao criar economias de tokens viáveis em nossos jogos, iremos permitir o crescimento autossustentável de jogos”, argumentou.
Blockchains e a indústria de jogos
Apesar do entusiasmo de Matsuda, houve uma contínua controvérsia entre a tecnologia blockchain, defensores de NFTs e a indústria tradicional de jogos.
Antes do Natal, a Ubisoft disse que iria continuar com sua iniciativa de NFTs em videogame apesar de enormes críticas de seus fãs. A Ubisoft chamou NFTs de “uma grande mudança” para entusiastas de videogames.
No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre a GSC Game World, que abandonou seus planos pré-existentes de incorporar NFTs a seu futuro jogo S.T.A.L.K.E.R. 2.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.