Imagem da matéria: Dicas para não cair em golpes de falsos projetos Defi
(Foto: Shutterstock)

O setor de Finanças Descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) oferece muitas oportunidades para ganhar dinheiro com projetos de criptomoedas e tokens atrelados a diversos produtos, como games, obras de arte e metaverso. No entanto, este novo universo repleto de aplicativos que simulam bancos ou corretoras tradicionais, porém sem intermediários, o investidor leigo e até mesmo os mais experientes estão sujeitos a caírem em golpes.

O Portal do Bitcoin mostra nesse artigo alguns golpes já conhecidos no mundo descentralizado das criptomoedas e traz dicas de especialistas que podem ajudar o novo investidor a evitar as ciladas.

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Antes, porém, vamos ao conceito de DeFi e os tipos de golpes mais conhecidos no mercado cripto.

O que é DeFi

Ao contrário do sistema financeiro tradicional, as DeFis não dependem de corretoras ou bancos, pois possuem um sistema autoexecutável que funciona por meio de contratos inteligentes (smart contracts, em inglês) em redes blockchain. Esses contratos, também chamados de ‘protocolos’, circulam em corretoras descentralizadas (DEX, na sigla em inglês).

Entre as DEXs mais populares são Uniswap, Pancakeswap e Binance Smart Chain, que podem ser acessadas, por exemplo, como uma carteira Metamask. Mas existem dezenas delas.

Os contratos inteligentes sempre estão atrelados a algum ativo criptografado para obter liquidez, geralmente por meio de captação de Ethereum e Binance coin, necessária para o lançamento do produto — que pode ser um ecossistema de metaverso, por exemplo. Logo, se o projeto vingar, o investidor vai lucrar com o aumento do preço do ativo. Muitos projetos deram certo dessa forma.

Mas essa estrutura também é trilhada por golpistas que inflam artificialmente o preço do ativo para captar fundos e então sumirem do mapa.

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Tipos de golpes DeFi

  • O golpista rouba toda a liquidez da DEX;
  • O desenvolvedor do protocolo manipula a função “approve” do contrato inteligente para que o detentor da criptomoeda não consiga vender; 
  • O criador do projeto rouba o investor antes mesmo de emitir um ativo, após arrecadar fundos com uma oferta inicial de criptomoeda (ICO, na sigla em inglês);
  • O hacker explora uma falha no protocolo e rouba todo o fundo que encontrar.

Vale lembrar que até mesmo bons projetos — inclusive endossados pela comunidade cripto e também por especialistas no assunto — podem conter alguma falha e abrir dúvidas para golpe. Um exemplo é o recente caso da Terraforms, que deixou muitos experts de queixos caídos, com a queda da criptomoeda Terra (LUNA) e da stablecoin TerraUSD (UST).

O projeto da Terraforms, criado pelo sul-coreano Do Won, falhou ao tentar usar algorítimos para controlar pefeitamente o preço de um ativo. Mas isso funcionou até poucos dias atrás, quanto todo o ecossistema entrou em colpaso.

Em DeFi, “o risco é todo nosso”

“[Eles] têm redes sociais? Os criadores do protocolo já estiveram em outros projetos?”. As frases são de Viviana Maria Schwengber, trader da Mercado Bitcoin, que foi procurada pela reportagem para comentar o assunto e dar dicas de alertas para os leitores.

Schwengber alerta que, se no caso for um token, é possível ver se ele está listado em plataformas como Coinmarketcap ou Coingecko. No caso de ser um protocolo, é importante saber quem está por trás de sua criação. “Podem consultar no LinkedIn”, explicou.

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“Eu entendo que as pessoas não querem ficar de fora das novidades do mercado — e não podem. Não dá  pra gente perder a oportunidade de rentabilizar mais, mas a gente precisa tomar alguns cuidados”,  ressaltou a especialista em trading.

Como tudo ainda está no começo, existem alguns bugs que hackers podem se beneficiar, como, por exemplo, na modalidade de empréstimo descentralizado, explica. “Muitos usuários perderam as criptos que colocaram como garantia”.

Outro ponto é sobre o que foi investido no projeto. Segundo Schwengber, todo projeto precisa de uma capital inicial: “Uma dica boa é tentar ver se já tem uma lista de investidores e quem são eles, e se a equipe não detém muito dos tokens. Trata-se de um ponto importante, “porque eles podem usar esses tokens tanto para consumir quanto manipular o preço”.

Schwengber concluiu:

“Essa operação não tem intermediário, então você vai estar se expondo ao mundo descentralizado e que está começando. Por isso que as chances de lucros são maiores, assim como os riscos. Não adianta também depois tentar recorrer às autoridades do sistema financeiro tradicional, pois sem um intermediador o risco é nosso”. 

“Se parece bom demais para ser verdade é que provavelmente não é”

Em se tratando de protocolos DeFi, “sempre tem as red flags (bandeiras vermelhas)”, comentou Lucas Pinsdorf, especialista em novos negócios do Mercado Bitcoin, que não hesitou em citar a velha máxima: “se parece bom demais para ser verdade é que provavelmente não é”.

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Ele citou como exemplo um projeto completamente anônimo ou muito novo, que não possui um histórico de mercado para se saber o que ocorreu com ele antes, ou que não se consegue identificar nenhuma das pessoas envolvidas no projeto:

“Pessoas que ajudam o protocolo a se desenvolver, que fundaram ou lançaram o código inicial e que você não consegue achar o LinkedIn ou o Twitter, por exemplo”.

Uma outra coisa, continuou Pinsdorf, são os muitos incentivos de “ganhe com esse protocolo”. Segundo ele, isso geralmente tem algumas críticas. “Por exemplo, o cara acaba de lançar o protocolo e ele fala ‘60.000% ao dia’. Então você questiona o quanto isso é sustentável e quanto faz sentido para uma coisa que deveria ser sólida no final do dia. Então pode ser um golpe, porque golpes têm todas essas coisas”, disse o especialista. E acrescentou:

“Se tem [indícios], geralmente é bom ficar mais esperto, mais cauteloso, sempre entrar em rede social porque às vezes já tem gente que está lá reclamando [do protocolo]: ‘depositei aqui, onde está meu fundo’”.

Pinsdorf também sugere buscar saber se alguma empresa de segurança reconhecida no mercado já fez uma auditoria do contrato inteligente. No entanto, explicou, “por mais que você tenha essas empresas fazendo [a auditoria] também não é isento de risco, mas melhora bastante — porque você reduz um monte de vetor conhecido de ataque”.

Pinsdorf sugere ainda que, na dúvida, o investidor que quer fazer uma troca, deve procurar por DeFis que já estão no mercado há alguns anos, como Waves e Compound.

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“Também não isenta, mas o risco é bem menor… E deixa para se aventurar em protocolos mais experimentais quando entender um pouco mais do que é ou não é algo confiável”, concluiu.

Golpes de Rug Pull em protocolos DeFi

A aceleração do setor DeFi, proveniente do hype de jogos NFTs (sigla em inglês para ‘Tokens não fungíveis’), tornou-se um espaço perfeito para golpistas explorarem a falta de conhecimento dos investidores. Um dos golpes mais aplicados ultimamente ficou mundialmente conhecido como Rug Pull (ou puxão de tapete, em português).

O golpe de rug pull nada mais é que o abandono de um projeto pelo seu criador depois de ter arrecadado fundos de investidores. O fenômeno, no entanto, é apenas uma vertente de outros golpes conhecidos, mas com uma nova isca, as criptomoedas. 

Um dos casos mais conhecidos foi o da criptomoeda meme Squid Game (SQUID), que ocorreu após o hype da série da Netflix ‘Round 6’, lançada em setembro de 2021. 

O token SQUID surgiu do nada em 26 de outubro valendo US$ 0,02,  alcançou US$ 90 na madrugada do primeiro dia de novembro e caiu a zero quatro horas depois. Ou seja, em menos de uma semana o plano de puxada de tapete foi executado.

Outro caso famoso é o da OneCoin, uma moeda que nunca existiu — ou seja, o projeto nunca saiu do papel. E a criadora fo golpe, a búlgara Ruja Ignatova, ‘levou pra casa’ US$ 5 bilhões dos investidores e até hoje não foi encontrada.

Thodex, foi outro. Em 2021, na Turquia, um rug pull de 356 milhões de liras turcas (cerca de US$ 24 milhões) foi aplicado por meio da exchange de criptomoedas. No começo daquele ano, o site da empresa saiu do ar e seu fundador desapareceu, passando a fazer parte da difusão vermelha da Interpol.

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