Membro da CPI das Pirâmides Financeiras, o deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL) propôs um requerimento publicado nesta quarta-feira (21) para que Guilherme Haddad Nazar, diretor-geral da corretora Binance no Brasil, seja convocado a depor na condição de testemunha. O executivo é sobrinho do atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O requerimento feito pelo deputado ainda precisa ser votado pelos demais integrantes da CPI. A próxima sessão da comissão, segundo anunciado pelos deputados, deve ocorrer na terça-feira (27).
Nas justificativas para o requerimento, o deputado aponta que a Binance enfrenta problemas com órgãos reguladores nos Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, Reino Unido e Brasil.
O parlamentar também lembra que a empresa está sendo investigada no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por supostamente oferecer produtos do mercado de derivativos sem autorização – essa investigação CVM teve como motivação para ser reaberta uma reportagem do Portal do Bitcoin.
Além disso, o deputado aponta que as pirâmides Ever Operações e Investimentos e a Braiscompany usavam a Binance para movimentar seus bens.
“Portanto, podemos deduzir que a Binance está imbricada inteiramente com a motivação desta CPI e se torna fundamental compreender sua atuação no país, sua relação com a B Fintech (sua representante oficial), bem como sua ligação com empresas que respondem judicialmente por lesarem consumidores brasileiros”, afirma.
Quem é Guilherme Haddad Nazar
Guilherme Haddad Nazar foi colocado no posto de diretor-geral da Binance no Brasil no final do ano passado. Nazar já trabalhava na Binance como country manager desde setembro de 2022.
Antes de assumir a liderança das operações da corretora no Brasil, ele atuou como vice-presidente e general manager da Loft, empresa de tecnologia para o setor imobiliário. Até fevereiro de 2020, Nazar também trabalhou como chefe de operações do Uber no Brasil.
Ele é o segundo executivo que a Binance contrata com passagem no Uber desde a contratação de Daniel Mangabeira para o cargo de head de operações da Binance na América Latina.
O cargo estava vago desde julho de 2021 quando o executivo Ricardo Da Ros pediu demissão após ficar seis meses no cargo. Na ocasião, ele escreveu um comunicado em seu perfil do Linkedin no qual disse que ter havido “um desalinhamento de expectativas” sobre seu papel na empresa e que havia tomado a decisão de acordo com seus valores pessoais.
Binance diz que ajudou autoridades em casos da GAS Consultoria e Braiscompany
Por meio de nota, a Binance diz esperar que participem da CPI todas as exchanges e instituições financeiras que guardarem relação com o tema da Comissão.
“Considerando que golpistas operam em diversas exchanges simultaneamente, a Binance é a exchange que mais tem ajudado autoridades nas investigações e vítimas a recuperarem seu dinheiro, oferecendo constante e imediato suporte às agências e autoridades de aplicação da lei”, afirma a empresa.
A corretora afirma que ajudou a Polícia Federal na investigação de Glaidson Acácio dos Santos, criador da GAS Consultoria e conhecido como Faraó do Bitcoin.
“Outro exemplo é a Braiscompany: embora os promotores federais tenham nomeado várias exchanges envolvidas no esquema, a Binance foi a única entidade reconhecida pelas autoridades por ajudar em seus trabalhos de investigação”, diz a empresa.
Donos das MSK entram na mira
Outro membro da CPI, o deputado Júnior Mano (PL/CE) propôs um outro requerimento para que os líderes da pirâmide MSK Invest sejam convocados na condição de investigados pa prestar esclarecimentos sobre a empresa.
Carlos Eduardo de Lucas e Glaidson Tadeu Rosa são os nomes no requerimento e o deputado afirma que recebeu e-mail de vítima pedindo que eles fossem convocados e afirmando que são mais de 4 mil pessoas lesadas pela pirâmide.
Em janeiro deste ano, os líderes da MSK Invest foram indiciados pela Polícia Civil de São Paulo pela prática de diversos crimes.
Na denúncia enviada ao Ministério Público de São Paulo ao qual o Portal do Bitcoin teve acesso, os líderes da MSK Invest são acusados de formação de organização criminosa, pirâmide financeira, lavagem de dinheiro, estelionato, falsidade ideológica, publicidade falsa ou enganosa.
A MSK Invest dizia investir em criptomoedas, captava dinheiro prometendo retornos fixos por mês e incentivava as pessoas a reinvestirem o dinheiro que achavam estar ganhando. Porém, parou de pagar todos em dezembro de 2021.
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*Texto alterado às 9h44 do dia 21 de junho de 2023 para acrescentar posicionamento da Binance