Imagem da matéria: Polícia Civil de SP usa ferramenta para rastrear Bitcoin da MSK e indicia líderes da pirâmide financeira
Msk Invest

Os líderes da MSK Invest, empresa que prometia ganhos fixos de 5% por meio de investimentos em criptomoedas antes de dar calote nos investidores, foram indiciados pela Polícia Civil de São Paulo pela prática de diversos crimes.

Na denúncia enviada ao Ministério Público de São Paulo na quarta-feira (18) ao qual o Portal do Bitcoin teve acesso, os líderes da MSK Invest são acusados de formação de organização criminosa, pirâmide financeira, lavagem de dinheiro, estelionato, falsidade ideológica, publicidade falsa ou enganosa. 

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Para o delegado responsável pelo caso, José Mariano de Araujo Filho, há indícios suficientes de atividade criminosa para o indiciamento de seis pessoas ligadas a MSK Invest: Carlos Eduardo de Lucas, Glaidson Tadeu Rosa, Fernando Fernandes Gomes, Christian Jardiel, José Carlos de Lucas, Vanessa Dalcoquio, José Benedicto Rosa, Cristiano Joaquim da Silva e Paulo Teixeira de Sousa. 

“Constatou-se que as seguintes empresas estariam envolvidas num esquema de pirâmide financeira no qual milhares de vítimas se viram privadas de seus investimentos. Mencionado esquema criminoso oferecia o pagamento de taxas fictícias para valores investidos, sob a alegação de se tratar de aplicações em criptomoedas”, diz trecho da denúncia.

Investigação na blockchain

Para rastrear o Bitcoin e demais criptomoedas da MSK, a polícia contratou uma investigação on-chain da empresa especializada na área, Chainalysis

O que a investigação descobriu foi que, durante algum tempo, o grupo usou o dinheiro dos clientes para negociar em pelo menos seis corretoras de criptomoedas, como Blockchain.com, Binance, Bitmex, Bitfinex e Huobi e Mercado Bitcoin.

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“No decorrer do tempo, a MSK e as empresas e pessoas ligadas a mesma acabaram sendo proibidas de comercializar criptomoedas com o Mercado Bitcoin por constatação de fraude financeira, o que justificou a liquidação das contas em nome da mesma”, esclarece o inquérito.

Quando foram banidos da corretora brasileira, o grupo recorreu às plataformas internacionais. Neste momento, o que faziam era captar valores das vítimas para comprar criptomoedas, que eram então comercializadas em nome de empresas de fachada. Segundo o indiciamento, isso configura um esquema de lavagem de dinheiro, onde o destino dos valores é totalmente desconhecido.

Não se sabe exatamente o tamanho da fraude. No indiciamento enviado para o Ministério Público nesta semana, constam dois valores muito diferentes para estimar quanto dinheiro tinham os criminosos, indo de US$ 1 milhão a US$ 1 bilhão.

Além disso, a polícia também afirma ter encontrado planilhas que demonstram ganhos periódicos da ordem de R$ 2 milhões pelos sócios da MSK.

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O indiciamento também aponta as estratégias usadas pela empresa ao longo do tempo para desviar a atenção das autoridades, tal como o processo de recuperação judicial “que se revelou apenas num artifício para ganhar tempo e desviar o foco e também a negociação na esfera administrativa junto ao PROCON, que permitiu que aquela empresa ganhasse tempo e consolidasse o desvio de valores”.

Próximos passos

De acordo com o advogado especialista em criptomoedas Pedro Torres, o indiciamento dos líderes da MSK Invest significa que o delegado responsável pelo caso considerou como concluída a fase de coleta de elementos probatórios da investigação. 

Após isso, o procedimento é encaminhado ao Ministério Público, que terá três opções: formalizar a acusação por meio da denúncia dos indiciados, solicitar que a autoridade policial realize mais investigações ou arquivar o caso.  

Já para os investidores lesados pela MSK, o indiciamento é um passo importante.

“Primeiro pelo aspecto pessoal, já que temos um posicionamento assertivo da Polícia acerca do que aconteceu, de quem são os responsáveis de qual era seu modus operandi da empresa. Em aspectos mais práticos do ressarcimento dos valores, a evolução natural do procedimento investigativo nos permite aumentar a quantidade de pessoas que podem responder judicialmente, nos fornece mais uma prova contra os integrantes da empresa para levar para o Juízo cível, além de nos permitir ter uma noção mais precisa do patrimônio dos indiciados”, explica o advogado.

Ele acrescenta que o fato da Polícia Civil ter procurado o apoio da Chainalysis para rastrear as criptomoedas do grupo “mostra que as autoridades brasileiras estão ficando mais maduras intelectualmente acerca da sistemática cripto, percebendo que a criminalidade também migrou para o meio digital e que é necessário se manter atualizado com as melhores práticas disponíveis no mercado”. 

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Relembre o caso

A MSK Invest dizia investir em criptomoedas, captava dinheiro prometendo retornos fixos por mês e incentivava as pessoas a reinvestirem o dinheiro que achavam estar ganhando. Porém, parou de pagar todos em dezembro de 2021.

A Justiça de São Paulo determinou no dia 20 de dezembro de 2021 o bloqueio de R$ 100 mil da empresa. A decisão foi do juiz Fábio Henrique Falcone Garcia, que apontou indício de má-fé e de tentativa de não cumprir com os contratos na postura da empresa.

Além disso, o juiz Luiz Antonio Carrer foi outro que disse haver indícios de que a MSK Invest, empresa que dizia operar com criptomoedas, seja uma pirâmide financeira e de que um mesmo uso de CNPJs é na verdade a prática de um golpe financeiro.

O magistrado também acolheu liminar de uma cliente e determinou o bloqueio de dinheiro na conta da empresa.

No dia 22 de dezembro, o Procon de São Paulo disse que iria acionar a MSK Invest e seus sócios no campo criminal e administrativo. A informação foi divulgada pelo presidente do órgão, Fernando Capez.

“A empresa [MSK] enganou diversos investidores prometendo juros de 2% a 5% em aplicação no Bitcoin. E adivinhe? Não pagou ninguém”, disse o procurador em vídeo.

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