“É pirâmide”, disse o delegado William Garcez após concluir o inquérito sobre a investigação da Unick Forex, empresa que prometia lucros diários e está com os pedidos de saques atrasados. Garcez enviou o inquérito para a Polícia Federal e seis pessoas já foram indiciadas, reportou o NH na segunda-feira (23).
De acordo com o delegado, os indicados, que não tiveram os nomes revelados, são os que “lideravam o esquema”, praticando e promovendo as atividades na cidade de Crissiumal onde, em fevereiro deste ano, foi fechado um escritório da Unick.
Segundo a reportagem, Garcez ainda relembrou que na ocasião da representação do caso ao judiciário, ele havia descrito aquela atividade como crime contra a economia popular por meio de pirâmide financeira.
Ele detalhou:
“É pirâmide. Iam colocando mais gente para dar mais lucro. Depois se evidenciaram mais delitos que envolvem lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro”.
Naquela ocasião, disse o delegado, a intervenção teve como objetivo evitar que novas pessoas investissem no negócio e assim evitar novas vítimas. No entanto, contou Garcez, “mesmo assim mais pessoas foram entrando”.
Caso Unick Forex ‘ganha’ da InDeal
A condição em que a Unick se encontra perante seu clientes é muito mais complexa que o caso da InDeal, que inclusive já teve até arresto de fundos e envolvidos presos por determinação da Justiça.
Segundo o jornal, a Polícia Federal não fala sobre a investigação da Unick, mas já está no caso há sete meses usando seu serviço de inteligência para rastrear as movimentações da empresa.
Uma fonte ligada às investigações, contou o jornal, disse que o problema da Unick é muito maior, pois, ao contrário da InDeal, os diretores não teriam colocado nada no nome.
Disse também que as transações fraudulentas eram mais sofisticadas e em quantias absurdamente maiores.
Outro ponto, escreveu, seria a dificuldade no rastreamento de fundos. De acordo com a fonte, “descobrir o paradeiro e sequestrar esse patrimônio envolve complexas relações de cooperação internacional.
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Fundos da Unick no exterior
Contudo, investigações apontam que possivelmente há empresas sediadas no Uruguai onde a Unick estaria enviando dinheiro por meio de empresas offshore em paraísos fiscais. A informação é do Jornal Vale dos Sinos em publicação também nesta segunda.
Segundo a reportagem, a Polícia Federal tenta rastrear as supostas remessas bilionárias também para Luxemburgo, Belize e Panamá.
Problemas na Unick
Se de um lado a alta cúpula da Unick vai enviando dinheiro a paraísos fiscais, do outro, o que impera é o temor dos clientes de nunca mais terem o seu dinheiro de volta.
Em busca de fundos investidos, além de reclamações no Reclame Aqui, os clientes começaram a buscar seus direitos na Justiça. Até o momento já foram registrados pelo menos 12 ações — por enquanto no Rio Grande do Sul, São Paulo e Amazonas.
CVM proibiu
A empresa, que prometia lucros de 1,5% a 3% ao dia, foi proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a fazer oferta pública, mas ainda assim continuou atuando no mercado.
Após ameaça de de multas pela autarquia, a Unick afirmou que não era uma empresa de investimentos — o processo sancionador ainda está em andamento.
Além de verificar que a Unick Forex estava ofertando publicamente investimentos e captando clientes no Brasil ilegalmente, a CVM ainda encontrou indícios de atuação em pirâmide financeira.
Esse fato fez com que o órgão encaminhasse as provas para o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul. E a partir de então, a empresa passou a ser investigada pelo procurador Celso Tres que a comparou com a Telexfree.
A Unick, então, mudou de Forex para Academy. Isso, contudo, não retirou o fato de que o diretor de marketing, Danter Silva, havia antes captado clientes no Brasil para a D9 Club, uma empresa que atuava em esquema de pirâmide.