Mesmo atrasando os pagamento de clientes desde dezembro do ano passado, o dono da Braiscompany arranjou tempo e dinheiro em sua agenda para patrocinar uma partida de futebol contra a “Seleção Ronaldinho Gaúcho“. O jogo será no próximo sábado (4) na cidade de Limeira, no interior paulista, às 16h.
O cartaz da partida coloca o craque pentacampeão do mundo ao lado de Antonio Neto Ais, criador da empresa. Os ingressos para o jogo entre “Seleção Ronaldinho Gaúcho” e “Seleção Braiscompany” custam R$ 60 para lugares na arquibancada e R$ 120 para um posto na cadeira cativa. Porém, todos que comprarem de forma antecipada terão direito a pagar meia-entrada.
A pelada está sendo chamada pelos organizadores de “Jogo das Estrelas”, e diz que haverá presença de “famosos”, cantores e MCs, mas, fora Ronaldinho, não há informações sobre outros ex-jogadores e personalidades que irão participar.
Não é o primeiro encontro entre Neto Ais e Ronaldinho: em outubro de 2022, ambos jogaram no mesmo time em uma partida e o dono da Braiscompany registrou em vídeo e foto no seu Instagram. O empresário, que já se envolveu no passado com três empresas que deram calotes nos clientes, é assíduo em realizar partidas de ex-jogadores. Suas redes sociais mostram ele jogando ao lado de craques como Romário, Falcão e D’Alessandro.
Além disso, Neto Ais tirou fotos com Messi e Neymar e as compartilhou ao longo da Copa do Mundo do Catar em 2022.
Por sua vez, Ronaldinho Gaúcho tem um longo histórico de envolvimento com empresas suspeitas, muitos delas envolvendo criptomoedas. Ele promoveu a plataforma Olymp Trade, banida pela CVM; fez propaganda da World Cup Inu (WCI), criptomoeda suspeita da Copa do Mundo; atuou na publicidade da pirâmide financeira LBLV. O ex-jogador também acabou se tornando réu numa ação coletiva contra a empresa 18k Ronaldinho.
Braiscompany atrasa pagamentos
A Braiscompany, que diz ter um negócio de “aluguel de criptoativos”, tem atrasado constantemente os pagamentos aos clientes desde dezembro, esquema acusado de ser pirâmide financeira por Tiago Reis, o CEO da Suno Research.
Segundo a empresa, teria sido o lançamento do Brais App, previsto para acontecer no dia 28 de dezembro, que causou o primeiro atraso dos pagamentos no dia 20 de dezembro.
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O que chama atenção é o fato de que a Braiscompany não usa aplicativo ou um sistema interno para efetuar o pagamento dos clientes. Ao invés disso, envia os supostos lucros mensais diretamente para a carteira de bitcoin informada pelo usuário e mantida em corretoras de criptomoedas, como a Binance.
O aplicativo sequer foi lançado no dia previsto — embora a Braiscompany tenha feito uma grande festa para a ocasião, regada a champagne e atrações musicais — e segue fora do ar até hoje. Na confraternização, a empresa também anunciou a criação da sua própria criptomoeda, a Brais Token, cuja data de lançamento ainda não foi informada.
Culpa na Binance
Em uma live realizada no dia 9 de janeiro, Antonio Neto Ais, criador da Braiscompany, afirmou que os atrasos nos pagamentos que tem ocorrido junto aos clientes da empresa são culpa da corretora de criptomoedas Binance. Segundo o empresário, a corretora tem colocado travas em saques e liquidações da empresa.
“A Braiscompany vem sofrendo travas sistêmicas da Binance desde novembro. Quando tem um pedido de depósito, ela quer saber a origem do dinheiro, quer provas como prints de conversas. Isso vai contra tudo que defendemos de descentralização”, disse Neto Ais.
CVM recebe denúncia formal
As consequências parecem estar chegando para a Braiscompany. No dia 12 de janeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu uma denúncia formal contra a empresa.
Na denúncia feita pelo escritório de advocacia Cardenas Torres Advocacia, a CVM é provocada a investigar a Braiscompany, sob o argumento que a empresa faz oferta irregular de valores mobiliários nas ofertas de contrato de investimento coletivo.
Ao cometer essa infração, a empresa estaria dentro do escopo de atuação da autarquia, mesmo que descreva seu serviço como “locação de criptoativos” com o “objetivo principal de afastar a competência da CVM”, segundo a denúncia assinada pelos advogados Pedro Torres e Hector Cardenas.
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