O Bitcoin (BTC) continuou seu recente rali de preço junto com outros ativos de risco após uma desaceleração nos dados da inflação americana. O preço do bitcoin continuou a se consolidar em uma faixa, mas subiu de uma baixa de US$ 22.789 para uma alta de US$ 24.974 ao longo da semana passada.
Nesta edição, a Glassnode explora a Manopla da Maturidade, que se refere ao processo de amadurecimento das alocações de bitcoin nas carteiras de investidores.
Geralmente, intervalos mais longos de armazenamento indicam melhores chances de uma alta convicção e um dono mais insensível a custos. Após tal capitulação (desistência de ganhos pela venda de suas posições por conta da queda no preço), será caracterizado o perfil de quem vendeu e quem comprou durante a baixa.
Esse conceito também será explorado por meio da vida útil do bitcoin (duração de moedas) e dinâmicas de oferta tanto para moedas compradas recentemente como moedas armazenadas há mais tempo nas faixas de patrimônio denominadas em bitcoin e dólares.
Também será aprofundado o estudo sobre o comportamento de gastos por holders a curto e longo prazo para avaliar a propriedade de moedas conforme a poeira começa a abaixar.
🔔 Ideias de alerta serão apresentadas ao longo da análise para ajudar na identificação dos níveis de interesse que possam representar variações significativas no desempenho de mercado/rede. Qualquer membro da Glassnode pode configurar um alerta diretamente no Glassnode Studio.
Expansão ao amadurecimento
A quantidade de fornecimento que está dormente há cerca de um ano pode ser usada para entender a natureza cíclica do bitcoin por meio dos ciclos de distribuição e acumulação.
– Os ciclos de distribuição são característicos de um mercado de alta à medida que o incentivo para realizar valor aumenta para participantes com moedas armazenadas há mais tempo. Isso resulta em uma redução no fornecimento armazenado há mais de um ano conforme moedas são gastas e vendidas.
– Os ciclos de acumulação são característicos de um mercado de baixa conforme a magnitude de um possível lucro enfraquece junto com um colapso no preço. O processo de HODLing se torna cada vez mais a dinâmica principal. Isso resulta em um aumento no fornecimento acumulado há mais de seis meses.
Atualmente, o fornecimento de moedas acumuladas há mais de um ano está um pouco abaixo do recorde anterior registrado em maio, em 65%. Isso destaca a considerável confiança de compradores entre maio e julho de 2021 após a grande migração de mineradores por conta da repressão à indústria cripto na China.
O equilíbrio nos últimos três meses indica que o amadurecimento de moedas está páreo aos gastos. Isso pode ser considerado como um mecanismo positivo em um mercado de baixa.
🔔 Ideia de alerta: Se a porcentagem do fornecimento armazenado há mais de um ano ultrapassar 65,72%, seria um sinal de um novo recorde no fornecimento dormente há um ano, sugerindo uma crescente probabilidade para a formação de topo.
Esse fenômeno pode ser analisado ainda mais ao isolar moedas das faixas de duração de ondas de HODL de seis meses a três anos.
Ondas de HODL fornecem percepções sobre o volume de bitcoin armazenado por uma duração mínima, que fornece uma referência para analisar compradores do ciclo 2020-2022, pois a probabilidade é que muitos destes estejam vivenciando seu primeiro ciclo de baixa.
A faixa de seis meses a 12 meses se expandiu após a grande migração de mineradores, pois HODLers se recusaram a vender suas moedas na baixa. Esse aumento no fornecimento coincide com uma formação de fundos no fornecimento armazenado há mais de um ano.
Em um regime dominado por HODLers, o fornecimento foi capaz de amadurecer, resultando em uma ampliação da faixa de um a dois anos após a alta recorde do bitcoin registrada em novembro de 2021.
As ondas de HODL por capitalização realizada podem ser usadas para avaliar o patrimônio em dólares armazenado nessas mesmas faixas de duração.
Com essa métrica, é possível visualizar um resultado ainda mais curioso, onde o valor total em dólares mantido nesses grupos disparou em 52% — agora totalizando 63% da capitalização realizada.
– A indiferença ao preço do grupo “smart money” pode ser destacada por esse aumento contínuo, que sugere um gasto mínimo e investidores que permitem que o bitcoin amadureça independente da valorização no preço (como no recorde de novembro de 2021) e na subsequente capitulação (de maio de 2022 até agora).
– O “smart money” pode estar em uma tendência de alta estrutural, expandindo seu patrimônio em dólares em 51%, equivalente a um aumento de US$ 220 bilhões e culminando em um saldo total de US$ 267 bilhões.
– Assim, 37% do fornecimento em circulação (7 milhões de BTC) representa 63% do patrimônio em dólares na rede (com base no valor no momento da aquisição), enfatizando a relativa força econômica do grupo.
Ciclos de bitcoin são fomentados pelo saldo em constante evolução no fornecimento entre investidores a longo prazo e novos compradores especulativos.
A proporção realizada de HODL (RHODL) transforma esse conceito em um oscilador ao comparar o patrimônio em dólares de moedas compradas há uma semana a moedas já armazenadas entre um e dois anos.
– Uma alta na proporção de RHODL sugere a dominância do patrimônio em dólares armazenado por novos compradores especulativos, que é algo comum durante o auge da especulação e altas no preço do bitcoin.
– Uma queda na proporção de RHODL indica a dominância do patrimônio em dólares armazenado por moedas mais antigas, sugerindo um comportamento cada vez mais de HODLing e com pensamento a longo prazo.
– Uma faixa limitada e estável na proporção de RHODL indica que a taxa de variação entre a dominância por moedas recém-compradas ou armazenadas está equilibrada. É um período de transição, geralmente observado em torno da transição de mercado, como altas na distribuição e quedas na acumulação.
Atualmente, a proporção de RHODL está em uma forte tendência de queda, confirmando que o saldo do patrimônio em dólares continua voltando para pacientes holders de longo prazo.
O fornecimento de holders a longo prazo pode ser implementado para fornecer uma avaliação sobre o comportamento de holders que, estatisticamente, acreditam bem mais no ativo.
Perceba que o limite de 155 dias para o status de holder a longo prazo 🔵 nos traz à região de março de 2022, onde o preço passou pelo primeiro rali de alta recorde em direção ao US$ 46 mil.
Ao observar o fornecimento total do grupo de holders a longo prazo, podemos fazer duas observações:
– O fornecimento por holders a longo prazo está estável — entre 13,56 milhões e 13,27 milhões de BTC — desde o recorde em novembro de 2021, caindo em apenas 300 mil BTC.
– Desde a liquidação de LUNA em maio de 2022, holders a longo prazo passaram por uma queda contínua no fornecimento, totalizando -150 mil BTC.
Atualmente, o recente comportamento de gasto por holders a longo prazo é bem maior no volume de moedas do que o HODLing durante a zona de consolidação pré-LUNA. Isso resulta em uma queda modesta, mas observável no fornecimento armazenado.
Perceba que o fornecimento por holders a longo prazo não precisa cair absurdamente para que o grupo passe por um evento de capitulação.
Historicamente, o fornecimento por holders a longo prazo tende a ficar um pouco abaixo durante tais acontecimentos conforme os mais fracos do grupo são “expulsos” do mercado e, geralmente, equilibrados por uma acumulação mais resiliente que leva tempo para amadurecer.
Compressão e contração
É possível analisar o fornecimento em circulação do bitcoin a partir de três componentes: o fornecimento armazenado por corretoras, holders a longo prazo e holders a curto prazo.
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Corretoras continuam vivenciando uma queda macro no fornecimento armazenado e essa tendência está acontecendo desde a capitulação em março de 2020 — consequência do pânico ocasionado pela covid-19.
No acumulado do ano, saídas de capital de corretoras continuaram com uma intensidade geralmente crescente conforme o preço caiu. Isso destaca uma demanda estrutural persistente, tanto de investidores pequenos como grandes, por ativos autocustodiais e soberanos — que não precisam ser gerenciados por um intermediário, como uma corretora ou fundo de investimento.
No geral, corretoras registram uma saída líquida de capital de 100 mil BTC após a capitulação em maio de 2022, que representa 3,2% das saídas de capital totais desde o recorde em março de 2020.
Agora, é possível avaliar outros dois componentes armazenados fora de corretoras: o fornecimento por holders a longo prazo e por holders a curto prazo.
O fornecimento por holders a longo prazo registrou uma queda de -200 mil BTC desde o recorde em maio de 2022, mas continua numa faixa bem estável nos últimos 12 meses. Isso destaca uma dinâmica relativamente balanceada entre entrada/saída de capital para esse grupo.
Por outro lado, o fornecimento por holders a curto prazo continua a se expandir após uma capitulação no preço que resultou num aumento no fornecimento deste grupo de mais de +330 mil BTC.
Desde o colapso em maio da LUNA, houve uma transferência líquida de -300 mil BTC dos holders a longo prazo e de corretoras para holders a curto prazo.
Dadas as quedas no preço, essa tendência descreve um evento similar à capitulação, conforme o aumento no fornecimento por holders a curto prazo descreve a acumulação por compradores que entraram durante a expulsão de outros investidores e, agora, têm moedas com uma base de custo bem menor.
Uma divergência positiva
Essas moedas foram transferidas para o grupo de holders a curto prazo. Desde o colapso da LUNA, o fornecimento por holders a curto prazo aumentou em +330 mil BTC.
A acumulação extrema por holders a curto prazo geralmente coincide com formações de topos no mercado de alta 🔵. No entanto, poucos exemplos no mercado de baixa se destacam quando essa tendência é comparada 🔴:
– os duplos picos de entradas de capital de +300 mil BTC, que marcaram o início e o fim do fundo do mercado de baixa de 2015;
– o rali de preço entre abril e julho de 2019 que “aliviou” as quedas no mercado de baixa;
– o evento de capitulação em março de 2020;
– a liquidação em junho de 2022 ficou bem abaixo do auge de US$ 20 mil do último ciclo, com um auge de +300 mil BTC.
Geralmente, holders a curto prazo são adeptos a comprar no topo e vender na queda. Porém, o impacto distinto dos eventos descritos acima pode ser considerado como uma exceção a essa tendência.
Ambos os eventos de entrada de capital foram em resposta a extremas quedas no preço, bem como severas saídas de capital por holders a curto prazo após os ápices de mercados de alta.
Tais eventos descrevem uma transferência de moedas para novos compradores que, inicialmente, são classificados como holders a curto prazo, mas têm uma baixa base de custo, mas estão em uma posição financeira vantajosa para realizarem o HODLing a partir de então.
Após definir que esse aumento de moedas armazenadas pelo grupo de holders a curto prazo provavelmente descreve o preço mínimo no mercado de baixa, isso também é visível no saldo de fornecimento denominado em BTC para moedas mais novas (adquiridas há menos de três meses).
É possível notar picos no fornecimento em 2015 (três vezes), em novembro de 2018, março de 2020, e durante grande parte da liquidação mais recente.
De forma simultânea, esses picos no fornecimento tendem a acontecer durante as baixas macro no fornecimento de moedas mais novas. Isso sinaliza tanto uma “expulsão final” de vendedores, seguida por meses de acumulação gradual, como também o saque de moedas do mercado ativo.
O patrimônio denominado em dólares do grupo de moedas mais novas registra uma queda estrutural após a formação de topos em março de 2021.
Isso é consequência tanto do comportamento de acumulação (permitindo que moedas amadureçam), mas também da reavaliação de moedas para preços cada vez mais baratos durante o mercado de baixa.
Uma crescente diferença pode ser identificada entre o patrimônio em dólares (ondas de HODL de capitalização realizada) dos grupos mencionados acima e seu respectivo fornecimento denominado em bitcoin (ondas de HODL).
O aumento no valor denominado em BTC não foi refletido no gráfico denominado em dólares. Isso aconteceu pois, embora 300 mil BTC no volume de moedas foi transferido, seu valor realizado em dólares caiu de cerca de US$ 50-60 mil para US$ 20 mil, o que é um valor bastante menor.
Isso impulsiona o argumento de que já podemos ter visto uma considerável capitulação acontecer nos últimos meses. Porém, a responsabilidade daqui para a frente estará sobre os novos “touros”, os holders a curto prazo.
Conclusões
Nesta análise, foi avaliada a distribuição relativa do fornecimento e patrimônio tanto para moedas recém-adquiridas como para moedas já armazenadas para entender melhor a estrutura de propriedade do bitcoin.
Constatamos que o fornecimento do bitcoin passou por uma transferência considerável de patrimônio nos últimos meses, com uma capitulação ampla e observável e uma acumulação igual e oposta.
O fornecimento por holders a longo prazo registra uma queda local e modesta conforme o comportamento de gasto domina após o colapso da LUNA.
Porém, o fornecimento por holders a longo prazo continua com uma faixa relativamente estável, indicando um gasto mais contido por um subgrupo em vez de uma abrangente perda na confiança.
Em contraste, holders a curto prazo registram uma divergência entre o patrimônio denominado em bitcoin e em dólares.
Isso indica um pool de investidores que compraram na queda e, agora, possuem cerca de 300 mil BTC, adquiridos a uma base de custo bem menor. Agora, veremos se terão firmeza para holdar essas moedas.
Sobre o autor
A Glassnode é a maior provedora de dados e inteligência de blockchain que gera métricas e ferramentas on-chain para quem realmente quer entender o mercado de criptomoedas.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Glassnode.
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