Imagem da matéria: "Caíram no golpe da LBLV por causa do Ronaldinho Gaúcho", diz advogado de vítimas
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“Todos foram influenciados por Ronaldinho Gaúcho”, disse ao Portal do Bitcoin o especialista em Direito Penal Econômico Paulo Vianna, advogado do escritório Fernando Martins que representa 30 vítimas da plataforma de investimentos LBLV. Segundo ele, só os prejuízos desses clientes representam cerca de R$ 10 milhões.

A corretora LBLV, que tem como garoto-propaganda o ex-craque da Seleção, é acusada de aplicar golpes em vários investidores brasileiros. As fraudes vêm de promessas de ganhos financeiros no mercado forex — tipo de negociação proibida no Brasil.

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A LBLV também é proibida de operar no Brasil desde julho do ano passado, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitiu um stop order por captação irregular de clientes.

Ronaldinho e LBLV no MPF

Conforme o histórico de casos já mostrados pelo Portal do Bitcoin, a imagem de Ronaldinho Gaúcho sempre foi vista pelos investidores da LBLV como motivadora na hora aplicar no negócio.

Nós vamos te treinar para ganhar”, diz o jogador em um dos vídeos promocionais. Vale lembrar que Ronaldinho já teve que depor no MP de São Paulo sobre um caso de pirâmide com bitcoin e também foi citado em uma ação coletiva em Goiás.

De acordo com Vianna, todo o levantamento do caso — que contou com uma investigação minuciosa de uma empresa de inteligência do Rio de Janeiro — já está nas mãos do Ministério Público Federal (MPF) e Ronaldinho também foi citado.

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O estudo contou com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Justiça (SNJ).

Após o parecer do MPF, o próximo passo será solicitar ajuda dos departamentos de Justiça de vários países, especialmente da Interpol e da Europol.

Desvendando a LBLV

Depois que pegou o caso, Vianna disse que contratou o serviços da empresa Montax Inteligência. O objetivo era descobrir quem estaria por trás do site www.lblv.com.br, ainda no ar.

Conforme o advogado, o pedido do levantamento foi uma forma de adiantar o processo. 

“Há muito tempo não basta o advogado ingressar com a ação sem antes saber a localização dos bens e os principais atores envolvidos”, explicou.

Detalhes do estudo

O estudo, publicado no site Montax Brasil, não só revela detalhes da controversa LBLV, mas de um grupo criminoso que atua há anos.

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Trata-se de uma empresa de Israel com sede fiscal nas Ilhas Seychelles — num prédio comercial na cidade de Victoria.

Segundo apurou a equipe, são sempre os mesmos fraudadores nacionais e estrangeiros já banidos e que voltam com nomes diferentes. 

De acordo com o diretor da Montax, Marcelo Montalvão, também especialista em Direito Penal Econômico, por ser um caso complexo, tudo deu um pouco de trabalho, mas identificar os controladores foi mais difícil.

“A parte mais difícil foi identificar os verdadeiros controladores do site LBLV e dos provedores de internet que os abriga. Porque existem alguns laranjas. Então a gente teve que investigar os laranjas e teve que investigar os controladores. Foi a parte mais difícil do estudo”, explicou Montalvão.

A empresa conseguiu provas de crimes financeiros e inconformidades no Brasil, praticados tanto por estrangeiros quanto por cidadãos nacionais; e provas das conexões entre eles, bem como seus ativos financeiros.

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“De maneira muito robusta e satisfatória, hoje temos todas estas informações”, disse Vianna.

Ele se referiu às informações obtidas junto à Seychelles Financial Services Authority (FSA), entidade reguladora dos serviços financeiros do país. Conforme explicou, ele já protocolou um processo no Ministério Público Federal, que está na fase dos procuradores analisarem as provas que foram juntadas.

“Acredito que com tamanho número de provas da investigação que fizemos já vai reduzir consideravelmente o trabalho dos procuradores da República e da Polícia Federal. Podendo ratificar as provas e dar um norte para uma investigação”, disse. 

Suposto golpe tem dois núcleos

“A LBLV tem dois núcleos: um ‘Núcleo Empresarial’, que sabemos quem são; e um ‘Núcleo Financeiro e Tecnológico’”, revelou Vianna.

De acordo com ele, o ‘Núcleo Financeiro e Tecnológico’ é formado por cidadãos brasileiros que participaram intencionalmente do esquema como intermediários. No estudo, eles são tachados como “fraudadores em série”.

“Nós já descobrimos quem são eles também”, afirmou Vianna.

O suspeitos identificados se encontram no Brasil, na Europa e em Israel.

A equipe conseguiu até mesmo informações patrimoniais dos controladores e braços financeiros do esquema.

Israel, inclusive, pode ter sido o berço de vários golpes, mais precisamente, sua capital Tel Aviv. Foi lá que começou os golpes com as plataformas de opções binárias BinaryBook e BigOption.

IQ Option não veio por acaso

Diante das informações reveladas, IQ Option, atualmente queridinha de muitos traders brasileiros, pode ser uma vertente das fraudes de Tel Aviv.

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Segundo a empresa, o estudo abrangeu toda uma indústria de fraudes online — que depende inclusive das redes sociais —  que lamentavelmente parece intocada pelos governos.

A LBLV, contudo, investe mais por telefone. Além do mais, há o endosso esporádico de um dos maiores jogadores da história do futebol.

Só no Instagram, Ronaldinho possuiu 52 milhões de seguidores. É lá que existe uma gama de fotos dele endossando o possível golpe LBLV.

Tanto a LBLV quanto a IQ Option fazem parte do mesmo esquema, segundo Vianna.

“Temos provas claras da atuação dos mesmos atores encontrados na LBLV que pertencem ao mesmo grupo/organização criminosa”, disse Vianna quando perguntado sobre a IQ Option.

Corretores de Israel

Segundo o estudo da Montax, a maioria dos corretores da LBLV são jovens imigrantes israelenses de dupla nacionalidade.

São judeus franceses, russos e brasileiros que se mudaram para Israel e operam uma verdadeira indústria de apostas e negócios online.

“Os investidores são seduzidos pela promessa de lucros fáceis e exorbitantes. São enganados com base em um antiquíssimo ‘gatilho mental’: a boa e velha ganância”, diz a publicação.

Terrorismo econômico

De acordo com o advogado, o escritório optou conduzir o processo por vias da Justiça Criminal para poder ter o apoio do governo brasileiro.

O argumento é que a União também sofreu prejuízo, visto que o dinheiro angariado pela LBLV poderia ter sido aplicado na Bolsa de Valores do Brasil.

O fato é que a internet abriu portas para que criminosos possam atuar de qualquer parte do mundo; no Brasil tem várias em atividade.

A CVM, por exemplo, tem o poder de proibir ofertas enganosas como as da LBLV. Só que por serem de fora, elas continuam atuando.

Sobre isso, Vianna concluiu:

“De fato é difícil controlar a atuação de criminosos na internet, ainda mais no país continental como o Brasil. Mas a questão é muito mais séria, trata-se de um ataque estrangeiro à nação brasileira mediante a prática de ‘terrorismo econômico’; um ataque à soberania econômica nacional”.

No vídeo abaixo, Ronaldinho faz propaganda da empresa:

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