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A inflação continuou acelerando em junho nos EUA, após já ter aumentado em maio — um sinal negativo para os mercados de criptomoedas, que oscilaram com a expectativa de que o Federal Reserve (fed, o Banco Central do país) tenha que aumentar novamente as taxas de juros como uma forma de resposta à elevação dos preços. É um movimento com potencial de afastar os investidores dos ativos de maior risco, como as criptomoedas.

O Índice de Preço do Consumidor americano (ou CPI, na sigla em inglês), que rastreia a movimentação de preço de inúmeros bens e serviços nos EUA, subiu 9,1% durante 12 meses até junho, que foi o maior aumento registrado nos últimos 40 anos, segundo o Escritório de Estatística do Trabalho (ou BLS) nesta quarta-feira (13).

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“É uma porcentagem muito alta”, disse Torbjørn Bull Jenssen, CEO da empresa de investimentos cripto Arcane, ao Decrypt, com base no relatório que ultrapassa as expectativas de 8,8% dos analistas. “Pessoalmente, estou me esforçando para entender como não vamos acabar em uma recessão.”

Os maiores ganhos mensais para o índice vieram do setor de alimentação, moradia e do preço da gasolina. O índice de energia disparou impressionantes 7,5% no mês e totalizou quase metade dos ganhos para liderar a inflação em junho — em comparação ao aumento de 3,9% em maio.

O preço da energia para clientes aumentou em 41% no último ano e a eletricidade ficou quase 14% mais cara nos 12 meses ao longo de junho, indicando o maior aumento anual desde 2006.

Os crescentes preços de eletricidade também agravaram o sofrimento vivenciado por operações de mineração cripto em meio à queda de mercado.

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“Preços de energia, junto com a queda no preço do bitcoin e cada vez mais competição, pesou bastante sobre mineradores cripto, que viram seus custos operacionais subirem”, explicou Dessislava Aubert, analista na fornecedora de dados cripto Kaiko, ao Decrypt, fazendo referência às iniciativas recentes de mineradoras em vender parte de suas alocações em moedas digitais.

“A venda provavelmente vai aumentar conforme condições de mercado continuam desafiadoras. Isso também vai colocar pressão de queda no curto prazo sobre o preço do bitcoin.”

Criptomoedas reagem

Após o lançamento do relatório sobre o CPI, o mercado de criptomoedas oscilou.

Em certo momento, o relatório de inflação fez o preço do bitcoin cair em cerca de 6%. Por alguns minutos, o preço oscilou pouco abaixo do patamar de US$ 19 mil.

Na sequência, houve pequenas recuperações. Por volta das 14h, o preço do bitcoin (BTC) registra uma queda de 2% enquanto o ether (ETH) recua 2,6% — estendendo quedas semanais de 4% e 7%, respectivamente, de acordo com o CoinMarketCap.

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Outras moedas com uma capitalização de mercado menor também foram impactadas. Cardano (ADA), solana (SOL), polkadot (DOT), dogecoin (DOGE), uniswap (UNI) e polygon (MATIC) registram prejuízos de cerca de 5% nas últimas 24 horas.

Bill Noble, analista sênior de mercado na Token Metrics, uma empresa de pesquisa de investimentos cripto, afirmou que “altcoins” (criptomoedas alternativas ao bitcoin) precisam de um fluxo contínuo de capital para manter suas capitalizações de mercado e são menos propensas a terem ganhos em meio a períodos de ampla venda.

“Se o mercado cair, algumas dessas altcoins podem, em termos de preço, desaparecer ou precisar serem completamente reprecificadas por falta de demanda”, explicou ele ao Decrypt. “Em outras palavras, não existe um comprador natural. Só existe o varejo e a venda [pelo capital de risco].”

Noble acredita que o relatório de inflação vai gerar pânico no mercado de criptomoedas, pois investidores vão ser forçados a vender por conta da angústia financeira e da pressão de liquidação que credoras manifestam, como Celsius, Three Arrows Capital e Voyager.

“[Investidores] podem não querer vender o bitcoin abaixo de US$ 20 mil — mas podem ter de vendê-lo — apenas para recuperar prejuízos que tiveram ao emprestar dinheiro a essas diversas figuras cripto”, contou Noble ao Decrypt. “Esse número de inflação e a liquidação em massa pode inspirar o medo mais inacreditável que vimos desde 2008 ou 1929.”

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Alta de juros à vista

Em junho, o Fed aumentou taxas de juros em 75 pontos-base, apresentando o aumento de juros mais drástico desde 1994, em uma resposta à inflação de maio.

O relatório desta quarta-feira sobre a inflação provavelmente irá pavimentar suas ambições de apresentar outro aumento de 75 pontos-base ainda este mês conforme tenta refrear agressivamente a inflação ao dificultar ainda mais o empréstimo e, assim, esfriando a economia.

“Instituições geralmente vivem com o lema de ‘não lute contra o Fed’”, disse Mike Boroughs, sócio-gerente na empresa de investimentos blockchain Fortis Digital Ventures. “Se o Fed vai ficar mais agressivo, provavelmente irá prolongar o tempo antes de as instituições começarem a acumular bastante cripto.”

Aumentar as taxas de juros tornaram ações e outros ativos de risco menos atrativos em comparação a títulos corporativos e do tesouro americano, que têm retornos menores, mas são apoiados pelo governo em termos de ganhos. São considerados como os investimentos mais seguros e faz com que instituições se afastem das criptomoedas.

“Para que esse setor se recupere, isso terá de ser feito por Wall Street”, disse Edward Moya, analista sênior de mercado da corretora de alavancagem OANDA, ao Decrypt.

Moya destacou que investidores do varejo estavam extremamente confiantes nos últimos três anos mas, recentemente, sofreram muitos prejuízos e foram “abalados” financeiramente.

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*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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