Bitcoin Banco usa estratégia da Minerworld e propõe saques com criptomoeda própria

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Cláudio Oliveira, criador do GBB, em pronunciamento no Youtube (Foto: Reprodução/Youtube)

Cláudio Oliveira, dono do Bitcoin Banco, voltou ao Youtube na noite de quarta-feira (05) para informar aos clientes da empresa que mais uma vez os saques não têm prazo definido por causa do volume pendente.

Ao mesmo tempo, porém, em um outro vídeo publicado logo em seguida, a empresa fez sua 5ª promessa: partir de segunda (10), os clientes poderão sacar utilizando uma suposta criptomoeda criada por eles, a BR2EX. O procedimento é similar ao usado na queda da Minerworld, acusada pela Justiça de ser uma pirâmide financeira.

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Também foi anunciada a compra de uma franquia de arranjo de pagamentos, que estará disponível aos clientes da “NegocieCoins Express”. Mas por algum motivo o nome da empresa não foi revelado.

O que parece é que será um novo sistema que dará direito a um suposto cartão, onde será possível sacar R$ 10.000 por dia, com limite mensal de R$ 50.000.

Saques em Bitcoin e outras criptomoedas negociadas nas plataformas não foram citados em nenhum momento dos vídeos e continuam travados há pelo menos vinte dias, o que reforça a hipótese de que a empresa não tem dinheiro para pagar os clientes.

BR2EX só teve 12 transações

A suposta criptomoeda criada pelo Bitcoin Banco, com promessa de ser lastreada em ouro, onde o preço será pareado com a grama do metal precioso, usa uma blockchain chamada CLO Blockchain. É uma referência a CLO Investimentos, que seria a holding que detém todas as empresas do grupo.

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Ao verificar o explorador de blocos da BR2EX, é possível levantar alguns dados relevantes.

A criptomoeda só teve 12 transações registradas e validadas até o momento (sendo a última realizada há vinte dias atrás), e possui apenas 12 endereços ativos, sendo um com quase 21 bilhões de moedas.

Assumindo o pareamento no grama do ouro e um total de mais de 21 bilhões de moedas emitidas (21 mil toneladas de ouro), o valor de mercado da BR2EX seria de aproximadamente R$ 3,4 trilhões, equivalente a mais de 10% de todo o ouro do mundo.

A fim de comparação, o Brasil possui 67 toneladas de ouro enquanto a Suíça, onde o ouro seria supostamente guardado de acordo com informações do site da empresa, possui reserva de 1.040 toneladas. O EUA possui 8.133 toneladas.

Estratégia usada pela Minerworld

Também com dificuldades de realizar saques dos clientes durante o final do ano de 2017, a Minerworld também afirmou ter sido hackeada.

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Para contornar a falta de dinheiro real, lançou uma criptomoeda chamada MCash, que seria usada para bonificar e realizar pagamentos de indicações, premiações e binários dos participantes da extinta empresa. O ato foi classificado pelo Guia do Bitcoin como a “última cartada” do esquema.

Até hoje é possível encontrar no Mercado Livre usuários tentando vender suas MCash.

Por fim, a empresa não teve sucesso em sua estratégia e fechou as portas, deixando milhares de clientes na mão.

Em abril de 2018, a empresa sofreu mandatos de busca e apreensão na operação batizada de ‘Lucro Fácil’. Em maio, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 300 milhões da empresa.

O caso Minerworld ainda está na justiça, e deve ser concluído no mínimo em 2020. Em audiência no início de 2019, a justiça informou ter encontrado apenas 0,5 BTC nas contas da empresa.

Crise no Bitcoin Banco

Desde pelo menos o dia 17 de maio, as exchanges do Bitcoin Banco estão com os pagamentos praticamente travados. Houve liberações na casa dos R$ 10 mil por pessoa, mas nada saques de Bitcoin.

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A empresa informou aos clientes que haveria uma restrição individual e global de saques. As regras e prazos sobre as liberações mudaram diversas vezes. O prazo original não foi cumprido.

Além disso, em 28 de maio a Bat Exchange, que também é ligada ao Bitcoin Banco, anunciou que entraria em manutenção por tempo indeterminado sem explicar os motivos.

Por fim, empresa perdeu o selo qualidade de atendimento do Reclame Aqui, teve o volume desconsiderado no CoinMarketCap e ainda afirmou que entregaria os CPFs de mais de 2500 clientes à polícia.