Imagem da matéria: Minerworld é Investigada no Brasil e Paraguai; Empresa Falou ao Portal do Bitcoin
(Foto: Divulgação)

Acusada de dar calotes desde o final do ano passado, a suposta empresa de mineração de bitcoin, Minerworld, alegou ter sido roubada por hackers a quantia de 851 bitcoins no dia 29 de outubro de 2017.

A empresa, que tem sede em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, disse em relação ao atraso nos pagamentos, que o desequilíbrio financeiro começou no mesmo período do ataque. (Leia abaixo a entrevista com os responsáveis pela empresa).

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A Poloniex, exchange na qual a Minerworld depositava as criptomoedas, até então não se manifestou sobre o suposto roubo. Os bitcoins roubados valeriam no câmbio do dia 16 de dezembro de 2017 mais de US$ 16 milhões.

Na internet, a Minerworld se apresenta como uma empresa de moedas digitais, com destaque para o Bitcoin. Seus principais dirigentes são Cícero Saad, Hércules Gobbi e Johnnes Carvalho.

Apenas um relatório feito por um professor da Universidade de São Paulo (USP) Marcos A. Simplicio Jr. aponta como sendo verídico o roubo. Porém, ele só obteve material para análise dos fatos informações fornecidas pela própria Minerworld, segundo o site Midiamax.

Em setembro do ano passado, de acordo com o site Forexpro, a empresa publicou na sua página do Facebook que ela teria sido autorizada para operar no Paraguai pela Comissão Nacional de Valores (CNV) do país. Em outubro, a CNV paraguaia publicou um documento que desmentia a Minerworld.

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Bombardeio dos afiliados

Na última quinta-feira (05) um usuário do Steemit refutou a informação dada pela empresa sobre o suposto roubo de bitcoins:

“A Minerworld mais uma vez se vale das já famosas MENTIRAS, como forma de justificar o calote na sua insustentável rede de afiliados, a bola da vez é um misto de ousadia com insanidade, pois além de envolver a maior Exchange americana, a POLONIEX, o trio de golpistas Cícero, Jonhnes e Hércules não foram cuidadosos quanto aos montantes envolvidos”.

A empresa Minerworld não realizou os pagamentos previstos. Segundo a empresa, que lançou comunicado no último dia 30 de março, uma reformulação dos pagamentos será necessária uma vez que sofreu prejuízo de 851 bitcoins, supostamente roubados após um ataque de hackers.

Veja o documento na íntegra aqui.

Além da dívida, afiliados reclamam da falta de transparência e de comunicação da Mineworld. Grupos estão sendo formados para entrarem com ação judicial contra a empresa.

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As acusações são diversas. Duas das mais graves são estas:

  • Contradição da empresa que alega o mercado do Bitcoin não ir bem, sendo que isso não tem a ver com a promessa de que os lucros viriam da mineração;
  • Prêmios e rendimentos estavam sendo pagos por meio do dinheiro de novos afiliados, o que sugere ser uma pirâmide financeira.

O vídeo, publicado no Youtube, recebeu apenas 1 comentário de um internauta: “Pilantras”. A publicação foi feita em 27 de novembro de 2017 no canal ‘Investidor De Sucesso’, este provavelmente criado por um dos afiliados.

O suposto golpe continua

Numa retrospectiva da empresa são revelados os números do ano de 2017 convidando novos ‘empreendedores’ para se juntar no plano 2018-2020.

Jonhnes Carvalho, CEO da Minerworld, disse o seguinte em uma ‘entrevista’ publicada na página da empresa no Facebook:

“Tudo o que planejamos na Miner parece que tem que ser executado num período de tempo muito rápido. Coisas que era pra ser lançadas daqui dois anos,seis meses,  já aconteceram. Em comparação ao modelo tradicional de negócios, acredito que a nossa expansão vem sendo exponencial.

Nós falamos que o ano de 2016 foi o ano do Bitcoin, e foi. Em 2017 nós gostaríamos de trazer esses benefícios pra vida das pessoas, para que elas acreditassem que elas poderiam ter uma vida fantástica e um crescimento exponencial.

Pra Miner 2017 está sendo um ano de estruturação e consolidação de mercado. Nós estamos lançando agora a futura maior mineradora de moedas digitais da América do Sul, que fica em Hernandarias, no Paraguai. Estamos tendo uma expansão muito boa na Ásia, em países como as Filipinas, Japão… impensável para uma empresa que começou lá no interior do Brasil.

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Nós lançamos produtos e eles estão tendo muita demanda de mercado. Nós calculamos 100 mil contas para 2017, estamos em agosto e já alcançamos 70 mil contas. São 70 mil pessoas que nos representam. Essa união entre a empresa e os afiliados são o resultado de um grande trabalho.

Processos contra a empresa

Um requerimento expedido pelo deputado Expedito Netto (PSD/RO) ao Ministério Público Federal (MPF) solicita que a empresa seja investigada.

“Em agosto deste ano, a Minerworld foi denunciada ao Ministério Público Federal (MPF) por oferecer aos seus clientes retornos exorbitantes, de até 100% do investido, bem como bônus àqueles que indicassem novos investidores para o esquema”.

A Comissão Especial da Câmara passou a apreciar o documento em novembro de 2017. O tema foi “Comissão especial discute fraudes no mercado de bitcoins”, baseado na PL2303/15.

O mesmo usuário do Steemit mais cedo já havia publicado uma informação do suposto calote. O texto é do dia 02 de abril:

“Em entrevista concedida ao Jornal Midiamax em agosto de 2017, no entanto, os proprietários da Minerworld, Cícero Saad e Jonhnes Carvalho, negaram operar em esquema de pirâmide e sustentaram que os lucros prometidos aos investidores se baseiam na mineração de bitcoins feita no Paraguai e na China”.

A primeira fazenda de mineração comprovada da empresa, a MinerTech, no Paraguai, só foi inaugurada em 2018.

Donos milionários

Segundo o portal R7, em publicação em setembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou ter recebido uma representação digital sobre a empresa Minerworld pelo “possível golpe de pirâmide financeira ou esquema Ponzi”, práticas consideradas como crime.

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Além das acusações de ser pirâmide financeira – ela é investigada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE-MS) e pela Polícia Federal (PF) – a empresa também sofre parecer negativo da Comissão de Valores Mobiliários (CMV), que identificou sinais de crime contra a economia popular na estrutura do negócio.

Um outro portal de notícias, Campograndenews, também noticiou um ‘casamento milionário’ de um “black diamante” (na hierarquia da Minerworld é um dos postos mais importantes) com direito a show da dupla sertaneja Bruno e Marrone. O evento foi orçado em R$ 750 mil. Este caso é investigado pela Polícia Federal.

Minerworld já é bem visada como uma pirâmide

Se você for na busca do Google e digitar ‘minerworld’ um dos primeiros resultados é o seguinte:

Minerworld é uma empresa brasileira suspeita de operar em esquema Ponzi (pirâmide financeira) através de uma plataforma virtual no ramo de moedas digitais ou criptomoedas, principalmente Bitcoins. Apresenta em seu site supostas rentabilidades de até 100% por ano. A operação é investigada no Paraguai desde maio de 2017 e no Brasil desde agosto de 2017 pelo Ministério Público Federal. A empresa afirma que opera em marketing multinível.

No vídeo institucional da empresa tem-se as seguintes informações:

A Mineworld surgiu da fusão de duas empresa: E-Commerce e Mineração.

A empresa é administrada por especialistas das áreas de Tecnologia, E-commerce, Mineração Digital, Marketing Multinível, Direito Comercial Internacional, Soluções de Web e Gestão Empresarial.

A Mineworld potencializa rapidamente os resultados permitindo que pequenos empreendedores como você possa competir com os grandes players do mercado. Nossos executivos utilizam o marketing de relacionamento como modelo de negócio, somado ao conceito crowdfunding (vaquinha).

A infraestrutura de Data Center para minerar bitcoins encontra-se em países estratégicos devido aos elevados custos energéticos, facilidades de aquisição de hardwares, mão de obra especializada e internet de qualidade.

A missão é ensinar você a conquistar sua liberdade financeira.

Nossa reportagem verificou as publicações na página oficial da Minerworld no Facebook. Verificamos que não houve resposta para nenhum afiliado.

Em sua maioria, as indignações se resumem – em questões ou notas – nas seguintes formas:

  • Continuo com saques de Novembro e de Dezembro não liquidados. Assim como vários outros afiliados. Previsão para normalização?
  • A cada mês uma nova promessa
  • Já venceu o segundo mês do acordo e nenhum pagamento. O jeito é buscar a justiça.
  • Perdi todo investimento!!! Não respondem às reclamações!!!
  • Como eu entro em contato para receber meus dinheiro? Já estou de saco cheio!
  • Buen día Minerworld, México sigue pendiente a su respuesta.

Promessa de ressarcimento

De acordo com o Midiamax, a Minerworld disponibilizou três modalidades de quitação possíveis. O início do acordo seria a partir do dia 16 de fevereiro (primeira parcela).

O primeira opção seria com liquidação à vista do contrato, pagando o valor integral dos lucros, porém, somente em Mcash (moeda criada pela empresa), e não em bitcoin.

A segunda previa metade em Mcash e metade em bitcoin parcelados em 12 meses. Já a terceira modalidade prometia pagar 100% em bitcoin, mas em 24 parcelas.

No início do mês de março, o CEO Jonhnes Carvalho realizou uma conferência com suas lideranças onde o assunto foi a ‘restruturação da empresa’. Assista aqui.

Entrevista com os responsáveis pela empresa

O Portal do Bitcoin entrou em contato com a Minerworld. Os responsáveis pela empresa não quiseram falar e mandaram as respostas por meio de sua assessoria de imprensa. Confira abaixo:

O que é a Minerworld, uma empresa de trading ou uma mineradora?

A Minerworld Company é uma empresa de locação de poder computacional para mineração de bitcoins, que atua no mercado de moedas digitais e novas tecnologias se utilizando da estratégia de marketing multinível para divulgação de seus serviços. A empresa está atualmente sediada na cidade de Hernandárias, no Paraguai, onde possui parque próprio de mineração.

Qual razão faz as pessoas acreditarem que a empresa não é de MMN e sim uma Pirâmide?

Muitas pessoas ignoram que o Marketing Multinível é um modelo de negócios lícito de venda de serviços por meio de distribuidores. É um modelo comercial sustentável e legal que permite a venda de serviços, o que incluindo o mercado de moedas digitais.

Algum membro da empresa tem ou teve algum envolvimento com sistema Ponzi?

Não, jamais.

A Minerworld vende qual produto? Com o lucro dá para presentear os afiliados com mais de 150 automóveis importados e 500 viagens internacionais, como a empresa já anunciou ter realizado?

A Minerworld tem como produto principal a locação de poder computacional para mineração de criptomoedas. Sim, é plenamente possível a entrega dessas premiações, uma vez que além do lucro decorrente dos contratos de locação a empresa possui uma experiente equipe de traders que promoveu um trabalho extremamente rentável para a empresa no ano de 2017, o que permitiu com facilidade o pagamento dessas premiações.

Sobre o atraso nos pagamentos do acordo firmado com os afiliados, porque a empresa não informa no site e também não responde nas redes sociais?

Ao contrário. Desde o final de outubro de 2017 a Minerworld não se furta de informar seus afiliados e sanar suas dúvidas tanto pelo seu site oficial (por meio de login e senha dos usuários) quanto por seus perfis nas redes sociais e outros meios, o que inclui newsletters e até webinars.

Por meio do site da empresa não conseguimos ter acesso a quase nada, como produtos e serviços, de onde vem os rendimentos, os termos do contrato, etc. Não há um sistema mais transparente?

O sistema é 100% transparente para seus afiliados, que acessam as informações no backoffice por meio de login e senha.

Com o suposto roubo, a Minerworld faliu? Qual era o capital e o que sobrou? A mineradora no Paraguai já está funcionando? Onde estão as imagens?

Não. De forma alguma. A Minerworld está buscando investidores e criando um novo conselho para a empresa, que será anunciado nos próximos dias. A mineradora foi inaugurada em evento para mais de 200 pessoas no dia 28 de janeiro deste ano, em Hernandárias, no Paraguai. Algumas imagens serão anexadas a este documento.

Se a mineradora só foi criada agora, como vocês estavam fazendo pagamentos dos afiliados, se no contrato vocês informam que todos os rendimentos viriam da mineração?

Antes de criar sua própria mineradora, a Miner minerava por meio de pool, na China, e também dentro do pool de mineração da CoinBR, no Paraguai. Com a inauguração da Minertech, parque próprio de mineração em Hernandarias, a Minerworld concentrou todas as máquinas em um único local.

Na ocasião, a Comissão Nacional de Valores do Paraguai desmentiu a empresa. E hoje, vocês conseguiram a autorização para a atividade?

O que ocorreu na época foi um equívoco da Minerworld na interpretação de um comunicado emitido pela própria Comissão Nacional de Valores do Paraguai em resposta a uma consulta feita por nós. A Minerworld identificou seu equívoco imediatamente e se retratou. A Minerworld opera no Paraguai como mineradora, apenas, e desde 28 de janeiro de 2018. Não faz qualquer tipo de negócio com valores mobiliários, razão pela qual não precisa de aprovação da CNV para operar.

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