Investidores que compram e vendem criptomoedas em diferentes corretoras da América Latina – processo que recebe o nome de arbitragem – podem acumular até US$ 23,2 mil (R$ 120 mil) em cerca de um ano e meio. Isso se negociarem US$ 1 mil (R$ 5,1 mil) por dia.
Essa é a conclusão de Fernando Antônio de Barros Júnior, professor doutor da FEARP/USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador associado ao LEMC-FEARP/USP, em um artigo datado de março deste ano. O trabalho também foi assinado por Matheus Oliveira da Silva, graduado em economia.
“No longo prazo, os preços das criptomoedas se ajustam, mas no curto prazo existem desvios significativos, que podem gerar ganhos para os investidores”, disse Barros à reportagem do Portal do Bitcoin.
Ele reforçou, no entanto, que o cenário apresentado não é um modelo de garantia de lucro fácil, mas sim um ‘exercício teórico’ que deve ser visto com cautela. Um do motivos é que a pesquisa não abarcou o tempo entre as transações.
“Para chegar ao resultado, levamos em consideração os preços praticados pelas corretoras no mesmo segundo. No entanto, leva alguns minutos para a confirmação de uma transação dentro da blockchain. Portanto, o investidor interessado em fazer arbitragem precisaria também compreender como funciona esse delay”.
Coleta de dados
Para fazero estudo, Barros e Silva coletaram os preços do Bitcoin (BTC), do Ethereum (ETH) e do Litecoin (LTC) em seis corretoras da América Latina. Taxas de negociações, depósito e saques também foram levadas em consideração.
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As informações foram reunidas via API Query entre 30 de maio de 2018 a 12 de outubro de 2019 – 518 dias – nas exchanges brasileiras Mercado Bitcoin, BitcoinTrade e Braziliex, que encerrou as atividades no mês passado; nas chilenas Buda Exchange e CryptoMarket; e na mexicana Bitso.
Todas os dados foram coletados na moeda local dos países e depois convertidos em dólar comercial.
Resultados
No caso do Bitcoin, por exemplo, a diferença média de preço entre todas as corretoras foi de 4.1%. Em alguns momentos, segundo o artigo, as discrepâncias chegaram a ficar em 8% ao longo de vários dias.
A situação foi semelhante para as outras duas criptomoedas analisadas. No caso do Litecoin, a diferença média foi de 6%. No caso do Ether, o percentual foi de 3,1%.
Com 518 operações com o valor de US$1 mil, o lucro acumulado com o LTC seria de US$ 23,2 mil; com o BTC, de US$ 17,1 mil; com o Ether, por fim, seria de US$ 16 mil.
“Nosso estudo traz evidência sobre oportunidades de arbitragem nos mercados de criptomoedas do Brasil, Chile e México. Mostramos que fazendo operações diárias de compra e venda com uma quantia fixa de recursos é possível obter um ganho considerável nos mercados da América Latina”, escreveram os pesquisadores no artigo.