A World, que até pouco tempo se chamava Worldcoin, já ‘escaneou’ a íris de 131 mil brasileiros em cerca de um mês, desde que chegou pela segunda vez ao Brasil no dia 13 de novembro. “O que ocorre é a captura de uma foto em alta resolução do rosto da pessoa, a partir da qual é extraído um código de texto baseado na íris”, afirmou em nota ao Portal do Bitcoin a Tools for Humanity, empresa que colabora com a World.
A empresa, fundada por Sam Altman, criador da OpenAI e responsável pelo desenvolvimento do ChatGPT, afirmou que 519 mil brasileiros já possuem conta no World App. “As pessoas não trocam suas íris por uma moeda digital. Quando fazem a verificação de humanidade, elas têm a opção de receber unidades de um token de utilidade (WLD)”, disse a Tools for Humanity.
Em plena operação em São Paulo, o projeto, considerado polêmico devido a falta de transparência de como são armazenadas os dados dos usuários, já foi investigado em vários países, mesmo com seu apelo principal de renda universal, já que paga atualmente 25 tokens WLD, equivalente a cerca de R$ 470, para cada voluntário.
Sobre isso, a Tools for Humanity a ressaltou “que nenhum dado biométrico é armazenado e que “as imagens originais da íris são criptografadas de ponta-a-ponta, enviadas para o telefone da pessoa e prontamente deletadas da Orb”. Ela acrescentou:
“Os códigos de íris são então fracionados por meio de criptografia avançada, conhecida como Computação Multi-partidária Anonimizada (AMPC). Esses fragmentos são armazenados em nós computacionais operados por universidades e terceiros confiáveis, como as Universidades de Berkeley nos EUA e Friedrich Alexander Erlangen-Nürnberg, na Alemanha. Os fragmentos criptografados não revelam nada sobre o indivíduo nem podem ser efetivamente vinculados de volta a ele. A World assegura a efetiva anonimização dos dados”, disse a emrpesa, afimrando que “para ingressar na comunidade e rede World, não é necessário fornecer qualquer dado pessoal, como e-mail, endereço, nome ou idade”.
“A imagem original da íris é excluída automaticamente por padrão, ou pode ser armazenada localmente no dispositivo do usuário, se assim preferir. Além disso, qualquer pessoa pode solicitar a exclusão de seu código de íris a qualquer momento”, concluiu.
Quando esteve no Brasil no ano passado, a World disse que o lançamento no Brasil era parte de um teste e que não planejavam um serviço permanente. Neste ano, um dia antes do início da operação oficial, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, iniciou um processo de fiscalização contra a empresa.
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Em nota enviada ao G1, a ANPD informou que a Tools for Humanity entregou, no fim de novembro, informações referentes a suas práticas de tratamento de dados pessoais, afirmando que no momento avalia a documentação apresentada.
As operações estão sendo realizadas em 20 locais distribuídos pela cidade de São Paulo.
World pelo Mundo
A Worldcoin Foundation está na mira de vários reguladores globais. Em julho deste ano, Buenos Aires sancionou a então Worldcoin com uma multa de 194 milhões de pesos (cerca de R$ 1,2 milhão).
A empresa também passou a ser investigada pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos do Peru. Em maio foi a vez de Hong Kong, que pediu o encerramento da operação por suposta coleta de dados “desnecessária e excessiva”. Em março, a Coreia do Sul também passou a investigar a operação. Espanha e Portugal também se preocuparam com o projeto.
No ano passado, países incluindo o Reino Unido, Quênia, França e Alemanha, abriram investigações sobre a Worldcoin devido a preocupações com a privacidade relacionadas à sua tecnologia de orbs, que tem o objetivo de “construir a maior rede de identidade global e rede financeira do mundo”.
*Após a publicação, a Tools for Humanity, empresa que colabora com a World, enviou sua posição e a matéria foi atualizada.
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