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Gabriel Kupferman escaneou a íris no projeto da WorldCoin (Foto: Cláudio Rabin/Portal do Bitcoin)

É possível escanear a sua íris na cidade de São Paulo, ganhar cerca de R$ 250 e obter um certificado digital de prova de humanidade. Se faltava uma conexão do mundo das criptomoedas com Black Mirror, a lacuna foi preenchida.

Trata-se de um experimento da Worldcoin — uma empresa apoiada e promovida por Sam Altman, o criador do ChatGPT — que desde segunda-feira (24) vem cadastrando usuários em três endereços na capital paulista. 

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O lançamento foi discreto e a divulgação circulou mais em grupos de WhatsApp do mercado. Em todos os locais, os funcionários se identificavam como operadores da Orb — um semi-esfera metálica de cerca de 2 quilos que faz o registro da íris. A ideia é criar um tipo de identificação chamada de ‘prova de humanidade’. 

Em um dos locais, o espaço de promoção de iniciativas para Web3 no Jardim Paulista Maac Hub, estava Tatiana Quintanilha, uma das organizadoras da ação no Brasil junto com o argentino Diego Bresler. Ela disse, porém, que não poderia falar em nome da empresa que desenvolveu a moeda, a Tools For Humanity. 

Lá também estava Gabriel Kupferman, 26 anos, cofundador da Kira Capital, à espera do seu cadastro. Ele havia descoberto a possibilidade após ler um tweet de Altman sobre a iniciativa e conversava com as pessoas no local enquanto embaralhava um cubo mágico e aguardava a internet voltar. Um transformador na rua havia queimado e derrubado a energia do quarteirão. 

A solução foi ir para outro ponto de cadastro, um coworking no Itaim chamado Akasa. A unidade estava movimentada. Em cerca de meia hora, mais de 10 cadastros foram feitos. Kupferman estava animado com a tecnologia: 

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“Governo já tem a sua digital para o passaporte, prédios de São Paulo pedem seu RG e CPF, etc. A íris dos olhos é uma das poucas ‘referências’ únicas não catalogadas por alguma instituição. Ou seja, começar a criar maior segurança e anonimato a partir de algo novo é com certeza do nosso interesse como usuários”.

Ele contou ser um observador do mercado de criptomoedas, mas que não era um investidor recorrente. “Entrei no pré-ICO de um projeto chamado UniCoin”, disse.

Hora de escanear a íris

Kupferman sentou-se em uma cadeira e encarou o Orb posicionado em uma mesa à sua frente um pouco abaixo da altura dos seus olhos. O operador André Costa, estudante universitário e membro da Blockchain Insper, conduziu o processo e foi tirando algumas dúvidas. 

A parte escura da frente do Orb é composta por três componentes: câmera, sensor de temperatura e de profundidade. “Agora você abre o app, coloca na opção ‘criar WorldID’ e confirmar os acordos”, disse Costa.

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O estudante seguiu com a descrição do processo:

“Ele vai tirar uma foto da sua cara, vai checar a temperatura pra ver se você realmente é um ser humano e depois vai verificar sua íris. Todas as fotos serão apagadas, mas existe uma opção para enviá-las para a WorldCoin para o caso de o software ser atualizado. Depois vai ser gerado um hash, que vai gerar um token de zero knowledge que vai pra blockchain”.

Em seguida, o empresário mostrou o QR Code de seu celular para o Orb, baixou um pouco a cabeça, posicionou os olhos a 20 centímetros de distância da câmera e 30 segundos depois recebeu a confirmação sonora de que o processo estava completo. 

“Meus olhos estão queimando!”, brincou. Depois falou com emoção: “O hardware é incrível, o onboarding é muito fácil. Imagina isso no aeroporto de Dubai”. 

Valores em criptomoedas

O app já mostrava que ele iria ganhar 25 tokens da WorldCoin (WLD) — quase como um airdrop presencial. Trata-se de um grant (um tipo de recompensa) para quem fizer o processo. Cada unidade está cotada a US$ 2,3 nesta quarta-feira (26), de acordo com o Coinmarketcap

O business developer de uma empresa de contabilidade cripto Vinicíus Bellezzo, 28, também foi fazer o cadastro. Empolgado, levou junto a namorada e mais três amigos. Ele disse que descobriu a ação da Worldcoin em um grupo de Whatsapp sobre Web3.

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“Sou early adopter de tecnologias, mas é claro que a recompensa ajudou. Até mesmo para trazer pessoas fora de cripto”, disse. 

Ele confia na tecnologia e acredita que a ‘prova de humanidade’ é algo que irá agregar ao sistema e que a imagem de sua íris foi destruída após a criação do hash. Pretende segurar o token por duas semanas e então vender. 

Já Kupferman saiu do local conversando sobre o projeto. Na saída, tirou uma foto com o Orb. Levava uma camiseta branca que havia ganhado na qual estava escrito no peito em letras pretas: “Unique Human”. 

Veja o vídeo do processo:

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