Imagem da matéria: Clientes da BeeFund relatam angústia após bloqueio de fundos: "Não sei o que fazer"
Foto: Shutterstock

O Portal do Bitcoin vem recebendo nesta semana dezenas de denúncias de clientes lesados pela BeeFund. A plataforma de criptomoedas sequestrou os fundos dos usuários e passou a exigir um novo depósito de 10% do saldo para as pessoas tenham acesso ao próprio dinheiro. No entanto, mesmo quem paga o valor, segue com os saque congelados.

O modus operandi da BeeFund exibe claros sinais de uma possível pirâmide financeira: promessa de ganhos muito acima dos padrões do mercado tradicional, bloqueio dos saques, desculpas para adiar pagamentos, criação de um novo token supostamente capaz de solucionar os problemas e dificuldade em identificar responsáveis diretos pela operação.

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Um dos modos em que a operação da BeeFund ganhou força foi por meio do TikTok. Foi na rede social que Otávio Henrique, de 20 anos, morador de Cuiabá, ficou conhecendo a plataforma. “Usei por três meses  e perdi por volta de R$ 5 mil. Eles faziam uma proposta tentadora sobre ganhos exuberantes”, contou em entrevista ao Portal do Bitcoin

Henrique nunca havia investido em outras plataformas, situação semelhante à de Antônio Silva, que também não tinha experiência com investimentos e descreveu sua tentativa de aplicar o patrimônio como uma “experiência ruim”. Ele investiu R$ 200 por recomendação de um amigo, que sofreu perdas ainda maiores: “Meu amigo tem R$ 4 mil investidos e o dinheiro está preso no aplicativo, que agora nem abre mais. Ele nem sabe o que fazer. Eu disse para ele procurar um advogado”.

As redes sociais parecem ter sido a porta de entrada de muita gente na BeeFund. Giovane Lopes, morador de Berilo (MG), entrou em abril deste ano por conta de uma indicação vista na Kwai, plataforma de vídeos similar ao TikTok.

“Tenho US$ 640 (R$ 3,6 mil) presos na BeeFund e até agora o aplicativo está fora do ar”, afirma Gomes. 

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Além das redes, o boca a boca também foi um fator que impulsionou a BeeFund. Francisco Rosa, 66 anos, morador de Aracaju, conheceu a plataforma por um amigo. “Usei a plataforma por quatro meses, sempre realizando aplicações a cada 15 dias. Coloquei R$ 3 mil com promessa de ganhos de 12% ao dia”, afirma o cliente, que só tinha feito investimentos uma vez antes, por meio da Binance. 

“Não vou mais investir”

Como mostram os relatos, para muitos clientes lesados pela BeeFund essa foi a primeira experiência em investimentos — e o trauma deixado é significativo.

Gustavo Brasil, morador de Nazaré (BA), ficou sabendo da plataforma por meio de um amigo. “Usei por 20 dias e coloquei R$ 1.000, pensando que ganharia 47%. Só usei essa plataforma de investimento e não vou usar nenhuma outra”, afirma. 

Uma cliente de 25 anos, que prefere não ter o nome revelado, perdeu R$ 350 sob a promessa de um retorno de 100%. “Fiquei sabendo por amigos e nunca investi em outras plataformas”, diz. 

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Uma moradora de 55 anos da cidade de Eunápolis (BA), que também pediu anonimato, perdeu R$ 280 e diz que nunca irá mais cair em uma falsa promessa. “Nunca tinha feito esses tipos de investimentos, foi a primeira vez”, conta. 

A situação dela indica um possível esquema de ganhos por indicação de clientes novos, um modelo clássico de pirâmides financeiras. “Fiquei sabendo por um conhecido que me falou que ganhou muito dinheiro e que ele tinha aplicado também. Só que esse conhecido sumiu”, afirma. 

A cliente resume o sentimento de todos os lesados pela BeeFund: “Será que dá para recuperar esse dinheiro ? Ou só fazendo uma denúncia?”. 

O que os clientes lesados devem fazer?

No passado, uma situação semelhante ocorreu com um aplicativo chamado “Avaliador Premiado”. Na ocasião, a reportagem entrevistou Renata Reis, coordenadora de atendimento do Procon-SP, que explicou alguns passos importantes para consumidores lesados seguirem quando se sentem enganados por empresas que prometem rendimentos garantidos, em um modelo semelhante ao de pirâmides financeiras.

  • Tentar entrar em contato com a empresa — importante guardar e registrar todas as comunicações, mesmo que não haja resposta da empresa;
  • Fazer denúncias nas redes sociais e no portal Reclame Aqui — guarde prints screens (capturas de telas) dessa reclamações;
  • Fazer uma denúncia ao Procon de seu estado pelo site da instituição — assim a situação tentará ser resolvida sem ação judicial;
  • Nessa denúncia no portal do Procon do estado, o consumidor deve detalhar totalmente como foi o processo da fraude e apresentar o máximo de documentação (recibos, mensagens, e-mail, capturas de telas, endereços de site, fotos das ofertas, etc);
  • Caso não se resolva por acordo, o consumidor pode acessar o Juizado Especial Cível (anteriormente conhecido como Juizado das Pequenas Causas);
  • Não há valor mínimo: o consumidor pode buscar reparação de qualquer dinheiro entre zero reais e vinte salários mínimos;
  • Não é necessária a contratação de advogado;
  • É recomendável que se vá pessoalmente até um fórum. É possível fazer pela internet, mas pessoalmente o cidadão tem auxílio de um profissional;
  • Leve toda a documentação de recibos, pagamentos, envio de mensagens, print screens (capturas de tela) das reclamações nas redes sociais e Reclame Aqui, nomes, endereços, números de telefone;
  • Um funcionário irá fornecer um documento no qual o consumidor irá descrever tudo que ocorreu;
  • O documento será protocolado com a ajuda do funcionário (que muitas vezes é um estagiário de Direito, por conta de convênios que os fóruns têm com faculdades);
  • Um juiz irá analisar a documentação e irá decidir se há o direito de ressarcimento, sem que seja necessária a particiapação de advogado em nenhum momento.
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