antonio neto e fabricia campos braiscompany
Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, casal que lidera a Braiscompany (Foto: Reprodução/Instagram)

A denúncia do Ministério Público da Paraíba que foi acolhida pela Justiça na terça-feira (8) não serviu apenas para tornar réus Antonio Neto Ais e Fabrícia Campos, os sócios da pirâmide financeira Braiscompany.

Os promotores também incluíram na documentação diversas capturas de tela que mostram as conversas que foram feitas pela dupla com seus subordinados para organizar a fuga da Polícia Federal do Brasil e sua viagem para a Argentina. Ambos seguem atualmente foragidos

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Tudo começou no dia 21 de janeiro, quando Fabrícia Campos tentou embarcar para Dubai a partir do Aeroporto de Guarulhos (SP). Não só ela não conseguiu embarcar como também teve o passaporte apreendido por conta de uma decisão judicial, já que ela e Antonio já estavam sob investigação. 

Foi então que os criadores da Braiscompany organizaram, em menos de uma semana, uma viagem terrestre para a Argentina. Neto Ais e Fabrícia Campos conseguiram uma van da Mercedes-Benz, modelo Sprinter, e foram para o país vizinho. Ao todo, participaram da viagem cinco adultos e duas crianças. 

Nesse processo, Arthur Barbosa, o videomaker pessoal de Antonio Neto, teve papel fundamental: era o único habilitado para dirigir este tipo de veículo. Mais tarde, Barbosa voltaria ao Brasil e seria preso no dia 18 de maio. 

Além de Barbosa, os outros adultos que participaram da viagem entram Sabrina Lima e Victor Hugo. Os três, mais os menores de idade, entraram no veículo no dia 28 de janeiro. Já Antonio e Fabrícia desceram do veículo ainda no Brasil e depois pagaram um táxi para atravessar a fronteira. 

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Veja abaixo fotos do grupo antes da fuga e durante a viagem:

Os bastidores da fuga

Como já foi noticiado pelo Portal do Bitcoin, o casal usou os passaportes de Felipe Guilherme e Fernanda Farias, irmã de Fabrícia Campos. Agora, a denúncia mostra como foram as conversas que precederam o crime. 

No dia 25 de janeiro, Antonio mandou mensagem para Felipe: “Fala cara. Manda foto do seu passaporte”. Depois, no mesmo dia, ordena: “Dá um pulinho aqui em casa, tragam os passaportes e RG que vou passar a estratégia para vocês”. 

No dia 27 de janeiro, Antonio manda um áudio dizendo: “A Fernanda deixou com a Fabrícia o documento dela. Eu estou precisando do teu passaporte. Tem como deixar em casa? Eu estou indo para lá agora”. 

Felipe responde: “Preciso pegar em casa. Vou buscar e levo”. O dono da Braiscompany faz a tréplica e diz que está aguardando. 

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Nesse mesmo contexto, Antonio pergunta como está a situação financeira de Felipe. O cunhado responde que está “negativado no banco”. Neto Ais lhe manda R$ 10 mil e fala: “Vai administrando aí”. 

Esses preparativos foram realizados cerca de duas semanas antes da primeira Operação Halving da PF, que derrubou a pirâmide sediada na Paraíba. A dupla ainda transferiu todo o dinheiro da maioria de suas contas bancárias antes que as autoridades agissem para bloquear os valores. Quando a Justiça foi procurar os fundos nos bancos nos quais eles mantinham contas, só encontrou R$ 199.

Desde o início do caso havia sinalizações que a Argentina era o destino do casal. Um dia após a Operação Halving, fez um post em sua conta no Instagram com a frase “Força para lutar, fé para vencer” – e a geolocalização do usuário mostrava exatamnete o país vizinho, embora houvesse a possibilidade do uso de um VPN (uma rede privada virtual) para mascarar o local.

Posteriormente, Fernanda Farias registrou um boletim de ocorrência alegando que seu passaporte havia sido extraviado. Por conta do ocorrido, a PF a acusa também do crime de falsidade ideológica.

Veja abaixo os prints das conversas entre Antonio Neto Ais e Felipe Guilherme:

Donos e funcionários da Braiscompany viram réus

A 4ª Vara Federal da Seção Judiciária da Paraíba acatou na terça-feira (8) a denúncia do Ministério Público Federal na ação penal contra os sócios da Braiscompany, suposta pirâmide financeira com criptomoedas que deixou de pagar os clientes no final de 2022.

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Na sua decisão, o juiz federal responsável pelo caso, Vinícius Costa Vitor, aponta que o fato de o casal líder da Braiscompany, Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, estar foragido, torna necessário a citação deles como réus na ação penal.

Na denúncia do MP vista pelo Portal do Bitcoin, além do casal, outras 11 pessoas ligadas ao esquema da Braiscompany também se tornaram réus na ação, incluindo: Victor Hugo Lima Duarte, Mizael Moreira Silva, Sabrina Mikaelle Lacerda Lima, Arthur Barbosa da Silva, Flávia Farias Campos, Fernanda Farias Campos, Clélio Fernando Cabral, Felipe Guilherme da Silva Souza, Gesana Rayane Silva, Fabiano Gomes da Silva e Deyverson Rocha Serafim.

A dupla de criadores da pirâmide também foi recentemente intimada a prestar depoimento na CPI das Pirâmides Financeiras instaurada na Câmara dos Deputados para investigar os esquemas que usam criptomoedas para enganar investidores brasileiros.

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