As criptomoedas perdem terreno nesta quinta-feira (19) em meio ao contágio de mais empresas do setor e sinais de desaquecimento da economia global, que também tiram força dos índices acionários.
O Bitcoin (BTC) recua 2% nas últimas 24 horas, para US$ 20.800,59. Em reais, o BTC perde 1,2%, cotado a R$ 108.009,59, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) registra queda de 3,2%, negociado a US$ 1.528,40, segundo dados do Coingecko.
As altcoins também operam no vermelho, entre elas BNB (-3), XRP (-9,6%), Cardano (-4%), Dogecoin (-5,4%), Polygon (-4,9%), Solana (-4,7%), Polkadot (-2,6%) e Avalanche (-5,4%).
Shiba Inu (SHIB), que chegou a subir 15% na quarta-feira (18), cai 7,3% nas últimas 24 horas. Ainda assim, dados da Nansen apontam que a cripto-meme é a favorita de investidores em carteiras novas, quando excluídas as stablecoins.
Bitcoin hoje
Após ser negociado acima de US$ 21 mil nos últimos dias, o BTC não conseguiu defender esse patamar diante de dúvidas dos investidores sobre o que estaria por trás do recente rali. Análise do CoinDesk aponta que há um crescente nervosismo sobre a investida de reguladores dos EUA na indústria cripto e o impacto disso sobre os ativos.
No mercado de stablecoins, o National Australia Bank criou o token AUDN, que permite a clientes corporativos liquidar transações em dólares australianos, informou o Australian Financial Review, citando fontes com conhecimento do projeto. O banco pretende lançar transações em meados do ano, o que vai incluir comércio de créditos de carbono e remessas.
A stablecoin será lançada na rede Ethereum e garantida na proporção de 1:1 em moeda fiduciária pelo banco australiano.
No Brasil, investidores buscaram se dolarizar utilizando tokens indexados à moeda americana para se proteger da volatilidade em 2022, segundo reportagem do InfoMoney. Dados da Receita Federal apontam que as stablecoins atreladas ao dólar, ou dólares digitais, responderam por mais de R$ 100 milhões das declarações de criptoativos realizadas por brasileiros no ano passado, um crescimento de 135% em relação ao ano anterior.
Crise do DCG
A Genesis Global Capital prepara o terreno para entrar com pedido de recuperação judicial já nesta semana, disseram pessoas com conhecimento do assunto à Bloomberg. A plataforma de crédito cripto do Digital Currency Group (DCG) está em negociações confidenciais com vários grupos de credores em meio à crise de liquidez. Representantes da Genesis Global Capital não responderam de imediato a pedidos de comentário.
A negociação dos credores da Genesis estaria girando em torno de um plano de recuperação judicial pré-acordado com a plataforma, segundo o The Block, que cita duas fontes a par das conversas.
Credores como a corretora cripto Gemini, controlada pelos gêmeos Winklevoss, concordariam com um período de tolerância – para a maioria dos pagamentos – de um a dois anos sob o plano de recuperação judicial pré-definido, de acordo com uma das fontes. Em troca, os credores receberiam pagamentos em dinheiro e ações do DCG.
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A Gemini, que tinha uma parceria com a Genesis sob o programa de renda passiva Earn, foi diretamente afetada pela suspensão de saques na plataforma de empréstimos cripto, o que levou a corretora a também bloquear resgates de seus clientes. Em resposta, a organização autônoma descentralizada MakerDAO planeja uma votação para limitar a exposição da stablecoin DAI à Gemini como resultado da atual crise de liquidez.
E o portal de notícias cripto CoinDesk, outra das unidades do DCG, estuda vender parte ou 100% da empresa para impulsionar o crescimento, confirmou o CEO Kevin Worth em e-mail ao The Block, após reportagem do Wall Street Journal. Segundo o jornal, o CoinDesk, que tem sido sondado nos últimos meses, está recebendo consultoria da Lazard, especializada em fusões, reestruturações e estratégia de capital, enquanto estuda uma possível venda. O Coindesk foi originalmente comprado pelo Digital Currency Group em 2016 por cerca de US$ 500 mil a US$ 600 mil. O portal não divulgou seu valor atual.
Outros destaques das criptomoedas
A Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, foi citada com uma das principais contrapartes da plataforma de ativos digitais Bitzlato, acusada de processar milhões de dólares em fundos ilegais. Na quarta-feira (18), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) anunciou a prisão de Anatoly Legkodymov, cidadão russo apontado como fundador da Bitzlato, com sede em Hong Kong. A Binance “forneceu assistência substancial aos parceiros internacionais de aplicação da lei em apoio a esta investigação”, escreveu um porta-voz da corretora em comunicado.
Segundo os procuradores, a plataforma processou mais de US$ 700 milhões de origem ilícita, sendo uma parte vinda de ransomware. A Bitzlato teria como um dos trunfos do seu marketing o fato de pedir o mínimo de informações para a abertura de contas, ressaltando que não era necessário o envio de fotos nem cópias do passaporte dos clientes.
O DoJ fez grande alarde antes do anúncio de uma “ação internacional” referente ao cumprimento das leis na indústria cripto, o que levou o Bitcoin a perder o patamar de US$ 21 mil em meio ao nervosismo sobre o que estaria por vir. Em meio à volatilidade, dados da CoinGlass mostram que mais de US$ 110 milhões em posições futuras que apostavam na alta do BTC e do ETH foram liquidadas nas últimas 24 horas, representando mais de 76% de todas as negociações de contratos futuros.
Mas, após o DoJ anunciar a prisão do cidadão russo, o BTC e as criptomoedas recuperaram terreno. E a reação da comunidade cripto veio logo em seguida: “Trabalho nesse espaço desde 2013. Nunca ouvi falar”, tuitou Hailey Lennon, em referência à corretora Bitzlato. “’Wtf (que car**lho) é Bitzlato?” disse uma fonte de Washington em mensagem de texto ao The Block.
E um possível caso de uso de informação privilegiada envolvendo a Binance surgiu na quarta-feira (18). Dez minutos antes de a maior corretora cripto do mundo anunciar a listagem da moeda digital Rocket Pool (RPL), uma pessoa comprou milhares desses tokens e os revendeu na exchange poucos minutos depois do anúncio, quando o preço estava em alta. O caso foi revelado pelo jornalista Colin Wu em seu perfil no Twitter.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) confirmou a decisão de rejeitar a oferta de acordo feita pela BlueBenx, empresa brasileira de investimentos em criptomoedas que suspendeu pagamentos a clientes em agosto do ano passado, após um rombo de R$ 160 milhões. A proposta da BlueBenx previa o pagamento de R$ 150 mil pela empresa e mais R$ 50 mil pelo controlador Roberto de Jesus Cardassi. Em janeiro de 2022, antes de a BlueBenx colapsar, um comitê da CVM já havia rejeitado inicialmente esse acordo.
A Braiscompany, empresa da Paraíba que tem atrasado pagamentos a milhares de clientes de seu serviço de “locação de criptoativos”, listou uma série de motivos que estariam por trás da crise. No texto, a empresa admite problemas no desenvolvimento de seu aplicativo, que supostamente seria usado como ferramenta para retomar os pagamentos. Além disso, a Braiscompany voltou a colocar a culpa dos atrasos na Binance, que estaria dificultando saques e a movimentação de criptomoedas.
Procurada pelo Portal do Bitcoin para comentar o caso, a Binance enviou comunicado que não cita a Braiscompany: “A Binance atua em total colaboração com as autoridades para coibir que pessoas mal-intencionadas utilizem a plataforma”.
O Founders Fund, empresa de venture capital cofundada pelo bilionário Peter Thiel, praticamente liquidou todas suas posições em criptomoedas pouco antes do “crash” do mercado no ano passado, gerando cerca de US$ 1,8 bilhão em retornos, disseram duas pessoas ao Financial Times. O fundo, com sede em São Francisco, fez seu primeiro investimento em Bitcoin no início de 2014 e vinha comprando o token desde então.
Mas o Founders Fund vendeu a maior parte de seu portfólio cripto no fim de março de 2022, antes do mergulho dos preços com o colapso do ecossistema Terra em maio. Pouco antes, em abril, Thiel se mostrava otimista em relação ao futuro do BTC. Durante conferência em Miami, o investidor disse que os CEOs do JPMorgan, Jamie Dimon, e da BlackRock, Larry Fink, precisavam “alocar parte de seu dinheiro em Bitcoin”. O Founders Fund não quis comentar.
Gigantes de capital de risco podem manter a postura cautelosa para novos investimentos em startups em 2023. Em entrevista à Época Negócios, Gustavo Araujo, cofundador da plataforma de inovação aberta Distrito, disse que a tendência é que os aportes sejam mais raros e menores, o que pode dificultar o surgimento dos chamados unicórnios, empresas com valor de mercado igual ou superior a US$ 1 bilhão. “Pelo contrário, o que pode acontecer é uma queda de valor de mercado de certas startups, que perderão o status atingido no passado”, afirmou.
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