Imagem da matéria: BC notificou Acesso por risco de lavagem de dinheiro na Binance, diz Folha
Foto: Shutterstock

A série de problemas que Binance enfrenta no Brasil e que a levou a bloquear os saques de clientes por duas semanas teve início com uma notificação do Banco Central ao Acesso – parceiro bancário na operação da corretora – sobre um risco elevado de lavagem de dinheiro nas operações e exigindo informações detalhadas sobre os clientes. As informações são de reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta quarta-feira (13).

O jornal teve acesso ao comunicado feito pelo BC ao banco Acesso em maio deste ano, no qual exigiu que o banco fosse capaz de identificar de forma individual cada cliente da Binance no país.

Publicidade

O Acesso é parceiro do Capitual, que até então atuava como processador de pagamentos da Binance no Brasil. Enquanto o Capitual atuava como mediador das operações, era o banco Acesso que na prática viabilizava os saques e depósitos em real para a corretora.

Por oferecer o serviço de Bank as a Service (BaaS) como uma instituição financeira homologada pelo Banco Central, o Acesso foi o alvo da exigência de identificar individualmente todos os clientes — o que inclui os usuários da Binance — seguindo as obrigações da Circular 3.978/20.

Se a Binance optasse por seguir com a determinação feita pelo BC ao Acesso, deveria oferecer ao parceiro informações como nome de clientes, onde trabalham, quanto ganham e que tipo de transação fazem na plataforma.

A Binance optou por não seguir com as obrigações feitas ao banco Acesso e identificar quem são seus clientes e suas movimentações, uma prática defendida pelo Banco Central como necessária para combater atividades ilegais, como a lavagem de dinheiro com criptomoedas

Publicidade

Foi na Binance, por exemplo, que o “Faraó do Bitcoin” Glaidson Acácio dos Santos, líder agora preso da pirâmide financeira GAS Consultoria, supostamente lavou dinheiro. 

Para contornar a tal obrigação, a Binance trocou de parceiro no Brasil e passou a usar os serviços da Latam Gateway, que tem suas operações com real viabilizada pelo Banco BS2 (antigo Banco Bonsucesso).  

Ao Portal do Bitcoin, a Binance enviou uma nota afirmando que “não é cliente do Acesso e que nunca foi informada sobre qualquer solicitação do Banco Central para individualização de contas”. A exchange também afirma que possui “processos robustos para garantir que o ecossistema cripto seja seguro para todos os usuários”. 

A comunicação da companhia diz ainda que ela é “líder no mundo no processo de obtenção de licenças específicas para cripto” e que “mantém diálogo constante com autoridades de diversos outros países no mesmo sentido, inclusive no Brasil, o que demonstra o total comprometimento da empresa com o desenvolvimento da regulação do setor”.

Publicidade

A disputa entre Binance e Capitual

Após toda a confusão protagonizada pela Binance com seus antigos parceiros Capitual e banco Acesso, a corretora entrou com um processo judicial que tramita sob segredo de Justiça.

Segundo a Folha de S. Paulo, nesse processo a Binance acusa o Capitual de usar a obrigação do BC para “tomar” seus clientes ao exigir que a Binance cedesse dados dos clientes para abrir contas correntes individualizadas na instituição, como a única forma de atender o pedido.  

A Binance diz no processo que, por ser uma corretora internacional, não seria capaz de conseguir permissão de seus superiores fora do Brasil em 45 dias — prazo dado pelo BC — para seguir as obrigações.

Como resultado desse processo, pouco mais de R$ 450 milhões dos clientes da Binance estão bloqueados pela Justiça, que acolheu um pedido da corretora contra o Capitual.

O braço de ferro gira em torno de questões legais: o Capitual já se manifestou dizendo que pretende devolver o dinheiro, mas que para isso a Binance precisa obter autorização por escrito de cada cliente, ou então fazer um seguro fiança.

Publicidade

O Capitual afirma que, sem essas garantias, pode ser acionado judicialmente no futuro – conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor – e acabar sendo condenado a pagar valores para clientes da Binance, mesmo que já tenha devolvido o dinheiro como um todo para a corretora previamente.

**Após a publicação desta matéria, o Capitual enviou o seguinte posicionamento:

“O Capitual pauta sua atuação pelo cumprimento da legislação e requisições dos órgãos reguladores e está comprometido com as medidas de combate à lavagem de dinheiro e financiamento de atividades ilícitas no mercado de criptomoedas. Diante das exigências de órgãos regulatórios, como o Banco Central, que são mandatórias para sua operação e de seus parceiros comerciais, o Capitual vem atuando para cumpri-las. Sobre o processo judicial, o Capitual não comenta uma vez que está sob segredo de Justiça.”

Procurando uma corretora segura que não congele seus saques? No Mercado Bitcoin, você tem segurança e controle sobre seus ativos. Faça como nossos 3,8 milhões de clientes e abra já sua conta!

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Executivo da Binance que fugiu da Nigéria volta a ser preso no Quênia, diz jornal

Executivo da Binance que fugiu da Nigéria volta a ser preso no Quênia, diz jornal

Autoridades do Quênia estudam extraditar o executivo de volta para a Nigéria ainda esta semana
Imagem da matéria: Stripe retorna ao mundo cripto ao liberar pagamentos com USDC

Stripe retorna ao mundo cripto ao liberar pagamentos com USDC

Uma década após uma tentativa inicial de dar suporte para pagamentos em Bitcoin, a Stripe agora enxerga um futuro impulsionado por stablecoins
comprimidos de ecstasy Polícia SP

Polícia apreende ‘balas’ de ecstasy com símbolo de Bitcoin durante prisão

Ocorrência no litoral de SP culminou em prisão em flagrante por tráfico de drogas
Imagem da matéria: Manhã Cripto: Criadores da Samourai Wallet são presos por lavagem de dinheiro; Bitcoin cai abaixo de US$ 64 mil

Manhã Cripto: Criadores da Samourai Wallet são presos por lavagem de dinheiro; Bitcoin cai abaixo de US$ 64 mil

Promotores dos EUA acusam cofundadores da Samourai Wallet de lavagem de dinheiro e de operar um negócio de transmissão de fundos não licenciado