Investidores voltam a evitar ativos de risco nesta quinta-feira (2) e o mercado de criptomoedas devolve a maior parte dos ganhos registrados no fim de semana. Nas últimas 24 horas, o Bitcoin (BTC) é negociado em baixa de 5,3%, cotado a US$ 29.969, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) se desvaloriza 6,1%, para US$ 1.823.
No Brasil, o Bitcoin tem queda de 4%, negociado a R$ 144.975, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Bitcoin acompanha a baixa do mercado acionário americano e parece ter sentido o impacto das declarações pessimistas sobre a economia global do diretor-presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon. Durante conferência na quarta-feira (1), o CEO disse que um “furacão está a caminho”, mas ainda não sabe se será uma tempestade sem maiores consequências ou uma “Superstorm Sandy”, ciclone que provocou destruição e mortes em países da América Central e EUA em 2012.
O CEO do JPMorgan Chase fez referências às consequências econômicas da guerra na Ucrânia, a alta no preços dos combustíveis e ao número decrescente de empresas de capital aberto.
A maior criptomoeda encerrou o mês de maio com queda de quase 16%, mostram dados do Valor Econômico, rompendo a tradição de desempenho positivo nesse mês. Humberto Andrade, analista de trading do Mercado Bitcoin, disse ao Valor que a maior correlação do BTC com o Nasdaq colocaram em xeque essa tradição, principalmente devido ao cenário macro complicado.
Joe DiPasquale, CEO da gestora de fundos de criptomoedas BitBull, afirmou em nota ao CoinDesk que não está surpreso com o atual preço do Bitcoin. “Além de enfrentar pressão dos mercados tradicionais, também tem dificuldade de quebrar a zona de resistência entre US$ 31 mil e US$ 32 mil, resultando em um rompimento da faixa estabelecida no fim de semana.”
Mineradores de Bitcoin já sentem os efeitos do inverno cripto e começam a vender seus tokens, já que minerar a criptomoeda se tornou menos rentável diante da queda dos preços, de acordo com o CoinDesk. E, com o atual mercado baixista, alguns mineradores podem ter de recorrer a fusões e aquisições para sobrevier.
Fora do ar
Solana (SOL) despenca 12% nas últimas 24 horas. A rede ficou fora do ar na quarta-feira com a produção de novos blocos na blockchain totalmente interrompida. A equipe da Solana explicou no Twitter que a produção de blocos foi suspensa por causa de um bug que fez com que “nodes” gerassem resultados diferentes para o mesmo bloco. Validadores reiniciaram a rede após quatro horas fora do ar, mas algumas exchanges ainda relatam problemas para depósitos e saques, de acordo com o CoinDesk.
Outras altcoins também registram perdas nesta quinta-feira (2) como Binance Coin (-4,6%), XRP (-5,4%), Cardano (-5,3%), Dogecoin (-4,9%), Polkadot (-7,1%), Avalanche (-7,7%) e Shiba Inu (-5,7%).
Outros destaques
A carteira de investimento dos brasileiros tende a ganhar um maior protagonismo do dólar nos próximos dez anos, disse Roberto Lee, fundador e CEO da Avenue, plataforma brasileira para investimentos no exterior, durante live do Valor e do site Pipeline. A empresa abriu recentemente uma vertical de criptoativos, passou a oferecer 20 moedas e estuda trabalhar com tokens em breve.
O diretor e gestor de portfólio da Principal Global Investors, Marc Dummer, gestora de recursos americana com US$ 580 bilhões em ativos, afirmou ao Valor que ativos digitais melhoram o desempenho do portfólio em geral e uma alocação de 3% a 5% pode diminuir sua volatilidade.
A plataforma de negociação de ativos tokenizados Vórtx QR, a primeira regulada pela CVM, deu o pontapé oficial de suas operações na quarta-feira (1), com uma emissão de debêntures e de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), informou o Valor Investe.
Chipotle, a popular rede de restaurantes de fast-food de estilo mexicano, agora aceitará pagamentos em criptomoedas em unidades dos EUA por meio da Flexa, uma plataforma que opera com cerca de 98 criptos, incluindo BTC e ETH, conforme o The Block.
Com maior foco em criptomoedas e tokens não fungíveis, a varejista de videogames americana GameStop aumentou as vendas em 8% no trimestre encerrado em abril, para US$ 1,38 bilhão, acima da estimativa de analistas, informou a Bloomberg.
A FTX ultrapassou a Coinbase em maio como a segunda maior exchange de criptomoedas centralizada em participação de mercado, de acordo com dados compilados pelo The Block Research. A Binance continua na liderança, com uma fatia de 64,1%, seguida pela FTX (10,8%) e Coinbase (9,6%) no mês passado. Os volumes de negociação de criptomoedas aumentaram 19,6% em maio, para um total de US$ 830,4 bilhões, mostra o índice de volume do The Block.
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A Binance Labs, braço de capital de risco da Binance, disse na quarta-feira que levantou US$ 500 milhões para seu fundo de investimento focado em empresas dedicadas a blockchain e Web3, informou a Reuters. O fundo é apoiado pela DST Global Partners, Breyer Capital e Whampoa Group, bem como por outras empresas de private equity e family offices.
A 2TM, controladora do Mercado Bitcoin, anunciou na quarta-feira (1) o corte de cerca de 90 funcionários. Conforme a empresa, o objetivo é reduzir as despesas para enfrentar um momento difícil no cenário mundial:“A mudança do panorama financeiro global, alta de juros e da inflação, vem tendo grande impacto nas empresas de base tecnológica, as chamadas Growth Techs. Essa nova realidade exige que a 2TM também busque uma nova equação de crescimento e investimento”, diz o comunicado. A corretora também destacou que o processo “foi pautado pela transparência e respeito, de modo a honrar o legado de cada colaborador que nos ajudou a chegar até aqui.”
As demissões globais em startups de tecnologia aumentaram para o maior nível em mais de dois anos, com 20.514 cortes desde abril, segundo o Nikkei Asia, que cita dados do Layoffs.fyi.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Nate Chastain, ex-gerente de produto do marketplace de tokens não fungíveis OpenSea, foi acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA na quarta-feira de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro relacionadas à negociação com informações privilegiadas sobre quais NFTs estavam prestes a serem apresentados no site da plataforma, disse o órgão em comunicado à imprensa.
Madison Cawthorn, deputado republicano polêmico da Carolina do Norte, está sendo investigado pelo Comitê de Ética da Câmara dos EUA por negociações não divulgadas em sua carteira de criptomoedas, apurou o CoinDesk.
A especulação com criptomoedas e outros investimentos de risco elevado fazem parte de uma série de novos vídeos da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) destinados a educar investidores. “Investir não é um jogo”, diz um vídeo divulgado na quarta-feira pela SEC, que recomenda pesquisa antes de fazer investimentos.
Processos judiciais para recuperar perdas com investimentos em criptomoedas estão em alta nos EUA, destaca artigo do Wall Street Journal. Muitos dos casos são abertos por investidores segundo os quais algumas moedas digitais foram promovidas sob bases falsas.
Andrew Hauser, diretor executivo de mercados do Banco da Inglaterra, disse em painel na quarta-feira que stablecoins como TerraUSD e Tether não fornecem informações em tempo real suficientes sobre seu valor e detalhes sobre como mantêm a conversibilidade, informou a Bloomberg. Em editorial, a agência de notícias alertou que as stablecoins precisam ser reguladas para evitar um colapso ainda pior do que o provocado pelo sistema Terra e uma crise financeira.
E o governo sul-coreano planeja formar um comitê específico para supervisionar o mercado de ativos digitais após o colapso do ecossistema Terra, de acordo com o jornal local NewsPim.
Venezuelanos que negociam criptomoedas em exchanges e provedores de carteira – ou outras plataformas do setor que não possuem autorização de funcionamento do governo da Venezuela – podem se tornar alvo de punições, revelou o site CriptoNoticias. Exchanges internacionais não reguladas no país, como é o caso da Binance P2P, possuem muitos clientes na região.
O desenvolvimento de moedas digitais e das tecnologias de pagamentos pode mudar a forma como o Federal Reserve conduz a política monetária e a composição de seu balanço, questões que o banco central precisará trabalhar para entender, disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams, conforme a Reuters.
Metaverso, Games e NFTs
A Meta, dona do Facebook, anunciou na quarta-feira (1) um benefício para funcionários da empresa que se identificam como pessoas trans, além de seus dependentes, informou a Forbes. O “Suporte e Cobertura de Saúde Transgênera na Meta para a América Latina” inclui serviços médicos e auxiliares, como a cobertura de custos de transição de gênero. O benefício já está disponível no Brasil e no México e também será oferecido na Argentina e Colômbia.
A diretora de operações da Meta, Sheryl Sandberg, considerada a número 2 depois do CEO Mark Zuckerberg, anunciou que vai deixar a empresa após 14 anos para se dedicar a seus projetos filantrópicos.
Um crescente número de artistas busca plataformas musicais que utilizam a tecnologia blockchain para melhorar a distribuição de renda e a relação com fãs, destaca a Exame. O cantor Zeca Baleiro agora faz parte da plataforma brasileira Tune Traders, especializada na tokenização de royalties de música. “Como artista independente, me interessa saber da possibilidade de veicular/comercializar minha música por meio das novas ferramentas que o mundo digital oferece”, disse o cantor.
Com um império de 45 lojas de marca e 19 linhas de produtos que geraram mais de US$ 4 bilhões (R$ 18,9 bilhões) em receita, Paris Hilton, antes rainha das festas, agora reina no metaverso, segundo reportagem da Forbes. O “Neon Carnival” realizado em seu metaverso, o Paris World, contou com 400 mil pessoas e, segundo ela, o evento no mundo real recebeu em torno de 10 mil.
A marca Yeezus, de Kanye West, solicitou 17 pedidos de marca registrada, um sinal de uma possível estreia no universo de tokens não fungíveis, de acordo com o The Block. Os pedidos foram enviados em 27 de maio. Em fevereiro, West criticou os NFTs no Instagram. O post foi deletado.