A Justiça Federal da Paraíba começou a interrogar as testemunhas no caso Braiscompany, empresa criada por Antônio Neto Ais e que é investigada por prática de pirâmide financeira com criptomoedas.
Segundo o site do Jornal da Paraíba, uma vítima que perdeu R$ 20 milhões no golpe, cujo nome não foi divulgado, já foi ouvida na 4ª Vara da Justiça Federal em Campina Grande.
Nessa primeira semana, estão sendo ouvidas testemunhas de acusação e defesa e a previsão é de que os réus sejam interrogados na próxima semana, afirma a publicação.
Em agosto deste ano, a 4ª Vara Federal da Seção Judiciária da Paraíba acatou a denúncia do Ministério Público Federal na ação penal contra os sócios da Braiscompany, que deixaram de pagar os clientes no final de 2022. Na denúncia, além de Ais e sua esposa, Fabrícia Campos, o MPF cita 11 pessoas ligadas ao esquema.
Atualmente, o casal de criadores da Braiscompany estão foragidos da Polícia Federal desde que viraram alvo de prisões temporárias determinadas pela justiça em meio à Operação Halving em fevereiro deste ano. Estima-se que o suposto esquema fraudulento tenha movimentado R$ 1,5 bilhão.
Prisões e apreensões no caso Braiscompany
No decorrer deste ano, a PF e MPF somaram forças em várias ações para investigar, identificar e prender pessoas ligadas ao golpe da Braiscompany, cujo modus operandi não era diferente de vários outros golpes que ficaram globalmente conhecidos. Assim como o casal Ais, muitos golpes usam as criptomoedas — na maioria das vezes Bitcoin e Ethereum — como isca para fazer falsas promessas de rendimentos.
A principal promessa nesses esquemas geralmente é de que traders realizam operações no mercado e assim conseguem alavancar a valorização dos criptoativos. No caso da Braiscompany, o local em que supostamente era feito esse tipo de negociação se chamava Centro Tático Operacional, identificado também pela PF pela sigla CTO.
Em setembro deste ano, o local recebeu a visita dos policiais federais que apreenderam computadores e documentos, pois, em tese, este deveria ser o coração da empresa, onde seriam gerados os supostos lucros prometidos aos investidores.
Na época, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão nos municípios paraibanos de Campina Grande e Lagoa Seca.
Em junho deste ano, agentes da delegacia de Foz do Iguaçu prenderam três ex-funcionários da Braiscompany foragidos da Operação Halving, após o serviço de inteligência da PF localizar os alvos.
No mesmo mês, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ), presidente da CPI das Pirâmides Financeiras instaurada na Câmara para investigar os esquemas que usam criptomoedas para enganar investidores brasileiros, pediu a convocação dos líderes da Braiscompany para prestar depoimentos na comissão. No entanto, não compareceram, já que estão foragidos.
Persona non grata
No mês passado, o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), sancionou uma lei que torna Antônio Neto Ais persona non grata no município paraibano, em decorrência do golpe com criptomoedas que lesou milhares de pessoas em todo o Brasil.
Persona non grata é uma expressão em latim utilizada para indicar alguém que não agrada ou não é bem-vindo; neste caso, Ais é oficialmente malquisto em Campina Grande.
O esquema Braiscompany
A Braiscompany era uma empresa que prometia retornos fixos aos seus clientes por meio do suposto investimento em criptomoedas. O esquema pedia que a pessoa comprasse valores em Bitcoin e os enviasse para uma wallet da empresa.
Em dezembro do ano passado a Braiscompany parou de pagar os clientes. Em fevereiro deste ano, a pirâmide ruiu: o Ministério Público Federal abriu um processo penal contra Neto Ais e Fabrícia Campos e a Justiça autorizou pedidos de prisão preventiva.
Porém, os acusados conseguiram fugir da Polícia Federal e estão há meses foragidos.
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