O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs nesta semana que países da América Latina passem a usar uma criptomoeda em suas operações comerciais como uma nova forma romper com a hegemonia do dólar na região.
Maduro apresentou a sua ideia na terça-feira (14) em Havana durante a 20ª cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP).
Na ocasião, ele defendeu transformar em moeda digital o Sistema Unitário de Remuneração Regional (SUCRE), um projeto de moeda em comum entre os países membros da Alba criado em 2009.
De acordo com o comunicado oficial do presidente, a proposta visa simplificar o comércio de produções de alimentos, petróleo, gás e lítio, entre os países da Alba. Desse modo, a nova versão digital da SUCRE faria parte de um plano maior de desenvolvimento econômico, financeiro e comercial da aliança.
Caso a ideia de Maduro seja adotada, a criptomoeda poderia ser usada nas operações comerciais entre os países que compõem a Alba, como a Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, Dominica, São Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda e Santa Lúcia.
Vale destacar que as decisões tomadas pela cúpula não interferem no Brasil, já que o país não faz parte da aliança. O Uruguai também não é um membro da Alba-TCP, mas como o país integra o SUCRE nas suas operações comerciais desde 2013, poderia aderir a possível nova criptomoeda.
Avanços de Maduro no meio cripto
Ainda muito pouco se sabe sobre os planos de Maduro em tornar a SUCRE uma criptomoeda utilizada pelos países da América Latina, mas os experimentos passados do ditador venezuelano no meio cripto colocam em dúvida o sucesso da iniciativa.
Há três anos a Petro foi lançada na Venezuela, a criptomoeda estatal cujo preço supostamente é lastreado em barris de petróleo. O governo tentou incentivar a popularização da Petro na região usando a criptomoeda para distribuir benefícios para a população, mas mesmo assim o ativo parece ter baixa adesão.
Quando a moeda foi criada, Maduro buscava formas de contornar as sanções dos EUA que pioravam ainda mais a situação econômica do país afundado na hiperinflação. Com o passar dos anos, o projeto controverso e sem transparência da Petro não vingou na Venezuela, mesmo com o país apresentando um maiores níveis de adoção de criptomoedas na América Latina.