A produção de dinheiro pelo Federal Reserve (FED) é uma grande preocupação para o destino dos Estados Unidos como nação mais poderosa do planeta, com a China buscando tomar o posto.
A análise é de Ray Dalio, criador e gerente do fundo Bridgewater Associates e um dos investidores com mais confiança no mundo pelo seu poder de reflexão e previsão.
Em entrevista ao portal Market Watch publicada na quarta-feira (15), Dalio disse que a instabilidade financeira é um dos pilares que pode fazer o império americano ruir — junto com polarização política extrema entre Democratas e Republicanos e o surgimento de um adversário competitivo como a China.
Dalio abordou o tema no seu mais recente livro “Principles for Dealing with the Changing World Order: Why Nations Succeed and Fail” (“Princípios para lidar com as mudanças na ordem mundial: porque nações prosperam e decaem”, em uma tradução para português).
O investidor voltou a falar sobre Bitcoin, ressaltando que tem o ativo em seu portfólio e que considera um feito enorme o fato de a tecnologia do blockchain ter sido criada e sobrevivido sem ser hackeada por mais de uma década.
Ray Dalio e Bitcoin tiveram um começo fora de sintonia. O investidor disse em novembro de 2020 que o Bitcoin seria proibido pelos governos. Na entrevista mais atual, diz que será por alguns, mas não por todos.
Um mês depois, em dezembro daquele mesmo ano, disse que o bitcoin era uma alternativa ‘interessante’ ao ouro.
Em maio deste ano veio a rendição: Dalio disse ter parte de seus investimentos em bitcoin.
O guru chegou a escrever um texto para deixar claro exatamente o que pensa sobre Bitcoin sem ter que passar pelo filtro de um jornalista.
“O Bitcoin — assim como o sistema de crédito fez os banqueiros ricos por volta de 1350, começando pelos Médici — está tornando os seus inventores e aqueles que investiram cedo extremamente ricos. A criptomoeda tem potencial para fazer muitas outras pessoas ricas e romper com o sistema monetário atual”, diz no começo do texto que pode ser lido na íntegra aqui.
Leia Também
Veja abaixo alguns dos temas abordados por Dalio na recente entrevista sobre seu novo livro:
Criação de dinheiro
“Quando eu vejo para onde as finanças dos EUA estão indo, o tamanho do déficit que será criado e o tanto de dinheiro que será criado, isso me preocupa. Existe também o risco, até mesmo a probabilidade, de que os que estão segurando dinheiro irão optar por vender para investir em outras coisas. Se isso acontecer, o Banco Central dos Estados Unidos terá que decidir se aumenta a taxa de juros, o que irá machucar a economia – e eu não acredito que eles possam fazer isso de uma forma significativa. Seria ruim para a economia, para a política e para os mercados se eles tentassem arrumar isso permitindo que os juros aumentem. Então eles provavelmente vão imprimir mais dinheiro, o que irá causar inflação monetária”.
Imposto disfarçado
“A história mostra que quando os países precisam de mais dinheiro e não têm outros meios de conseguir, eles produzem mais dinheiro. Produzir dinheiro não tira dinheiro de ninguém, então politicamente é mais fácil, pois é um imposto escondido. Ninguém reclama de onde o dinheiro veio. Se você o obtém por imposto, todo mundo irá reclamar. A história tem mostrado que o jeito mais fácil é criar mais dinheiro e distribuir”.
Bitcoin
“Tem sido uma incrível conquista do Bitcoin, de conseguir o que conseguiu, partindo da escrita do código do programa, não ter sido hackeado, estar funcionando e ter sido adotado. Eu acredito na tecnologia blockchain; será uma revolução, e por isso ganhou credibilidade”.
É quase como se fosse a alternativa da geração mais jovem para o ouro. Nao tem valor instrínseco, mas tem valor imputado e por isso tem mérito”.
Polarização política
“A Revolução Francesa, a Revolução Russa, a Revolução Chinesa: são exemplos de situações nas quais as divisões ficaram cada vez maiores. E então você tem que escolher um lado e lutar por esse lado. Nós estamos começando a ver isso com a migração de americanos para estados diferentes. Não é uma questão apenas de impostos. É uma questão de valores”.