Autoridades da Ucrânia especializadas em crimes cibernéticos anunciaram na segunda-feira (27) que encerraram a operação de uma rede de call centers que aplicava golpes em estrangeiros ao captar dinheiro prometendo investimentos em criptomoedas.
A rede operava na cidade de Leópolis e os criminosos usavam endereços de IP para entrar em contato com os clientes. O golpe atingiu milhares de investidores estrangeiros, segundo o Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU), que comandou a operação.
As vítimas transferiam dinheiro para contas bancárias e carteiras de cripto. Essa soma depois era transferida para sistemas não regulados e então desviada.
Ucrânia e criptomoedas
A Ucrânia tem uma estreita relação com criptomoedas. No último dia 8 o parlamento ucraniano votou um projeto de lei para tornar as criptomoedas legais dentro do país e permitir que as exchanges operem oficialmente por lá.
As criptomoedas, incluindo o bitcoin, estiveram até agora em uma área legal cinzenta da Ucrânia, o sétimo país mais populoso da Europa. No entanto, a empresa de dados de blockchain Chainalysis classificou os ucranianos, em pesquisa publicada no final de 2020, como os maiores usuários de criptomoedas no mundo.
Se o projeto de lei de fato for transformado em lei, os bancos serão livres para assumir contas de empresas do setor, enquanto os cidadãos que possuem BTC e altcoins terão proteção legal em caso de roubo.
Leia Também
O Ministério da Transformação Digital, criado em 2019 para melhorar a alfabetização digital e o acesso online, elaborou a legislação e será responsável pela implementação da lei, que deve entrar em vigor neste semestre após a alteração do código tributário e a assinatura da legislação pelo presidente .
A entidade está ativa no mercado de criptoativos há meses. Em janeiro, o órgão firmou um acordo com a Stellar Development Foundation para desenvolver uma moeda digital de banco central – versão virtual do hryvnia, a fiat do país – que o Banco Nacional da Ucrânia começou a pesquisar há quatro anos.
Minerando FIFA
Em julho deste ano o SSU foi protagonista de uma história pitoresca. As autoridades encontraram o que inicialmente parceria ser uma gigante fazenda ilegal de mineração de criptomoedas composta por 3.800 máquinas de PlayStation 4 Slim, além de 500 GPUs, 50 processadores, telefones e pen drives.
A peculiaridade do caso chamou atenção e, de acordo com especialistas consultados pela reportagem do portal ucraniano Delo.ua, a suspeita é que aquela não era uma fazenda de mineração de criptomoedas, mas sim uma fazenda de bots de videogame.
O portal Delo.ua procurou as autoridades ucranianas em busca de mais detalhes, mas não obteve uma resposta formal porque a investigação está sob sigilo.
No entanto, uma fonte anônima próxima ao assunto afirmou ao jornal: “Os PlayStations organizaram um pumping de bots do jogo FIFA. E depois a venda deles no mercado”.
Isso significa que os videogames poderiam estar configurados para ficar rodando jogos infinitos com o intuito de conquistar cartas raras do FIFA Ultimate Team, que são vendidas por milhares de dólares em mercados não oficiais.