O Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU) encontrou na semana passada uma gigante fazenda ilegal de mineração de criptomoedas composta por 3.800 máquinas de PlayStation 4 Slim, além de 500 GPUs, 50 processadores, telefones e pen drives.
A peculiaridade do caso chamou atenção e, de acordo com especialistas consultados pela reportagem do portal ucraniano Delo.ua, a suspeita é que aquela não era uma fazenda de mineração de criptomoedas, mas sim uma fazenda de bots de videogame.
A fazenda foi encontrada na cidade de Vinnitsa e estava roubando energia em um galpão na própria sede da fornecedora de eletricidade da região, a Vinnytsiaoblenergo.
Na ocasição o SSU disse que os equipamentos eram usados para minerar criptomoedas, mas a nota não detalhou qual ativo era minerado ou quais alterações foram feitas nas máquinas para permitir a atividade.
Apesar de não ser impossível minerar criptomoedas com PlayStation, a atividade não é lucrativa da mesma forma que seria com o uso de ASICs e GPUs.
O modelo dos milhares de consoles que estavam na fazenda de mineração, o PlayStation 4 Slim, também é um argumento daqueles que acreditam que as criptomoedas não têm relação. O PlayStation 4 Pro, por exemplo, é apenas US$ 100 mais caro, mas quase três vezes mais eficiente para a mineração do que o modelo anterior.
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Fazenda de robôs do FIFA
Com essas suspeitas, o portal Delo.ua procurou as autoridades ucranianas em busca de mais detalhes, mas não obteve uma resposta formal porque a investigação está sob sigilo.
No entanto, uma fonte anônima próxima ao assunto afirmou ao jornal: “Os PlayStations organizaram um pumping de bots do jogo FIFA. E depois a venda deles no mercado”.
Isso significa que os videogames poderiam estar configurados para ficar rodando jogos infinitos com o intuito de conquistar cartas raras do FIFA Ultimate Team, que são vendidas por milhares de dólares em mercados não oficiais.
FIFA é um dos jogos mais populares do PlayStation e permite que o usuário monte o seu próprio time com cartas especiais de jogadores, compradas com dinheiro real. Esse sistema movimenta uma economia fora do jogo, com pessoas dispostas a pagar caro por cartas raras.
Esse modelo gera fortunas para as empresas de games. O analista da empresa Niko Partners, Daniel Ahma, estima que a Electronic Arts — empresa por trás da FIFA — pode lucrar US$ 1,6 bilhão em 2021 apenas com a venda de cartas do Ultimate Team.
Sem as informações oficiais, não é possível estimar quanto os responsáveis pela fazenda de PlayStations lucraram com a atividade. O prejuízo que deixaram para o sistema de energia da região, no entanto, foi grande.
Na segunda-feira (12), a Comissão Nacional de Energia e Serviços Públicos da Ucrânia disse que notou um crescimento fora do normal no custo da eletricidade na cidade de Vinnitsa. O roubo de energia estava gerando um prejuízo de US$ 250 mil por mês para a fornecedora Vinnytsiaoblenergo.