A disseminação de golpes financeiros pela internet contaminou até o amor. O Tinder, aplicativo que promove encontro entre pessoas em busca de relacionamentos, passou a exibir uma mensagem alertando seus usuários contra esquemas fraudulentos envolvendo criptomoedas.
A mensagem aparece como um perfil entre os que são apresentados para o usuário curtir ou não. “Fique de olho em esquemas de cripto ou de enriquecimento rápido”, aconselha o aplicativo. “Se alguém te promover dinheiro fácil, que parece bom demais pra ser verdade, provavelmente é isso mesmo. Confie nos seus instintos e denuncie”, finaliza a mensagem.
Caso o usuário curta o perfil ou deslize para a direita, é enviado para uma página com mais informações sobre golpes financeiros, com conteúdo em inglês.
Veja abaixo o perfil que pede cuidado com golpes envolvendo criptomoedas no Tinder:
O Portal do Bitcoin tentou entrar em contato com o Tinder para obter mais informações sobre a iniciativa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Brasileira perde mais de meio milhão em golpe do Tinder
Em junho do ano passado, o jornal Folha de S. Paulo contou a história de uma administradora de empresas que foi vítima de um golpista que a ludibriou a colocar mais de US$ 120 mil – o equivalente a cerca de R$ 628 mil – em uma falsa corretora de criptomoedas.
A brasileira relatou ao veículo que conheceu pelo Tinder um homem que dizia ser britânico e chamado Jack (a polícia acredita que ele seja um brasileiro com nome falso). Após um período de troca de mensagens e aprofundamento da relação, o criminoso começou a falar de sua suposta especialidade: criptomoedas.
Na primeira fase do golpe, o “criminoso”Jack” explicou como funcionava o ecossistema das criptomoedas com informações verdadeiras, que retirou dos sites de corretoras. Com isso, ganhou ainda mais de confiança da vítima.
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Depois, recomendou que a vítima depositasse dinheiro em uma exchange verdadeira. Nesse ponto “Jack” ganhou ainda mais confiança, pois não pediu senhas ou prints, e Aline ainda teve um ganho de capital com o investimento.
Foi aí o ponto da virada. O golpista recomendou que ela tirasse o dinheiro corretora real e transferisse para uma outra exchange chamada BTX. Segundo ele, “valia mais a pena” financeiramente.
Conforme apurou a Folha de S. Paulo, o site Scamosafe, que detecta a veracidade de alguns sites de investimento, apontou que a BTX Exchange é uma corretora fraudulenta, que oferece investimento com moedas fictícias e não tem nenhuma empresa associada a ela.
Aline aplicou US$ 89 mil na empresa falsa. Ao ver o valor diminuir para US$ 47 mil, ela tentou retirar o dinheiro, sem sucesso. Quando entrou em contato com o suposto atendimento ao cliente, a “corretora” disse que ela tinha taxas e impostos a serem pagos.
“Cada vez que eu conseguia pagar uma taxa nova – e eram muito altas, tipo R$ 30 mil, R$ 45 mil – chegava outra. Aí tinha a lista de espera, se eu quisesse passar na frente, tinha que pagar mais uma taxa”, disse Aline.
Ao todo, ela gastou 37.568 tokens USDT – a stablecoin da Tether, pareada ao dólar – em taxas.
Golpes no Tinder
O uso de aplicativos de relacionamento para atrair vítimas para estelionatos tem sido cada vez mais comum. A prática ficou muito famosa com o lançamento em fevereiro deste ano da série documental “O Golpista do Tinder” na Netflix.
No caso, o israelense Simon Leviev promovia um golpe complexo, no qual conhecia mulheres pelo Tinder. O criminoso promovia um primeiro encontro em um jato, com viagem internacional e comidas luxuosas como caviar. Assim que ganhava a confiança, começava a pedir dinheiro.
A série mostra que pelo menos três mulheres foram financeiramente gravemente lesadas por Leviev.
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