A crise entre a Binance e o governo da Nigéria se acirrou com as alegações do CEO da corretora, Richard Teng, de que em uma reunião em janeiro deste ano, autoridades nigerianas tentaram subornar a empresa para encerrar a disputa com os reguladores.
Em nota na quarta-feira (8), o Assistente Especial do Ministro da Informação e Orientação Nacional, Rabiu Ibrahim, disse, segundo publicação do Bloomberg, que as alegações são infundadas e que trata-se de um esforço coordenado da Binance para desacreditar o governo nigeriano e desviar a atenção das acusações que a empresa enfrenta atualmente no país.
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As alegações de Teng constam no artigo publicado na terça-feira (7) onde o foco era pedir a liberdade do executivo da Binance, Tigran Gambaryan, preso desde fevereiro no país. Teng afirma que após uma reunião em janeiro deste ano, “nossos funcionários foram abordados por pessoas desconhecidas que lhes sugeriram efetuar um pagamento para regularização das denúncias” e que de seu advogado teria sido exigido “um pagamento significativo em criptomoeda a ser pago em segredo dentro de 48 horas”.
Apesar de não ter mencionado valores, uma publicação do The New York Times afirma que “em uma viagem à Nigéria em janeiro, Tigran Gambaryan recebeu uma mensagem perturbadora: a empresa tinha 48 horas para efetuar um pagamento de cerca de US$ 150 milhões em criptomoedas”, cerca de R$ 770 milhões.
Nigéria nega qualquer tentativa de suborno
Rabiu Ibrahim se manifestou sobre o tema e disse que a afirmação do CEO da Binance não tem substância. “Não passa de uma tática diversiva e de uma tentativa de chantagem por parte de uma empresa desesperada para ofuscar as graves acusações criminais que enfrenta na Nigéria. Os fatos desta questão continuam a ser que a Binance está a ser investigada na Nigéria por permitir que a sua plataforma seja utilizada para lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e manipulação cambial através do comércio ilegal”, disse.
Para o funcionário do governo, o processo contra a Binance deve parar na Justiça.
“Gostaríamos de lembrar à Binance que não limpará seu nome na Nigéria recorrendo a afirmações fictícias e campanhas difamatórias na mídia. A única maneira de resolver os seus problemas será submetendo-se a uma investigação desobstruída e ao devido processo judicial. O governo da Nigéria continuará a agir dentro das suas leis e normas internacionais e não sucumbirá a qualquer forma de chantagem de qualquer entidade, local ou estrangeiro”, finalizou Ibrahim.
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As declarações do CEO da Binance torna mais acirrada a crise com a Nigéria, iniciada antes mesmo da prisão dos executivos. Segundo apurou o DLNews, a comunidade cripto pressiona para que a Binance forneça nomes para provar suas alegações de suborno.
A prisão de executivos da Binance
Tigran Gambaryan foi detido junto com seu colega, o gerente regional da Binance para a África, Nadeem Anjarwalla, em fevereiro, quando as autoridades do país conduziram uma investigação sobre exchanges de criptomoedas.
Sob os termos de uma ordem judicial, as autoridades foram posteriormente autorizadas a deter a dupla sem acusações por 14 dias, cujo prazo terminou no início de março; uma audiência em meados de março posteriormente concedeu uma extensão do período de prisão.
Na última semana de março, Nadeem Anjarwalla escapou da custódia e fugiu do país. O executivo, que tem dupla cidadania britânica e queniana, entregou seu passaporte britânico às autoridades nigerianas, mas acredita-se que tenha usado seu passaporte queniano para embarcar em um voo em um “avião do Oriente Médio”.
No fim de março, Tigran Gambaryan abriu um processo contra o governo nigeriano por violar seus direitos humanos fundamentais, através de uma moção no Tribunal Superior Federal em Abuja, solicitando uma declaração de que a apreensão de seu passaporte violou a constituição da Nigéria.
Ele também pediu que o Escritório do Conselheiro de Segurança Nacional (ONSA) e a Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros (EFCC) fossem obrigados a pedir desculpas por sua detenção.
Em um comunicado, a Binance insistiu que Gambaryan não violou nenhuma lei nigeriana e que não tem poder de decisão na empresa. Mas esse argumento foi rejeitado no tribunal nigeriano.
No dia 8 de abril, o juiz Emeka Nwite, do Tribunal Superior Federal de Abuja, determinou a transferência de prisão de Tigran Gambaryan. Gambaryan passou por uma audiência de custódia e está agora em uma cela subterrânea sob supervisão da agência anticorrupção da Nigéria. Até então, ele estava detido em uma casa de hóspedes do governo.
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