O IPO, abertura de capital, da exchange norte-americana Coinbase está marcado para 14 de abril. Especula-se que o valor de mercado seja próximo de US$ 150 bilhões, ou seja, mais que os gigantes Goldman Sachs, Charles Schwab, e HSBC. Com isso, os investidores questionam se o BNB, o token da Binance, não estaria subavaliado em US$ 85 bilhões, mesmo após a alta de 1.240% acumulada em 2021.
Como a Coinbase pode valer tanto?
Crescimento e dominância. A empresa apresentou uma receita de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2021, além de 54 milhões de clientes cadastrados. Se excluirmos as exchanges que não possuem conta bancária própria para depósitos e saques, a Coinbase representa cerca de 40% do volume.
Além disso, a exchange é a principal referência no mercado institucional, as empresas e fundos de investimento. Isso é válido tanto para o trade quanto na área de custódia, que é inclusive aprovada pelo regulador New York State Department of Financial Services (NYDFS). São mais de US$ 100 bilhões em criptos de clientes sob a responsabilidade da empresa.
Quanto vale a Binance?
Não importa, pois o BNB não é uma fatia da Binance, nem tampouco possui relação direta com os lucros da empresa. Existe um mecanismo de ‘burn’ (queima) de moedas, no entanto, desde o lançamento já haviam informado que o limite em circulação seria de 100 milhões.
Em suma, as moedas canceladas nunca haviam entrado no mercado. Por esse motivo, estimar o valor de mercado do grupo Binance é irrelevante. BNB não é um token de valor mobiliário, e até a informação de que 20% dos lucros seria utilizado na recompra (buyback) foi removida do site.
De onde vêm o valor do BNB?
Inicialmente, dos descontos de corretagem e direito a participar na plataforma de ofertas da exchange. Em seguida, com o lançamento de sua exchange descentralizada (DEX), diversas moedas passaram a ser listadas apenas em Tether (USDT) e BNB.
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Mais recentemente, com o sucesso da Binance Smart Chain (BSC), o token BNB é necessário para pagar as taxas dos smart contracts e transferências. Além disso, é amplamente utilizado no staking, a remuneração das aplicações descentralizadas.
A rede BSC é quase um clone da Ethereum, trabalhando com Proof of Stake (PoS), a prova de participação. Desse modo, elimina as altas taxas, porém deixa o sistema semi-centralizado.
BNB pode subir mais?
Sim. Conforme mencionamos, o token ganha nova utilização a cada ano, e a tendência é que as DEX ganhem cada vez mais espaço. Embora não possua nenhuma relação com a Coinbase, os investidores de BNB (e demais tokens de exchanges) sabem fazer marketing.
Desse modo, é natural que os holders tentem colocar na mídia matérias relacionando a precificação do IPO Coinbase ao potencial de valorização do BNB.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.