A rede do Bitcoin (BTC) ficou 2 horas e 19 minutos sem receber nenhum bloco na manhã desta quinta-feira (1º). Esse é o segundo maior intervalo de tempo entre blocos desde 2011, conforme apontou no Twitter o jornalista chinês Colin Wu.
De acordo com os dados do BTC.com, o funcionamento da blockchain estava dentro do considerado normal até o bloco 689,300, minerado às 7h27 pelo Poolin — o quarto maior pool de mineração do mundo.
O tempo médio entre os blocos vem sendo de cerca de dez minutos. No entanto, o bloco 689,301 foi gerado pelos mineradores do pool Foundry USA apenas às 9h46 — uma demora de 129 minutos.
“Esse intervalo de tempo entre os blocos que nós não estamos acostumados reflete a queda do hashrate da rede, que acontece porque alguns mineradores chineses estão desligando as máquinas no momento”, explica Bruno Ely Garcia, um desenvolvedor brasileiro especializado no Bitcoin Core.
O hashrate do bitcoin, que mede o poder de mineração da rede, atingiu 58.98 EH/s no início da semana, o nível mais baixo desde agosto de 2019, segundo os dados do BitInfoCharts. Nesta quinta, o hashrate está em torno de 87.98 EH/s.
O declínio do poder da rede se intensificou depois que províncias chinesas, que concentravam grandes fazendas de mineração, passaram a banir a atividade. “Enquanto os mineradores estão em processo de migração para novas regiões, as máquinas estão desligadas, causando a queda do hashrate”, diz Garcia.
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Com menos máquinas para validar as transações, a rede fica mais lenta e prolonga o intervalo entre um bloco e outro. No início da semana já foi notado esse padrão anormal, quando caiu para 23 minutos o tempo médio de confirmação de um bloco, o nível mais alto em 11 anos.
Esse intervalo entre um bloco e outro, no entanto, não é fixo. Nesta mesma manhã em que um bloco levou mais de duas horas para ser minerado, outro foi adicionado à blockchain em apenas três minutos.
“A mineração do bitcoin funciona como uma loteria, você pode dar sorte e encontrar um bloco super rápido. No final das contas, é tentativa e erro”, explicou Garcia. “Esse comportamento incomum será resolvido no próximo ajuste de dificuldade da rede, então não tem com o que se preocupar”.
Ajuste de dificuldade do Bitcoin
A dificuldade de mineração de um bloco se torna mais fácil ou mais difícil a cada duas semanas, dependendo do número de mineradores trabalhando na rede.
A estimativa é que o próximo ajuste, previsto para acontecer no sábado (3), torne a mineração de bitcoin 26,4% mais fácil, segundo o BTC.com. A dificuldade deve cair de 19.93 T para 14.67 T no maior ajuste para baixo da história da criptomoeda.
Será a primeira vez que a rede sofre três ajustes negativos de forma consecutiva desde o final de 2018. Em 30 de maio e 14 de junho, a dificuldade já havia caído 16% e 5%, respectivamente.