Um dos processos penais contra Glaidson Acácio dos Santos, criador da GAS Consultoria conhecido como “Faraó do Bitcoin“, teve sua primeira audiência na Justiça do Rio de Janeiro na quarta-feira (24). Foram sete testemunhas de acusação do Ministério Público do Rio de Janeiro em audiência presidida pelo juiz Gustavo Khalil, titular da 1ª Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado do Tribunal de Justiça.
Glaidson, que está preso no presídio federal em Catanduvas (PR), participou por videoconferência da audiência, segundo informações da Agência Brasil. O criador da GAS Consultoria responde por financiamento de organização criminosa e a próxima audiência ocorre no dia 4 de setembro, com as testemunhas de defesa de Glaidson.
Paralelamente, Glaidson é réu também na Justiça Federal, por crime contra o sistema financeiro nacional. Este caso foi originado da Operação Kryptos, realizada pela Polícia Federal e que resultou na prisão do “Faraó” em agosto de 2021.
No caso da Justiça Federal, já ocorreu neste ano uma primeira audiência. A segunda está prevista para ocorrer no dia 10 de setembro.
Testemunho de policiais
A primeira testemunha a prestar depoimento na audiência de ontem foi o delegado Guilherme de Paula Machado Catramby, que descreveu a operação que resultou na prisão de Glaidson, o modo de atuação da quadrilha, e a função do réu como líder da organização criminosa.
Os policiais Marcelo Ricardo Santos da Silva e Carlos Magno Maurício de Souza falaram sobre a investigação da morte do investidor de criptomoedas e youtuber Wesley Pessano, do qual Glaidson é suspeito de participação. Segundo as investigações, Wesley seria concorrente do acusado nas transações envolvendo criptomoedas.
A quarta testemunha ouvida foi o também policial civil Rubens Barbosa da Silva, que falou sobre sua participação nas investigações das tentativas de homicídios de Nilson Alves da Silva e de João Victor Rocha da Silva Guedes. Glaidson também é acusado de ser o mandante da execução dos dois, apontados como seus concorrentes.
O policial Guilherme de Almeida Ferreri descreveu a forma como atuou na investigação da organização criminosa em Cabo Frio, onde Glaidson é acusado de ser o líder.
O segurança privado de banco e investidor, Wellington Ribeiro Câmara, foi o penúltimo a depor, negando que tivesse sofrido qualquer tipo de ameaça por sua atuação no mercado. A diretora da Divisão de Evidência Digitais e Tecnologia do MPRJ, Maria do Carmo Gargalhone, falou sobre as técnicas de perícia utilizadas durante as investigações pelo departamento técnico do Ministério Público.
A história do “Faraó do Bitcoin”
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação de pirâmide financeira desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.
Glaidson, que ficou conhecido como “Faraó do Bitcoin”, foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 na Operação Kryptos. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto outros conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, que foi acabou presa em janeiro deste ano em Chicago, Estados Unidos, por morar ilegalmente no país.
Diversas pessoas próximas ao casal confirmam que a divisão de tarefas dentro da GAS era clara: Glaidson lidava com as pessoas e Mirelis com o dinheiro.
No ano passado, a GAS Consultoria fez parte de uma extensa lista de empresas convocadas na CPI das Pirâmides, que também intimou Glaidson. Em depoimento, o ex-garçom protagonizou uma série de bate-bocas com alguns deputados e chegou a ser chamado por um parlamentar de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.
Além do roubo do dinheiro de milhares de investidores brasileiros pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.
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