A comunidade de um pequeno vilarejo no litoral de El Salvador, conhecido como ‘Praia do Bitcoin’, está realizando uma campanha beneficente em memória à surfista Katherine Díaz.
A atleta de 22 anos morreu em março após ser atingida por um raio enquanto surfava na praia El Tunco. Ela era um dos nomes mais promissores do surfe de El Salvador e treinava para garantir uma vaga na Olimpíada de Tóquio, a primeira edição dos jogos a contar com a modalidade.
Mais cedo no mesmo dia que faleceu, Díaz tinha assinado um patrocínio para treinar para o mundial sem se preocupar com dinheiro pela primeira vez — ela seria paga em bitcoin.
Ela era uma das 3 mil pessoas que moram na vila El Zone, considerada a primeira experiência no mundo de economia circular com bitcoin. Naquela praia, a maioria das pessoas não possuem conta bancária e a criptomoeda garante o fortalecimento econômico do local.
Os moradores e atletas da região se organizaram para dar continuidade aos sonhos da jovem e criaram uma entidade sem fins lucrativos chamada Katy Diaz Surf Foundation. Com apoio dos familiares de Katherine, a fundação realiza uma campanha global para arrecadar fundos e construir um centro de treinamento em à atleta.
“Em um momento de escuridão, há oportunidade de criar algo positivo; levantar uma equipe e um país que nunca teve o apoio que merece; e para criar a primeira equipe nacional de esportes do mundo que os bitcoiners ao redor mundo possam se orgulhar”, tuitou Miles Suter, um dos organizadores da campanha.
As doações feitas em bitcoin vão custodiar a criação do centro de treinamento, além de financiar programas de incentivo para os jovens surfistas da região.
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A meta da campanha é arrecadar 10 bitcoins (cerca de R$ 3 milhões). A empresa de pagamentos Cash App, do criador do Twitter Jack Dorsey, foi uma das principais apoiadoras da causa e fez uma doação inicial de US$ 100 mil.
Praia do Bitcoin
O pequeno vilarejo de El Zone se tornou a ‘Praia do Bitcoin’ depois que um doador anônimo fez uma grande doação de bitcoin para a região em meados de 2020.
De acordo com uma reportagem da Forbes, uma das condições para que a doação acontecesse era que os fundos não fossem convertidos em dinheiro fiduciário, de tal forma que uma economia baseada em bitcoin se formasse na região.
Desde então, a população local passou a adotar bitcoin como a moeda principal e o ativo é aceito em praticamente todos os serviços que funcionam na região.
O empresário Michael Peterson ficou responsável por dirigir a organização Bitcoin Beach e administrar os fundos doados. No início da pandemia do coronavírus, a entidade distribuiu toda semana US$ 50 em bitcoin para os moradores do vilarejo.
A organização também financia diversos projetos na região. No início do ano, as equipes masculinas e femininas de surfe – incluindo a de Katherine Díaz – foram patrocinadas pelo organização e entraram para a história como a primeira equipe nacional a ser financiada exclusivamente por bitcoin.