O Bitcoin se manteve acima de US$ 110 mil durante boa parte de terça-feira, mas na manhã desta quarta (11) recua para US$ 109.285, zerando os ganhos nas últimas 24 horas. Em reais, o BTC é negociado a R$ 609.150, de acordo com dados do Portal do Bitcoin.
A postura dos investidores segue cautelosa antes da divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos, que podem afetar a perspectiva de juros do Federal Reserve para o restante do ano.
A expectativa gira em torno do relatório do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de maio, que será divulgado às 9h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira.
Economistas projetam que o núcleo do CPI suba 0,3% em relação a abril, enquanto o índice cheio deve avançar 0,2% na comparação mensal e 2,4% na base anual, de acordo com dados do MarketWatch. Já os números do índice de preços ao produtor (PPI) devem ser divulgados na quinta-feira.
“Os mercados parecem estar em compasso de espera enquanto os traders aguardam novos catalisadores — especialmente os dados de inflação dos EUA, que podem mudar as expectativas em relação ao Fed”, disse Lukman Otunuga, analista sênior de mercado da FXTM, ao Decrypt. “Enquanto isso, o ouro continua em foco, com um rompimento técnico podendo sinalizar uma nova tentativa de alcançar máximas históricas.”
Uma inflação mais persistente pode adiar os cortes de juros esperados e pressionar os ativos de risco, mas, até o momento, a perspectiva do mercado permanece otimista.
Os futuros dos fundos do Fed indicam que os mercados apostam em um corte em setembro, com uma probabilidade de 61% precificada, segundo a ferramenta FedWatch da CME.
“A atual alta é menos especulativa e mais estrutural do que em ciclos anteriores”, afirmou Rachael Lucas, analista de criptoativos da BTC Markets. “Capital institucional, ETFs e tesourarias corporativas estão desempenhando um papel significativo em manter a pressão compradora.”
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Lucas destacou uma posição comprada alavancada de US$ 54,5 milhões que recentemente impulsionou o movimento de alta. Segundo ela, o suporte permanece firme em torno de US$ 105.500.
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A Strategy, antiga MicroStrategy, agora detém 582.000 Bitcoin. A japonesa Metaplanet planeja levantar US$ 5,4 bilhões para ampliar suas reservas de Bitcoin, enquanto o The Blockchain Group busca captar US$ 342 milhões — sinais de que a demanda continua elevada, apesar das incertezas futuras no mercado.
No setor de ETFs, o iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, atingiu US$ 70 bilhões em ativos, o ETF mais rápido da história a chegar a esse valor. Já os ETFs de Ethereum registraram 15 dias consecutivos de entradas, somando US$ 837,5 milhões, segundo dados da CoinGlass.
Os sinais macroeconômicos também se tornaram mais favoráveis, com as negociações comerciais em andamento entre EUA e China, o Reino Unido suspendendo a proibição de ETFs de criptomoedas e Hong Kong avançando com testes de CBDCs em parceria com a Chainlink.
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Analistas sugerem que este ciclo pode estar evoluindo para um “superciclo”, caracterizado por correções menos profundas e maior resiliência institucional.
“No entanto, isso não significa que esteja isento de riscos”, acrescentou Lucas. “Reversões regulatórias, escassez de liquidez ou fluxos competitivos para outros ativos digitais como Ethereum ou Solana podem limitar o potencial de valorização.”
Se houver aumento na realização de lucros ou se o Federal Reserve sinalizar um ritmo mais lento para cortes de juros, os títulos do governo podem voltar a atrair investidores, o que representaria um obstáculo para os preços das criptos, alertou Lucas.
Ainda assim, as projeções de preço de empresas como Bitwise e VanEck variam entre US$ 180 mil e US$ 200 mil para o Bitcoin até o fim do ano, desde que os fluxos de entrada continuem e as condições macroeconômicas sigam favoráveis.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.