A Justiça Federal de Porto Alegre (RS) recebeu comunicação de que a empresa Indeal – acusada de funcionar como uma pirâmide financeira com criptomoedas e desviar dinheiro de clientes – decretou falência. A informação é de reportagem da Gaúcha Zero Hora publicada no sábado (4).
Segundo o jornal, com a decretação da falência, os bens que foram sequestrados pela Justiça – ativos financeiros, imóveis e veículos – devem ser enviados para a Regional Empresarial da Comarca de Novo Hamburgo, cidade onde funcionava a empresa. A 7a Vara Federal também não deverá mais aceitar novos pedidos de reserva de penhoras, valores e informações de endereços dos réus.
Por outro lado, a ação penal contra a companhia e os sócios continua em andamento. Em julho do ano passado, o Ministério Público Federal pediu a condenação de 15 réus.
O fim do esquema, que consistia em oferecer falsos rendimentos de até 15% ao mês em investimentos em Bitcoin, ocorreu em 2019 com a operação Egyto da Polícia Federal (PF) que levou à prisão de vários suspeitos. A Procuradoria da República no RS requer que os acusados paguem R$ 1,19 bilhão a título de reparação de danos a 23,2 mil consumidores lesados.
Além do golpe de pirâmide, os acusados também respondem ao crime de lavagem de dinheiro devido à grande quantidade de valores enviados para o exterior. Eles converteram o dinheiro arrecadado dos investidores em criptomoedas em corretoras como Binance e Poloniex. Os EUA cooperaram com as investigações e congelaram US$ 24 milhões (cerca de R$ 136 milhões) em criptomoedas oriundas da fraude.
Desde a derrubada do esquema em 2019, os clientes da Indeal tentam reaver os investimentos na Justiça. Segundo a Gaúcha Zero Hora, existem diversos relatos de vítimas que venderam bens como carros, imóveis e terrenos para aplicar na Indeal e nunca mais tiveram acesso ao dinheiro.
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Golpe da Indeal começou em 2017
Desde 2017 a Indeal captava recursos para investimento em criptomoedas e prometia ganhos de até 15%, sendo que no primeiro mês essa porcentagem era declarada como garantida.
Alguns sócios apresentaram uma evolução patrimonial descomunal — teve sócio que passou de menos de R$ 100 mil para dezenas de milhões de reais em cerca de um ano.
O tipo de negócio chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que proibiu a empresa de operar no Brasil.
De acordo com o Superintendente da PF no RS, a Operação Egyto foi iniciada a partir de um e-mail. Nele, a pessoa questionava a legalidade dessa companhia que “estava captando recursos para investimentos com criptomoedas, que possuía capital social de R$ 100 milhões e prometia 15% de retorno ao mês”.
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