Nos dias anteriores a 25 de dezembro, os profetas do Bitcoin receberam um presente de Natal antecipado: o BTC disparou de volta para acima dos US$ 50 mil, após um tempo se arrastando na faixa dos US$ 40 mil. No dia 27 de dezembro, o preço atingiu US$ 52 mil, o maior nível desde o início daquele mês.
Mas os 12 dias restantes de Natal foram cruéis. Tem sido um 2022 brutal até agora. Uma queda de 11% no preço na última semana e um acumulado negativo de 17,5% nas duas semanas que passaram colocaram o Bitcoin abaixo dos US$ 42 pela primeira vez desde setembro.
Quem ou que deve ser culpado pela queda, que também resultou em perdas de dois dígitos para Ethereum, Solana, Terra e outros ativos importantes?
É o Cazaquistão, que absorveu 18% do hashrate de Bitcoin após a repressão da China e ficou sem internet e primeiro ministro essa semana? É o Federal Reserve, que está se preparando para aumentar a taxa de juros? Podemos apenas culpar Elizabeth Holmes e acabar com isso?
No meio dessa semana, a Arcane Research pontuou que o cenário já estava azedo. “A atividade de transações de Bitcoin está incomumente parada desde o Natal, com pequenos volumes e volatilidade”, escreveu a agência em um relatório no dia 4 de janeiro. “A baixa volatilidade se manifestou como uma lenda e firme redução no preço do Bitcoin”.
Não satisfeita com os rumores do mercado, os especuladores começaram a se voltar para posições alavancada, nas quais pessoas pegam dinheiro emprestado para fazer apostas em preço futuro. Nestes casos, a maioria das pessoas estava esperando que o preço subisse.
Isso não foi bom para muita gente. Liquidações diárias atingiram US$ 250 milhões nas maiores exchanges do mundo. Uma liquidação significa que a corretora fechou a posição do trader e debitou as garantias – nesse caso, Bitcoin – pelo fato de o preço ter se movido na direção errada e os clientes não possuem mais ativos para manter o contrato aberto.
Liquidações podem causar uma espiral de queda nos preços, pois as pessoas passam a vender suas posições. Esse fator se juntou com a notícia de que o Federal Reserve pretende aumentar a taxa de juros nos EUA.
O Head de Trading da XBTO, Paul Eisma, disse ao Decrypt que o Banco Central dos EUA pretende domar a curva da inflação tornando mais caro o empréstimo de dinheiro. A notícia disparou vendas em mercados de risco ações, equities, e cripto.
“Dinheiro novo tende a ser colocado para trabalhar em um novo ano em todas as classes de ativos, mas os investidores serão cautelosos e irão avaliar por suas próprias medidas os níveis e o timing após esses chacoalho da economia”, disse Eisma.
Entretanto, nem tudo é destruição e trevas, A Glassnode disse em um relatório que a expectativa é que o preço lateralize por um tempo. Mas nos bastidores várias coisas estão acontecendo.
“Enquanto a atividade onchain (no relatório) aponta para uma demanda anêmica do varejo e ‘turistas de mercado’, a dormência das moedas continua impressionante e sinais de acúmulo de dinheiro mais inteligente e paciente permanecem intactos”.
A tradução: a maioria dos holders estão acumulando BTC e esperando um “bear market” (de quedas violentas). Fazendo isso, estão aos poucos diminuindo a disponibilidade do ativo, o que aumenta a demanda, e, assim, o preço.
Agora, quanto aos motivos do volume de transações estar baixo no começo de toda essa cadeia de eventos, é melhor falar com o Cazaquistão, o FED ou até mesmo Elizabeth Holmes.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.co.