“A Bolsa surpreendeu, mas outros ativos tiveram desempenho superior: o dólar subiu 29%, e o ouro, 56%. O astro, contudo, foi o bitcoin”, disse o presidente do Instituto Mises Brasil, Helio Beltrão, em sua coluna na Folha de São Paulo no início da semana.
No entanto, no artigo, intitulado ‘O crescimento do bitcoin’, o economista alertou: “O risco de momentos como o atual é que todo exagero na alta enseja uma correção significativa”.
Para Beltrão, o mundo em 2021 carece de um dinheiro global via internet devido à fragmentação e centralização de sistemas financeiros. Logo, ele parece sugerir que isso motiva as pessoas a adquirir o bitcoin, já que um dos maiores problemas para quem não tem uma conta em banco é fazer uma transferência internacional.
Ele destacou o aumento da maior criptomoeda do mercado usando um dos conceitos que o bitcoin ganhou desde que surgiu, “a internet do dinheiro”. Porém, não é o que acontece na vida real.
“O bitcoin não tem sido usualmente utilizado como meio de pagamento, que é a proposta dos demais”, escreveu Beltrão, acrescentando:
“Ao contrário, gradualmente avançado como reserva de valor, apesar de sua volatilidade alta. Mais de 60% de todos os bitcoins não saíram da carteira do dono nos últimos 12 meses. Ou seja, seu uso primário tem sido reserva de poupança de longo prazo”.
Ouro e Bitcoin
Beltrão ressaltou os termos ‘ouro digital’, comumente usados para realçar a escassez da maior das criptomoedas cujo valor de mercado é de mais de US$ 700 bilhões no momento do texto. Ou seja, um ativo que não confere direito a rendimento, não paga juros nem dividendos, mas que é escasso e por isso o interesse público.
Falando em escassez, assim como o bitcoin é finito, pois só vão existir 21 milhões de unidades, Beltrão também ‘desenhou’ a escassez do ouro: “Todo o estoque do metal acima do solo perfaz um cubo com apenas 21 metros de altura, que cresce pouco mais que 1% ao ano”.
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Novos investidores na Bolsa e Bitcoin
Beltrão também destacou os “mais de 2 milhões de brasileiros que passaram a investir em Bolsa nos últimos 18 meses, em especial a partir do início da pandemia”. Para ele, os novatos se deram bem ao pegar o mercado em seu pior momento. “Tiraram onda dos profissionais”, disse.
Ele disse que a Bolsa surpreendeu, mas o destaque ficou para o ouro, dólar e bitcoin, ressaltando o crescimento em cinco vezes o valor da criptomoeda. Essas performances, disse, atraiu pela primeira vez uma onda de investidores institucionais de grande porte, como Microstrategy, e investidores individuais, como Paul Tudor Jones.
“Alguns apostam que Elon Musk, da Tesla, será o próximo e que a Amazon, mais dia, menos dia, passará a aceitar a criptomoeda em suas transações”, comentou.
Outro ponto que Beltrão enfatizou foram os aplicativos que estão se popularizando no mundo, como Alipay e WeChat, pro amplo, sinal de inclusão financeira global. Sobre isso, ele ainda destacou a emperrada moeda do Facebook e o Pix no Brasil como inovações.
Alta do bitcoin
O bitcoin superou a marca de R$ 200 mil pela primeira vez na história às 21h50 desta quarta-feira (06) em forte movimento de alta que já dura alguns meses. Em dólar, a criptomoeda também bate recordes e supera os US$ 37 mil.
A capitalização de mercado total — ou o preço combinado de todas as criptomoedas atualmente em circulação — ultrapassou a marca de US$ 1 trilhão.