Os nigerianos continuam a comprar Bitcoin (BTC) em grande escala, mesmo com medidas anticripto impostas pelo governo. Embora os bancos e outras instituições financeiras sejam proibidos de negociar criptomoedas na Nigéria, essa classe de ativos não é considerada ilegal.
Mas o crescimento na adoção do BTC na Nigéria não é de agora e vem de longa data, desde 2017, pelo menos, quando os cidadãos passaram a confiar na maior criptomoeda do mundo, tanto como investimento quanto reserva de valor.
Nos últimos anos, a alta desenfreada da inflação elevou o BTC a um outro patamar no país africano, que passou a contar com mais empresas do setor de criptomoedas, como as exchanges p2p LocalBitcoins e Paxful, além de aplicativos de carteiras para celular.
O pico foi em 2020, quando a Nigéria ocupou, entre os 154 países estudados, o 8º lugar em termos de adoção de criptomoedas, de acordo com um relatório da Chainalysis.
Em agosto do ano passado, o jornal The Guardian destacou o crescimento desenfreado na adoção do bitcoin no país africano, “alimentado pela repressão política, controles de moeda e inflação galopante”.
Mas o que mudou de lá para cá? Os nigerianos continuaram correndo para comprar BTC. Afinal, a economia do país ainda colapsa por causa da inflação e da deterioração econômica global.
Em junho de 2022, a taxa de inflação aumentou para 18,60% Na Nigéria, 0,84 ponto porcentual maior em comparação com a taxa registrada em junho de 2021, de 17,75%. Os dados são da agência do governo federal, Nigerian Stat.
Bitcoin na Nigéria
A Nigéria tem se colocado como um dos principais expoentes da utilização em massa do bitcoin e mais recentemente das stablecoins. Muitos nigerianos, no entanto, trocam a moeda digital no mercado de pessoa para pessoa (peer-to-peer, P2P na sigla em inglês), onde as transações são precificadas em dólares, por conta dos bancos locais serem proibidos de intermediar valores relacionados a criptomoedas.
Relatórios das exchanges p2p LocalBitcoins e Paxful reforçam o crescente apetite dos nigerianos pelas criptomoedas. A LocalBitcoins marcou recentemente um aumento de 258% nas compras de BTC em comparação com os números da semana passada, aponta uma publicação do Crypto Potato.
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Do lado da Paxful, a empresa diz que no primeiro semestre deste ano, o volume de negociação na Nigéria atingiu quase US$ 400 milhões, com mostra o site Punch.
Aliás, a Paxful afirma que a África foi responsável por sua marca de 10 milhões de usuários. Segundo a empresa, quase US$ 3 bilhões foram negociados globalmente na exchange em 2021 — um crescimento de 1.200% em relação a 2020, de acordo com dados compartilhados pelo site All Africa. Só na Nigéria, o volume foi superior a US$ 760 milhões e os usuários do país ultrapassaram a marca de 2 milhões, “apesar da crise financeira global”.
Um relatório da empresa de consultoria Morning Consult revelou que a Nigéria é o país do mundo com maior atividade em criptomoedas, conforme descreve uma reportagem do jornal Valor Econômico no último dia 17, que destacou que 55% dos adultos do país afirmam negociar no setor pelo menos uma vez por mês.
Nigerianos driblam cerco
Desde que a população nigeriana começou a intensificar a adoção do bitcoin como uma alternativa contra a inflação, o Banco Central da Nigéria (CBN) passou a tomar medidas para tentar conter o hype. Em fevereiro do ano passado, proibiu instituições financeiras de processar transações com bitcoin.
Os nigerianos, então, criaram condições para seguir o caminho da descentralização mesmo com o cerco. Um mês depois, o país ganhou seu primeiro caixa eletrônico de bitcoin.
A resposta do CBN foi criar a forma digital de sua moeda oficial, que foi batizada de Naira Digital, “eNaira”, com o objetivo de melhorar o sistema de pagamentos no país. Criou-se também o slogan “mesma Naira, mais possibilidades”e um site dedicada à iniciativa.
Não é só o bitcoin o inimigo do governo. Com a desvalorização da Naira, os nigerianos também aumentaram suas apostas no dólar, a ponto do chefe do CBN, Godwin Elefiele, emitir um alerta às instituições financeiras, políticos e pessoas de alto perfil. Segundo o site Business Post, Elefiele pediu a essas pessoas e entidades para não sacarem Nairas com o objetivo de convertê-las em dólares apenas para mantê-los.
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