O mercado de criptomoedas opera sem rumo definido nesta terça-feira (20) em meio à queda dos índices acionários globais após uma medida vista como sinal de aperto monetário pelo banco central do Japão.
O Bitcoin (BTC) opera com estabilidade nas últimas 24 horas, cotado a US$ 16.828,44. O Ethereum (ETH) avança 2%, para US$ 1.209,52, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC também opera com pouca variação, com alta de 0,2%, negociado a R$ 88.898,64, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
No mercado cripto, o destaque fica para a aquisição pela Binance dos ativos da Voyager Digital e da Tokocrypto, exchange com sede na Indonésia. E, para surpresa do próprio advogado de Sam Bankman-Fried, o fundador da FTX concordou em ser extraditado para os EUA.
As altcoins vão em direções opostas, entre elas BNB (0,0%), XRP (+0,5%), Dogecoin (-5%), Cardano (-2,2%), Polygon (-0,4%), Polkadot (-0,5%), Shiba Inu (-3,8%), Solana (+0,6%) e Avalanche (-0,5%).
A corretora de criptomoedas Huobi Global, cuja sede fica nas Ilhas Seychelles, vai remover 16 tokens de sua plataforma, incluindo sua moeda digital nativa com foco em mineração, o Huobi Pool Token. As deslistagens vão ocorrer às 8h UTC (5h no Brasil) na próxima sexta-feira (23).
Bolsas e títulos globais
A terça-feira é de queda para os índices acionários e de alta para os rendimentos do Tesouro dos EUA após uma medida do Banco do Japão (BoJ), que finalmente seguiu os passos de outros bancos centrais globais ao apertar a política monetária, de acordo com a Bloomberg.
Em sua reunião nesta terça-feira, o BoJ ajustou seu programa de controle da curva de juros para permitir que os rendimentos dos títulos de 10 anos possam subir para cerca de 0,5% contra o limite anterior de 0,25%, contrariando as previsões de que a política seria mantida.
A decisão elevou o iene ao nível mais alto em mais de quatro meses frente ao dólar e impulsionou os rendimentos dos títulos japoneses em 20 pontos-base. Apesar da reação do mercado, o BoJ disse que o ajuste visa facilitar a transmissão das medidas para aumentar a liquidez.
‘Caixa preta’ da Binance
Uma reportagem da Reuters buscou averiguar as contas declaradas pela Binance nos 14 países onde a exchange de criptomoedas afirma possuir algum tipo de licença para operar. Ao solicitar documentos nas mais diferentes jurisdições, foi constatado que as contas da Binance são uma “caixa preta” até mesmo para os locais onde a corretora possui algum tipo de “licenças regulatórias, registros, autorizações e aprovações”, de acordo com informações publicadas na segunda-feira (19).
Em resposta à Reuters, o diretor de estratégia da Binance, Patrick Hillmann, disse que a análise dos registros das filiais do grupo nos 14 países é “categoricamente falsa”. “Somos uma empresa privada e não somos obrigados a divulgar nossas finanças corporativas”, disse, explicando que, por outro lado, as informações que são obrigados a reportar a certos reguladores são “imensas” e muitas vezes levam seis meses para serem divulgadas.
Crise de confiança
Enquanto isso, Joseph Edmund Johnson, irmão do ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson, renunciou ao cargo de consultor de uma subsidiária da Binance, informou o Telegraph. Joseph Johnson foi consultor da Bifinity, empresa de tecnologia de pagamento lançada pela Binance em março deste ano.
Parte da crise de confiança de investidores na Binance e em outras exchanges centralizadas após o colapso da FTX tem a ver com comprovar que os ativos dos clientes estão garantidos. Com a desistência da consultoria francesa Mazars em fazer esse tipo de relatório, os questionamentos aumentaram.
“A Mazars está tentando reduzir seu perfil de risco”, disse RA Wilson, CTO da plataforma 1GCX, ao CoinDesk InfoMoney. “Sua equipe provavelmente descobriu que está com falta de pessoal e não tem tanto conhecimento sobre a indústria cripto quanto precisaria para conduzir uma auditoria abrangente.”
À medida que a saúde financeira da Binance se torna mais incerta, o CEO Changpeng “CZ” Zhao não ofereceu nada além de bandeiras vermelhas, opina Genevieve Roch-Decter, CEO da GRIT Capital, em artigo na Consensus Magazine, onde destaca pontos questionáveis sobre a situação da exchange durante uma entrevista recente de CZ à CNBC.
Compra de ativos da Voyager
Em meio às incertezas, a maior exchange cripto do mundo continua sua expansão. Sua unidade nos EUA, a Binance.US, vai adquirir os ativos da Voyager Digital, plataforma de crédito cripto que está sob recuperação judicial nos EUA. A compra, avaliada em US$ 1,02 bilhão, será oficialmente executada apenas quando o tribunal de falências aprovar o pedido da Voyager, decisão que deve sair em 5 de janeiro.
A Binance também comprou 40% da participação que restava na corretora cripto Tokocrypto, da Indonésia. Após assumir o controle, a Binance demitiu o CEO da empresa indonésia e anunciou a demissão de 58% da força de trabalho, de acordo com comunicado.
Extradição de fundador da FTX
Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, concordou em ser extraditado para os Estados Unidos, disse um de seus advogados na segunda-feira (19), após uma audiência caótica, conforme o New York Times. Bankman-Fried enfrenta acusações de fraude nos EUA relacionadas à quebra da FTX, que tem sede nas Bahamas. Jerone Roberts, um advogado de defesa de Bankman-Fried, disse a repórteres que seu cliente havia concordado em ser extraditado voluntariamente e que não estava a par do plano de SBF, como é conhecido.
O Modulo Capital, um fundo de hegde multiestratégia, recebeu um empréstimo de US$ 400 milhões da Alameda Research, a empresa de investimentos de Bankman-Fried, informou o CoinDesk. O fundo, que não tem relação com a gestora brasileira de mesmo nome, foi fundado por três ex-traders da Jane Street, uma empresa de Nova York onde Bankman-Fried e Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda, trabalharam antes de entrarem no mercado cripto. O Modulo Capital opera no mesmo condomínio de luxo das Bahamas em que os dois residiam.
E a formadora de mercado Auros entrou com pedido de recuperação judicial nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa tem cerca de US$ 20 milhões em ativos bloqueados na FTX, mostram documentos judiciais publicados pelo The Block.
Outros destaques
A Grayscale Investments disse que a empresa pode estudar novas opções para devolver uma parte do capital do Grayscale Bitcoin Trust a acionistas se não conseguir transformar o maior fundo de Bitcoin do mundo em um ETF, ou fundo de índice, conforme o Wall Street Journal.
Essas opções podem incluir uma oferta de compra de até 20% das ações em circulação do fundo de US$ 10,7 bilhões, disse o diretor-presidente da Grayscale, Michael Sonnenshein, em carta aos investidores vista pelo jornal.
O fundo cripto mais recente da firma de venture capital a16z ainda tem muitos recursos para desembolsar, disse Chris Dixon, sócio-geral e fundador da empresa, em entrevista ao podcast The Scoop, do The Block. O último fundo da a16z, conhecido como “Crypto Fund 4” e com US$ 4,5 bilhões em ativos, foi lançado em maio. “Desembolsamos menos de 50%, então ainda temos a maior parte de nossa captação de fundos recente”, disse Dixon.
A a16z saiu relativamente ilesa do colapso da FTX, enquanto muitos outros grupos de venture capital, como Coinbase Ventures e Sequoia, tiveram de zerar seus investimentos. “Francamente, nunca levamos aquilo a sério”, disse Dixon, descrevendo sua experiência com a FTX e seu único encontro com o fundador e ex-CEO Sam Bankman-Fried.
No entanto, na América Latina, o capital de risco para unicórnios evaporou, o que obrigou algumas das startups mais promissoras da região, inclusive do setor cripto, a demitir funcionários, repensar planos de crescimento e recorrer a empréstimos bancários para obter financiamento, conforme a Bloomberg. O financiamento para companhias em estágio avançado despencou 92% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação para Investimento de Capital Privado na América Latina (LAVCA, na sigla em inglês).
Mesmo com o cenário desafiador, a Pods Finance captou R$ 29,7 milhões na cotação atual do dólar em uma rodada de financiamento semente, segundo a Exame. A startup fundada pela brasileira Rafaella Baraldo tem foco em criar produtos estruturados para criptoativos utilizando a tecnologia de finanças descentralizadas.
O Twitter vai restringir as votações sobre as principais decisões de políticas da plataforma aos assinantes pagantes do Twitter Blue, disse o proprietário da empresa, Elon Musk, em um de seus primeiros tuítes após a consulta que decidiu por sua renúncia ao posto de CEO.
A Visa avalia que a StarkNet, uma blockchain de camada 2 baseada na Ethereum, pode ajudar a reduzir a distância entre as criptomoedas e o mundo real ao permitir a utilização de carteiras autocustodiais para o pagamento de contas com mais facilidade. Embora pagamentos recorrentes automáticos sejam comuns em aplicativos bancários móveis tradicionais, esta é uma tarefa mais difícil em blockchain, de acordo com proposta da Visa.
O senador americano Sherrod Brown sugeriu que reguladores federais dos EUA, como a SEC e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC), deveriam “talvez” considerar a proibição das criptomoedas. No entanto, durante entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC, também admitiu que essa proibição seria “muito difícil”, porque a indústria cripto poderia começar a operar no formato offshore.
Essa visão é corroborada por Isac Costa, sócio do escritório Warde Advogados e professor do Ibmec e do Insper, em artigo no Portal do Bitcoin. Em sua opinião, se alguns países estabelecem um padrão rígido, surgirão paraísos regulatórios: “Não adianta olhar apenas a regulação em um único país e, ainda assim, sempre haverá o risco de que algumas empresas fujam, estabelecendo-se em países menores e continuem a ofertar seus serviços, conduta conhecida como ‘arbitragem regulatória’.”
No Reino Unido, a Lei dos Serviços e Mercados Financeiros (FSMB, na sigla em inglês), que pode dar aos reguladores mais poder sobre os criptoativos, deve ser aprovada no segundo trimestre de 2023, disse um porta-voz do Tesouro ao CoinDesk por e-mail. A FSMB já foi debatida na Câmara dos Comuns e deve ter sua segunda leitura na câmara alta do parlamento, a Câmara dos Lordes, até 10 de janeiro.
A produtora de videogames Epic Games vai pagar US$ 520 milhões após um acordo com a Agência de Proteção ao Consumidor dos EUA (FTC), que acusa a empresa de violar normas relacionadas à privacidade de seus clientes, na maior parte menores de idade, informou o Globo.
Mais de 100 bitcoins vinculados à extinta exchange cripto canadense QuadrigaCX foram transferidos de carteiras frias durante o fim de semana, depois de ficarem inativos por mais de três anos. A consultoria Ernst and Young (EY), responsável por administrar a falência da empresa, não iniciou as transferências, segundo o CoinDesk. Em fevereiro de 2019, a EY perdeu o controle de cerca de 100 BTC após transferi-los por equívoco para carteiras frias operadas pela Quadriga aos quais não tinha acesso.
A QuadrigaCX faliu em 2019 após a aparente morte do fundador e CEO, Gerald Cotten, a única pessoa que tinha acesso aos fundos nos últimos dias da empresa, de acordo com a EY. Os 104,34 bitcoins nesses endereços estavam bloqueados até a última sexta-feira (16), quando os tokens nas cinco carteiras da Quadriga começaram a ser transferidos. O valor seria equivalente a cerca de US$ 1,7 milhão (2,4 milhões de dólares canadenses), de acordo com a cotação no momento da publicação do artigo.
A Polygon fechou uma parceria com o aplicativo de neobanco Hi para lançar uma plataforma que permite aos usuários cunhar tokens não fungíveis (NFTs) e obter um cartão de débito com foco na web3, de acordo com o The Block. Chamado de NFT Debit Mastercard, o cartão permite gastar moedas digitais ou fiduciárias em 90 milhões de comerciantes globais. Os usuários também podem cunhar qualquer NFT pessoal, como uma foto de perfil, para estampá-lo no cartão de débito sem pagar taxas de transação.
Medicina personalizada, metaverso e energia verde são algumas das tendências que devem ganhar espaço nos investimentos em 2023, segundo estudo da gestora americana Global X, especializada em fundos de investimentos temáticos, publicado pelo Valor.
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