O mercado de criptomoedas opera com ganhos nesta quarta-feira (15), apesar da investida de reguladores nos EUA, enquanto as bolsas internacionais se recuperam das perdas após o impacto negativo dos números da inflação americana, que segue elevada.
O Bitcoin (BTC) sobe 1,9% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 22.155,76. Em reais, o BTC avança 2,1%, para R$ 115.283,76, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) ganha 2,9%, negociado US$ 1.551,53, segundo dados do Coingecko.
As principais altcoins também sobem, entre elas BNB (+1,8%), XRP (+3,9%), Cardano (+6,8%), Polygon (+5,5%), Solana (+1,9%), Polkadot (+1,6%) e Avalanche (+2,6%).
Destaque também para as memecoins Dogecoin (+5,8%) e Shiba Inu (+4,6%), que sobem após o dono do Twitter, o bilionário Elon Musk, tuitar uma série de fotos de seu cachorro Floki, da raça Shiba, sentado na cadeira da presidência da empresa. “O novo CEO do Twitter é incrível”, brincou o empresário.
The new CEO of Twitter is amazing pic.twitter.com/yBqWFUDIQH
— Elon Musk (@elonmusk) February 15, 2023
Regulação no Brasil
Em meio ao aperto regulatório nos EUA, autoridades no Brasil já se movimentam para acelerar a implementação de regras por aqui.
Segundo o Cointelegraph, o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) preparam um decreto para regulamentar a Lei n.º 14.478, aprovada no ano passado. O documento deve definir quem será o regulador responsável pelo mercado de criptoativos e quais serão suas competências.
“O MF está elaborando, em conversa com o BCB e CVM, proposta de Decreto para a definição dos órgãos ou entidades da Administração Pública federal responsáveis pelas competências previstas na Lei”, disse ao Cointelegraph a Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério da Fazenda.
De acordo com a reportagem, o BC deve supervisionar agentes financeiros do mercado, como exchanges, carteiras, plataformas de empréstimo cripto, entre outros. Já a CVM deve ser responsável pelos emissores de criptoativos, sejam eles empresas ou entidades descentralizadas. Mas a agência também vai monitorar emissões e negociações de derivativos, por exemplo.
Já o projeto do real digital, a moeda virtual do Banco Central, está pronto para decolar. Durante participação no BTG Pactual CEO Conference 2023 na terça-feira (14), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, declarou que o projeto piloto vai “começar já”. Mas Campos Neto não deu detalhes sobre datas e escopo do programa.
Bitso e BUSD
Investidores no Brasil estão atentos às medidas de reguladores nos EUA e possíveis impactos no mercado doméstico.
Após a Paxos ser obrigada a suspender a emissão da Binance Coin (BUSD), stablecoin atrelada ao dólar, a corretora cripto Bitso vai suspender temporariamente saques e depósitos do token. A exchange disse ao InfoMoney que os recursos de usuários estão seguros, e que não prevê impactos devido à medida, já que os demais tokens com paridade ao dólar continuarão recebendo suporte para aportes ou liquidações.
As criptomoedas emitidas pela Paxos seguem disponíveis em outras plataformas brasileiras, como Mercado Pago, MB, e NovaDAX, conforme reportagem do InfoMoney. Além da BUSD, a Paxos emite outras criptomoedas, como a Pax Dollar (USDP), também indexada à moeda americana, e a Pax Gold (PAXG), atrelada à cotação do ouro.
Fuga rumo à Tether
A incerteza regulatória nos EUA levou muitos investidores a vender BUSD e apostar em stablecoins que não são submetidas à supervisão dos xerifes do mercado americano.
O valor de mercado da Tether (USDT) havia aumentado em US$ 1 bilhão nas últimas 24 horas até a terça-feira (14).
Desde o início de fevereiro, US$ 2,5 bilhões foram aplicados na USDT, elevando a oferta total de US$ 67,8 bilhões para US$ 69,4 bilhões até a terça-feira, segundo a Bloomberg, que cita números do site de dados DeFiLama. No mesmo período, a stablecoin USDC, da Circle, registrou saídas de US$ 1,45 bilhão, e a BUSD, da Paxos, perdeu US$ 710 milhões. Ambas operam sob a supervisão das autoridades dos EUA.
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Com as novas entradas na USDT, sua participação de mercado subiu para 51%, de acordo com o DeFiLama.
Clara Medalie, diretora de pesquisa da empresa de dados Kaiko, não vê essa migração como positiva.
“Essencialmente, agora ficamos com a Tether”, disse Medalie à Bloomberg TV. “Nunca é bom ter todos os riscos concentrados em uma única entidade centralizada, mas temo que, com a Tether, tenhamos isso agora.”
CEO da Binance se distancia de BUSD
O CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, disse que o setor de criptomoedas pode se afastar de stablecoins atreladas ao dólar e até reavaliar equivalentes algorítmicas diante do aperto regulatório dos EUA.
“A quantidade de pressão exercida sobre as stablecoins é bastante significativa. Várias agências estão pressionando o segmento”, disse CZ em sessão de perguntas e respostas no Twitter Spaces na terça-feira.
O executivo também buscou se distanciar dos problemas envolvendo a BUSD. “A BUSD não é emitida pela Binance”, disse. “Temos um acordo para permitir que eles [Paxos] usem nossa marca, mas isso não é algo que criamos.”
CZ também criticou uma matéria da Bloomberg segundo a qual a concorrente Circle teria alertado reguladores e acusado a Binance de não ter reservas suficientes para garantir a BUSD. “Não acredito que a Circle faria isso (…)”, disse o CEO da exchange.
Intimação de Bankman-Fried
Enquanto isso, as investigações sobre o colapso da exchange cripto FTX continuam.
Sam Bankman-Fried, fundador da corretora, e seu pai Joseph receberam intimações como parte do processo de recuperação judicial da FTX, assim como os ex-executivos do grupo Caroline Ellison, Gary Wang e Nishad Singh, de acordo com documentos judiciais.
Joseph Bankman, Ellison, Wang e Singh ou seus representantes devem fornecer uma série de documentos em 16 de fevereiro, enquanto a data para Bankman-Fried é 17 de fevereiro. Bankman-Fried se declarou inocente das alegações de fraude na FTX.
Na terça-feira, a Justiça aprovou a venda de alguns investimentos, tokens e ações da FTX, informou o The Block. E um investidor da exchange decidiu processar empresas de venture capital e de private equity – como Sequoia, Thomas Bravo e Paradigm – que financiaram o antigo império de Bankman-Fried, segundo a Bloomberg.
Outros destaques das criptomoedas
As exchanges Binance e Huobi bloquearam US$ 1,4 milhão em criptomoedas vinculadas à invasão da Harmony – ponte que permite a movimentação de tokens entre diferentes redes – e aos supostos hackers norte-coreanos, de acordo com dados da empresa de rastreamento Elliptic divulgados pelo CoinDesk. A Elliptic disse que forneceu informações às duas exchanges, o que as levou a congelar as contas. Os fundos do hack de US$ 100 milhões foram rastreados por meio do Tornado Cash, serviço de mixagem criptomoedas.
O marketplace de tokens não fungíveis (NFTs) Blur, concorrente do OpenSea, concluiu a distribuição de seus tokens BLUR na terça-feira (14). No chamado “airdrop”, alguns traders receberam mais de US$ 1 milhão em tokens cada um, segundo a cotação no momento, mostram dados da Dune citados pelo Decrypt. Nesta quarta-feira, o volume de negociação com o token BLUR, que chegou a valer US$ 5, já supera US$ 500 milhões.
A Blur também está em busca de financiamento com investidores que avaliaria a plataforma em US$ 1 bilhão, disseram duas fontes ao The Block. Com esse valor, a plataforma de NFTs já seria considerada um unicórnio. O objetivo da Blur é captar entre US$ 15 milhões e US$ 30 milhões. A empresa não respondeu a pedidos de comentário.
O MB (Mercado Bitcoin), maior plataforma de ativos digitais da América Latina, listou o WEMIX Coin, criptoativo do ecossistema da Wemix. A plataforma foi uma das primeiras a unir um histórico de sucesso em games tradicionais com uma mecânica de “Play and Earn” (Jogar e Ganhar). O ativo já está disponível para compra e venda na plataforma do MB. Com negociações a partir de R$ 1, o criptoativo aproxima o universo gamer da web3.
A agência Cappuccino Digital vai investir R$ 1 milhão em web3, informou o jornal O Globo. A expectativa é que, em cinco anos, 30% da receita da agência venha de projetos na web3, incluindo os internacionais. Vitor Elman, fundador da Cappuccino, disse que a aproximação das duas pontas de um negócio proporcionada pela tecnologia pode ser uma boa oportunidade para pequenas empresas.
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