O temor de recessão sob o efeito do aperto monetário global derruba os índices acionários e também reduz o apetite por criptomoedas.
O Bitcoin (BTC) recua 3,8% nas últimas 24 horas, para US$ 17.037,23. O Ethereum (ETH) perde 5,7%, cotado a US$ 1.213,35, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o Bitcoin (BTC) registra baixa de 2,7%, negociado a R$ 90.541,06, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins mais negociadas também operam no vermelho, entre elas BNB (-5%), XRP (-4%), Dogecoin (-6,1%), Cardano (-4,9%), Polygon (-4,9%), Polkadot (-1,7%), Shiba Inu (-3,3%), Solana (-4,9%) e Avalanche (-5,8%).
A exchange cripto Gemini ficou fora do ar por mais de três horas desde o final da quinta-feira devido a uma manutenção programada, disse a empresa sem outra explicação. Em novembro, a Gemini disse que os saques de seu produto de renda passiva foram suspensos, já que sua parceira Genesis Global também interrompeu as retiradas.
Mercado cripto no Brasil
A corretora de criptomoedas Crypto.com anunciou que obteve uma licença de Instituição de Pagamento (IP) do Banco Central do Brasil. Em nota à imprensa, a corretora de Singapura informou que a licença permite atuar como Emissor de Moeda Eletrônica, uma categoria dentro das modalidades de IP.
A autorização foi publicada no Diário Oficial da União no dia 13, conforme apurou o Portal do Bitcoin. A empresa que registrou o pedido é a Foris GFS BR Instituição de Pagamento Ltda. Os executivos da companhia são os mesmos da Crypto.com. O documento mostra que a Foris possui sede em São Paulo e tem capital social de R$ 18,8 milhões.
Ainda no Brasil, destacando a negociação de criptoativos, o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), João Pedro Nascimento, defendeu na quinta-feira (15) ampliação do horário de funcionamento dos mercados no Brasil, de acordo com o Valor Investe.
“Um dos aspectos da criptoeconomia que seduz alguns usuários é o fato de funcionar todas as horas, todos os dias, sem exceção. Isso seria perigoso trazer para o mercado organizado. Mas temos que, aos poucos, pensar eventualmente em ampliar o horário de funcionamento do mercado de capitais também como uma ferramenta de inclusão”, afirmou, ao participar do Seminário Regional do Centro OCDE-CVM de Educação e Letramento Financeiro para a América Latina e o Caribe (ALC).
Em meio à expansão do volume de ativos sob custódia no Brasil, o BNY Mellon também está de olho no mercado de criptoativos. “Temos um projeto de custódia de ativos digitais e várias iniciativas de laboratório na área de tokenização de ativos”, disse ao Valor o chefe de operações do BNY Mellon Brasil, Peterson Paz. “Mas é um outro mundo e tratamos como um projeto especial, pouco a pouco vamos começar a oferecer aos clientes.”
Venda de ativos da FTX
A exchange cripto FTX solicitou permissão a um tribunal federal para vender várias subsidiárias, incluindo a LedgerX, o braço de derivativos com sede nos EUA.
Em documento apresentado ao Tribunal de Falências de Delaware, os advogados da FTX disseram que é prioridade para a atual administração “explorar” a venda ou encontrar outras transações estratégicas para determinadas subsidiárias.
A quebra da FTX atingiu várias empresas do setor e chocou o mercado, mas relatório da empresa de análise de dados Chainalysis mostra que o impacto para investidores de criptomoedas foi menor do que o causado pelas crises anteriores neste ano.
Segundo um cálculo das perdas e ganhos realizados semanalmente de todas as carteiras individuais ao longo de 2022, o derretimento da stablecoin UST da Terra e o colapso da plataforma de crédito cripto Celsius e do fundo Three Arrows Capital (3AC) geraram um prejuízo muito maior para investidores: US$ 20,5 bilhões no caso da UST e US$ 33 bilhões com a Celsius e 3AC, contra US$ 9 bilhões com a FTX.
No caso das startups de jogos, Yat Siu, cofundador da desenvolvedora de games Animoca Brands, disse à Bloomberg Television que o impacto “é muito pequeno”. O executivo acrescentou que a Animoca está fazendo o que pode, mas “não está tão ruim quanto temíamos”. Em sua opinião, “muitas pessoas em nosso setor estão comemorando” a prisão de Bankman-Fried devido ao peso que ele tinha no setor.
Em entrevista ao Valor, Erik Oioli, fundador do VBSO Advogados, diz que a crise da FTX também reforça a necessidade de regulação. “Você está lidando com patrimônio de pessoas, e é muito fácil, diante da ausência de regras, manipular o mercado.”
Reservas da Binance
Análise da plataforma CryptoQuant divulgada pelo CoinDesk afirma que a Binance não apresenta os riscos da FTX. A empresa citou dados em blockchain (on-chain) para embasar uma auditoria recente segundo a qual as reservas de criptomoedas da maior exchange do mundo estão garantidas, levando em conta os ativos e passivos da corretora.
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Em meio à pressão sofrida com os saques recentes, o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, disse no Twitter Space que uma plataforma centralizada oferece mais proteção aos usuários, que correm risco de perder suas criptos com a autocustódia.
Deslistagens na Binance
A Binance planeja deslistar quatro criptomoedas que não atendem mais aos padrões exigidos pela corretora. Segundo nota da equipe de suporte, no próximo dia 22, às 9h UTC (6h de Brasília), serão removidos os tokens Mithril (MITH), Tribe (TRIBE), Augur (REP) e Bitcoin Standard Hashrate Token (BTCST).
Em resposta, a equipe por trás do projeto Mithril (MITH), uma moeda digital com foco em redes sociais, exige que a Binance devolva 200 mil tokens BNB (cerca de US$ 52 milhões) que supostamente foram pagos em 2018 para a listagem do ativo na plataforma.
Outros destaques
A prisão do fundador da FTX nesta semana pode reduzir ainda mais o investimento de empresas de venture capital em startups cripto. No entanto, alguns empresários e investidores dizem que os negócios estão acontecendo, embora com muito mais escrutínio do que no passado, de acordo com o Wall Street Journal. “Você vê perguntas mais difíceis dos investidores”, disse Alex Gluchowski, diretor-presidente da Matter Labs, uma startup de blockchain.
A Amber é uma das empresas que conseguiram levantar capital em meio à crise. A plataforma de negociação e crédito cripto captou US$ 300 milhões principalmente para clientes que perderam dinheiro com os produtos da plataforma devido à implosão da FTX, disse o cofundador e CEO Michael Wu em entrevista à Bloomberg.
Outro sinal positivo no setor de venture capital veio de Hong Kong. Dois fundos de índice da cidade que investem em futuros de Bitcoin e Ether levantaram US$ 79 milhões em meio aos planos do governo local para se tornar um hub de criptoativos.
A Microsoft lançou uma atualização para o Azure, seu serviço de nuvem, que proíbe o uso do sistema para minerar criptomoedas sem autorização por escrito prévia da gigante de tecnologia, informou a Exame. A atualização também inclui outras proibições como distribuição de spam e tentativas de obter acesso não autorizado a outros serviços.
O Twitter suspendeu as contas da plataforma rival Mastodon e de vários jornalistas proeminentes que fazem a cobertura de notícias sobre Elon Musk, o novo dono da rede social. Na quinta-feira, repórteres de publicações como Washington Post, New York Times, Mashable e CNN foram bloqueados e seus tuítes não estavam mais visíveis, de acordo com a Bloomberg. Musk justificou a decisão por motivos de segurança, argumentando que esses jornalistas postaram sua localização em tempo real.
Regulação, CBDCs e Cibersegurança
Para a empresa israelense Fireblocks, uma das maiores custodiantes de cripto, o projeto de moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) do Brasil está entre os mais avançados. “Temos observado os desenvolvimentos [de CBDCs] em todo o mundo e o Brasil é um dos mais desenvolvidos, então estamos conversando com os bancos e o Banco Central para entender mais sobre o ecossistema e vendo onde podemos alavancar nossa tecnologia para apoiá-los”, disse Varun Paul, diretor de infraestrutura de mercado e CBDC da Fireblocks, em entrevista ao InfoMoney.
Na União Europeia, os presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão do bloco assinaram um acordo conjunto que define as prioridades antes das próximas eleições europeias de 2024. Na lista de 164 projetos de lei — alguns já em negociação e outros ainda por apresentar — está o euro digital, informou o The Block.
Na França, aumenta a pressão para que o governo feche uma brecha regulatória da indústria cripto no país, segundo o Financial Times. Hervé Maurey, membro da influente comissão de finanças do Senado, propôs uma emenda à legislação para eliminar uma cláusula que permitiria que empresas de ativos digitais registradas operassem sem uma licença regulatória completa até 2026. Com incentivos, a França tem atraído exchanges cripto como a Binance para operar no país.
Nos EUA, o Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York (NYDFS) divulgou diretrizes relacionadas a ativos digitais para bancos regulamentados pelo estado, estabelecendo quais informações as instituições financeiras devem enviar antes de obter aprovação para atuar no setor de criptoativos.
De volta ao Brasil, a Polícia Federal lançou na quinta-feira (15) a operação Scelerum Fructus contra uma quadrilha especializada em realizar fraudes e estelionato na Internet. No total, a PF cumpre cinco mandados de prisão preventiva, além de 11 ordens de busca e apreensão e mais oito de sequestro de bens, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas, no Tocantins.
Metaverso, Games e NFTs
“Apenas US$ 99! São ótimos presentes de Natal”. Foi dessa maneira que o ex-presidente americano Donald Trump anunciou na quinta-feira (15) o lançamento de uma coleção própria de tokens não fungíveis (NFTs).
As artes digitais do ex-mandatário – investigado atualmente pela suspeita de envolvimento no ataque ao Capitólio dos EUA em janeiro de 2021 e pelo suposto roubo de documentos secretos do governo, que teriam sido jogados em privadas – estão à venda pelo equivalente a cerca de R$ 500 no site oficial da coleção.
E outra coleção, a Footballer’s Journey, também já disponível para venda, quer contar a história de sucesso de grandes nomes do futebol em um novo formato de NFTs: histórias em quadrinhos, conforme a Exame. O jogador do Real Madrid Vinicius Jr. e o francês Raphaël Varane, finalista na Copa do Catar, são alguns dos destaques da coleção.