O mercado de criptomoedas segue embalado nesta quarta-feira (30) pela decisão favorável da Justiça dos EUA para a possível conversão do maior fundo de Bitcoin do mundo em um ETF de BTC à vista. Na renda variável, os principais índices acionários revertem os ganhos da madrugada com novos dados que mostraram avanço da inflação na Alemanha e na Espanha.
O Bitcoin (BTC), que atingiu a marca de US$ 28 mil na terça, sobe 5,6% nas últimas 24 horas, para US$ 27.410,91, segundo dados do Coingecko.
Exchanges descentralizadas receberam cerca de 30 mil bitcoins antes da vitória da gestora Grayscale nos tribunais que obriga a SEC a revisar o pedido para transformar seu Grayscale Bitcoin Trust em um ETF de BTC à vista.
Em reais, o BTC avança 5,2%, cotado a R$ 133.683,12, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) ganha 4,6%, negociado a US$ 1.717,49.
As altcoins acompanham os ganhos, com destaque para BNB (+3,6%), XRP (+3,1%), Cardano (+2%), Dogecoin (+4,5%), Solana (+6,6%), Polkadot (+1,1%), Polygon (+5%), Shiba Inu (+2,4%) e Avalanche (+2,3%).
Mercado reage à vitória da Grayscale
A decisão favorável de um tribunal federal dos EUA sobre o pedido da gestora Grayscale Investments para converter seu Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) em um fundo de índice (ETF) de BTC à vista foi comemorada por especialistas e traders de criptomoedas.
A sentença obriga a SEC, agência que regula os valores mobiliários nos EUA, a revisar sua negativa ao produto e pode abrir caminho para o primeiro ETF de Bitcoin spot no mercado americano.
“Embora isso não signifique a conversão imediata do veículo de investimento, é uma vitória muito importante para a indústria e deve acelerar o processo para a aprovação dos ETFs spot nos EUA. Gradativamente, a SEC vai ficando encurralada e sem argumentos válidos para negar tal produto financeiro”, disse Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, em entrevista ao Portal do Bitcoin.
“O mais provável é que a SEC venha a aprovar a conversão do GBTC e, consequentemente, outros pedidos de ETF também, como os da BlackRock, Ark e Fidelity”, acrescentou. “Cada vez mais se torna uma questão de ‘quando’, e não ‘se’, os ETF spot serão aprovados.”
A SEC tem 45 dias para decidir se vai acatar a decisão, solicitar que todo o tribunal federal de apelações em Washington revise a sentença ou encaminhar um recurso diretamente para a Suprema Corte. A agência disse na terça-feira que está revisando a decisão.
Apesar da sentença favorável, não há garantia legal para que a Grayscale fure a fila de pedidos para o lançamento de um ETF de Bitcoin à vista nos EUA, disse ao Financial Times Teresa Goody Guillén, sócia da BakerHostetler.
Advogados disseram ao FT que a Grayscale teria que registrar um novo pedido para seu ETF. E também não há garantia de que será aprovado, pois a SEC pode rejeitá-lo por outros motivos.
Além disso, vários especialistas avaliaram que o pedido da gestora brasileira Hashdex para lançar o mesmo produto no mercado americano tem grandes chances de aprovação, devido à escolha de trabalhar com uma bolsa regulada, a CME.
Nate Geraci, presidente da consultoria financeira The ETF Store, descreveu a proposta da Hashdex/NYSE como uma “jogada brilhante”, segundo o Financial Times.
A SEC tem até sexta-feira, antes do fim de semana do feriado do “Labor Day”, para responder às solicitações de registro da Bitwise, BlackRock, VanEck, WisdomTree e Invesco. Grande parte do mercado acredita que a reguladora vai adiar a decisão para outubro.
Maior fundo de Bitcoin do mundo
O Grayscale Bitcoin Trust é o maior fundo de Bitcoin do mundo, com ativos de US$ 17,4 bilhões. O fundo teve o maior ganho desde julho de 2021 depois da decisão judicial favorável.
As ações do GBTC deram um salto de 17% na terça-feira (29), o que reduziu seu desconto em relação aos ativos do fundo para cerca de 18%, em comparação com uma diferença de quase 50% em dezembro, mostram dados da Bloomberg.
No entanto, especialistas alertam que só o fato de o fundo ainda ser negociado com desconto pode ser um sinal de que os investidores não apostam em uma conversão rápida do GBTC em um ETF.
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Fundo ETF de Bitcoin à vista
O potencial do mercado para ETFs de Bitcoin à vista pode girar em torno de US$ 150 bilhões, semelhante ao valor de ativos em fundos de índice atrelados à cotação do ouro, de acordo com Eric Balchunas, analista da Bloomberg Intelligence. Como consultores financeiros administram cerca de US$ 30 trilhões em ativos nos EUA, seria necessária apenas uma alocação de cerca de 0,5% para impulsionar os ETFs de Bitcoin para US$ 150 bilhões, acrescenta.
Em artigo no portal Inteligência Financeira, André Franco, chefe de pesquisa do MB, destaca que a aprovação da SEC seria o sinal verde para que grandes instituições dos EUA busquem exposição ao Bitcoin.
“Se a objeção do regulador para aprovar o ETF de Bitcoin foi, até hoje, uma preocupação com a manipulação do mercado, uma decisão positiva é um endosso à confiabilidade do BTC e do mercado cripto no geral”, avalia Franco.
“Além disso, há uma ‘consequência positiva acessória’, que é a praticidade. Para grandes instituições, fazer a própria custódia de ativos digitais não é vantajoso, e um ETF ligado ao preço do Bitcoin resolve essas dores de gestão”, ressalta.
CVM multa Faraó do Bitcoin
A diretoria da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou na terça-feira (29) Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó do Bitcoin”, sua ex-esposa Mirelis Diaz e a empresa fundada pela dupla, a GAS Consultoria, por operação fraudulenta e oferta de títulos mobiliários sem registro, segundo a Folha de S. Paulo.
A multa foi dividida em R$ 34 milhões para cada um, e agência os proibiu de atuar no mercado por 102 meses. Santos, Diaz e a GAS Consultoria podem recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, embora não tenham apresentado defesa no julgamento da CVM, de acordo com o jornal.
“Ficou amplamente demonstrado pela Acusação o abalo ‘gravíssimo’ e ‘sistêmico’ provocado pelo esquema à credibilidade, transparência e integridade do mercado de valores mobiliários”, escreveu em seu voto o presidente da CVM, João Pedro Nascimento.
Em resposta à Folha, a defesa de Diaz disse “repudiar decisão, alegando que ela não participava da gestão das empresas identificadas como grupo GAS”, cuja falência foi decretada em fevereiro. O jornal não conseguiu entrar em contato com a defesa de Santos.
CPI das Pirâmides
Preso na penitenciária federal de Catanduvas, no interior do Paraná, o Faraó do Bitcoin também é alvo de investigação na CPI das Pirâmides Financeiras, acusado de um golpe na casa de bilhões de reais que usou criptomoedas como isca.
Nesta quarta-feira (30), a comissão analisa a convocação de novas testemunhas: Jair Renan, o filho “zero quatro” do ex-presidente Jair Bolsonaro, por seu envolvimento com uma empresa de tokens que se desvalorizaram, e o pai do jogador Neymar, por ter intermediado um patrocínio entre o Santos e a casa de apostas Blaze.
Outros destaques das criptomoedas
O Banco Central adiou para 3 de novembro o prazo final para a configuração dos nós dos consórcios participantes do projeto-piloto do real digital (Drex) na rede Hyperledger Besu, apurou o Valor Econômico. Um dos motivos seria dificuldade que alguns consórcios enfrentam para instalar seus nós devido à exigência feita pelo BC de uma largura de banda de 10 megabytes por segundo para a conexão na Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) para os participantes do Drex.
Em meio a um documento secreto protocolado pela Sec que preocupa investidores, a Binance lançou uma plataforma que permitirá a transferência de criptos por meio do Binance Pay em nove países da América Latina. Chamada de Send Cash, a ferramenta vai possibilitar que usuários transferiram fundos digitais a custos reduzidos mais rapidamente por meio de provedores licenciados, disse a Binance em comunicado na terça-feira.
A plataforma estará disponível primeiro na Colômbia, Honduras, Guatemala, Argentina, Costa Rica, Paraguai, República Dominicana, Panamá e México. Os usuários dos nove países podem enviar fundos para contas bancárias na Colômbia e na Argentina na primeira fase do lançamento.
A plataforma de negociações online Robinhood Markets, cuja entrada no mercado cripto há vários anos foi impulsionada pela gigante Jump Trading, encerrou sua parceria com a empresa, disse uma pessoa familiarizada com o assunto ao CoinDesk.
A plataforma cripto livre de taxas da Robinhood depende de formadores de mercado, os chamados “market makers”, para garantir o bom funcionamento das operações de seus bilhões de dólares em volume negociado. Mas a Jump tem se afastado do mercado dos EUA em meio a um maior escrutínio regulatório. A Robinhood não comentou, enquanto a Jump ainda não respondeu a um pedido de comentário.
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