Manhã Cripto: Bitcoin (BTC) caminha para maior ganho semanal desde outubro mesmo com tensão política mundial

Assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão e escolha do novo premiê britânico não impedem alta semanal acumulada de 13% da principal criptomoeda; altcoins também sobem
Bitcoin

(Foto: Shutterstock)

A sexta-feira (8) começa com o cenário político tenso devido ao assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão, à indefinição na escolha do novo primeiro-ministro do Reino Unido e aos persistentes desafios macroeconômicos, mas investidores parecem ter acordado com maior disposição para apostar em criptomoedas. O Bitcoin (BTC) opera com ganho de 4,7%, cotado a US$ 21.467,18, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem alta de 2,2%, negociado a US$ 1.212,39.

No Brasil, o Bitcoin avança 3,8%, para R$ 115.384,52, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB). 

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As principais altcoins também são negociadas em terreno positivo como Binance Coin (+1,8%), XRP (+5,7%), Cardano (+2,4%), Solana (+2,9%), Dogecoin (+3,1%), Polkadot (+4,4%), Shiba Inu (+5,5%) e Avalanche (+5,1%).

Durante a madrugada, o Bitcoin acumulava alta semanal superior a 13% na madrugada, mostram dados da Bloomberg. Caso mantenha o ritmo, será o maior ganho semanal desde outubro do ano passado. Ainda assim, no acumulado do ano, a maior criptomoeda ainda cai mais de 50%, pressionada pela perspectiva de juros mais altos e crise de liquidez de plataformas de empréstimo cripto.

Nesta sexta-feira (8), as bolsas asiáticas e os índices futuros americanos desaceleraram os ganhos após a morte do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, 67, que foi baleado em Nara, nos arredores de Kyoto, durante um evento político. Segundo a agência de notícias NHK, o hospital onde Abe faleceu fornecerá mais detalhes em coletiva de imprensa.

Na Europa, as atenções se voltam para a escolha do novo primeiro-ministro do Reino Unido depois da renúncia de Boris Johnson. Rish Sunak, que deixou o cargo de ministro das Finanças na terça-feira em meio aos escândalos envolvendo Johnson, até o ano passado era o favorito na sucessão, conforme a Reuters.

Aperto monetário

Os riscos de recessão global e incerteza sobre o colapso de outras empresas cripto reforçam a cautela. “Muitos dos detentores institucionais do Bitcoin podem ser particularmente sensíveis à maneira como a economia está se movendo”, disse à Bloomberg Jared Madfes, sócio da Tribe Capital.

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Na quinta-feira (7), o diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, e James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, enfatizaram a necessidade de apertar a política monetária com um aumento dos juros de 0,75 ponto percentual neste mês para enfrentar a inflação mais alta em 40 anos nos EUA. Waller e Bullard tendem a defender uma política mais restritiva, mas sua visão parece ser apoiada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC).

Na agenda desta sexta, o mercado aguarda a divulgação dos dados do mercado de trabalho em junho nos EUA.

Outros destaques

A notícia de que clientes da corretora Voyager Digital talvez não recebam todo seu dinheiro de volta provoca um novo tipo de medo entre investidores já abalados pela queda dos preços dos criptoativos. “É como se tivesse sido roubado”, disse à Bloomberg Aaron Selenica, 21 anos, que tem US$ 6,9 mil bloqueados na Voyager. “Não vou investir em outra plataforma. Não quero mais saber de criptomoedas.”

A Celsius Network, plataforma de crédito cripto que bloqueou saques de usuários no mês passado devido a pressões de liquidez, recuperou US$ 440 milhões em garantias na quinta-feira (7) depois de pagar integralmente um empréstimo à Maker, uma das maiores plataformas de finanças descentralizadas (DeFi), informou o CoinDesk.

Um ex-gestor de recursos da Celsius abriu um processo contra a empresa em um tribunal de Nova York, acusando a plataforma de má administração e fraude. Jason Stone, que entrou com a ação, diz que a Celsius deve milhões de dólares à sua empresa, a KeyFi Inc.

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A Argo Blockchain vendeu mais bitcoins do que havia minerado em um mês, marcando mais uma mineradora sob pressão devido aos baixos preços da criptomoeda. De acordo com comunicado, a Argo vendeu 637 bitcoins em junho, a um preço médio de US$ 24,5 mil, totalizando receita de US$ 15,6 milhões em negociação com bitcoins. No mesmo mês, a empresa minerou 179 BTC, um aumento de 55 BTC em relação a maio.

Em meio à desvalorização das criptomoedas e cenário macro desafiador, pelo menos 25 plataformas de negociação de criptoativos fecharam as portas no prazo de um mês. O número, estimado pela plataforma Finbold, leva em consideração corretoras rastreadas pelo agregador de preços CoinMarketCap. Até 6 de julho, 500 exchanges operavam no mercado global, comparadas a 525 em 6 junho. Apesar da queda significativa, em um ano pelo menos 116 novas corretoras começaram a operar no período e seguem vivas, mostram dados do Web Archive.

Outro levantamento da Finbold constatou que quem apostou em ouro conseguiu um retorno sobre o investimento (ROI) 40% maior do que a mesma alocação em Bitcoin no acumulado do ano. Porém, em um prazo de investimento mais longo, a criptomoeda supera de longe o metal precioso: nos últimos quatro anos, o ROI do Bitcoin foi 534% maior em comparação com o ouro.

De fato, o atual mercado baixista pode apresentar uma oportunidade para quem busca retornos de médio e longo prazo, mostra análise do E-Investidor. Nesse caso, os fundos de índice negociados na B3, ou ETFs, de criptomoedas podem ser opções de menor risco. Fabricio Tota, diretor do MB, também destaca tokens com proposta semelhante ao produto negociado em bolsa, como o Metaverse Index (MVI) e o Defi Pulse Index (DPI), oferecidos pela corretora.

Um grupo seleto de gestores conseguiu retornos positivos e lucrar em meio ao inverno cripto e com brasileiros entre eles, destaca o jornal O Globo. É o caso do carioca Jay Janér, ex-GP Investimentos e Lehman Brothers que está à frente do Appia Long-Short Fund, um fundo internacional da gestora paulistana KPTL. O veículo teve retorno líquido, em dólares, de 18,3% no primeiro semestre do ano.

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Especialistas do setor cripto e players ouvidos pelo Valor acreditam que a tokenização de ativos financeiros no mercado regulado está avançando, mas sua evolução ainda pode levar algum tempo. Esses produtos devem chegar ao pequeno investidor em alguns anos, além de oferecer acesso a capital a empresas com menos recursos.

As novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captação de recursos por meio de financiamento coletivo, que entraram em vigor em 1º de julho, impulsionam ofertas por meio de tokens digitais para financiar startups, além de projetos esportivos e culturais. “A CVM sabe que entre crowdfunding, que é muito pequeno, e IPO na B3 existe um gap. Talvez a solução para isso seja por meio da tokenização”, afirmou ao Valor Juliana Facklmann, diretora de assuntos regulatórios da 2TM, controladora do MB.

O Itaú Unibanco também aposta na tokenização e planeja o lançamento de uma unidade de negócio para se expandir no segmento na próxima semana, conforme a Reuters.

A caminho de normalizar saques e depósitos em reais, a Binance retomou os saques via aplicativo de celular na quinta-feira (7). A corretora já havia liberado a retirada de dinheiro por clientes na quarta (6), mas o serviço ainda não estava disponível no app. Contas abertas por pessoas jurídicas continuam bloqueadas para saques e depósitos em reais, mas a Binance diz que o processo de integração com a Latam Gateway “será 100% concluído em breve, quando as transações serão totalmente normalizadas”.

A exchange espanhola Bit2Me planeja contratar 250 pessoas ao longo dos próximos 12 meses, o que dobraria seu número de funcionários, disse ao CoinDesk o cofundador e CEO da empresa, Leif Ferreira. A corretora também se prepara para três aquisições: uma participação de 90% em uma bolsa latino-americana, além das compras de uma fintech e uma desenvolvedora de software, ambas com sede na Espanha.

Já a exchange de criptomoedas latino-americana Bitso lançou um serviço de remessa de criptomoedas na Colômbia, informou a empresa na quinta-feira.

Aave, um dos maiores protocolos de finanças descentralizadas, planeja lançar sua própria stablecoin, a GHO. A empresa submeteu a proposta à comunidade de investidores do token AAVE, que fazem parte de sua organização autônoma descentralizada (DAO). Se aprovada, a stablecoin será “lastreada por um conjunto diversificado de criptoativos”, de acordo com a proposta.

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Regulação, Cibersegurança e CBDCs

Exchanges nacionais correm contra o tempo para tentar reverter mudanças propostas pelo deputado Expedito Netto (PSD-RO), relator do projeto de lei que cria um marco regulatório para os criptoativos no Brasil, afirmaram três fontes a par do assunto ao InfoMoney CoinDesk.

A ABCripto entende ser necessário a aprovação do PL o mais rápido possível, inclusive os destaques que estão relacionados à manutenção dos artigos ligados à regra de transição  e segregação patrimonial, como, por exemplo, o destaque 7 e o destaque 9”, afirmou à reportagem Bernardo Sur, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), que reúne 11 empresas do setor, como MB, Foxbit e Bitso.

Advogados ouvidos pelo Valor divergem sobre esses pontos polêmicos. “Se você segrega, aquele recurso não pode ser usado para qualquer outra atividade. Em tese, a discussão é essa, não pode usar para garantia, derivativo ou empréstimos”, explica Paulo Brancher, sócio da área de criptoativos do escritório Mattos Filho. Ele acredita que, se o Banco Central de fato for o regulador do setor, poderia impor novamente a questão da segregação patrimonial por meio da edição de uma norma infralegal.

No mercado internacional, EUA e aliados de outros países devem trabalhar juntos para criar padrões comuns com o objetivo de regular ativos digitais e dificultar a impunidade de criminosos, disse o Tesouro dos EUA em comunicado na quinta-feira (7).

No Brasil, a Polícia Federal deflagrou na quinta (7) a “Operação Ganância”, que investiga uma organização acusada de fazer garimpo ilegal de ouro e usar criptomoedas para lavar o dinheiro obtido com o crime. Segundo comunicado, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 60 mandados de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Pará, Acre, Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro.

Os EUA pediram que o Japão aumente a pressão sobre exchanges e mineradoras de criptomoedas do país asiático para que cortem laços com a Rússia, de acordo com o Financial Times. O pedido de diplomatas americanos foi dirigido a 31 plataformas licenciadas que ainda operam na Rússia, disseram pessoas a par do assunto.

Metaverso, Games e NFTs

A plataforma social Reddit prepara o lançamento do “Collectibles Avatar”, um marketplace para promover tokens não fungíveis desenvolvidos na blockchain Polygon. O Reddit irá firmar parcerias com artistas independentes para criar avatares únicos que usuários da plataforma poderão comprar por um preço fixo e personalizá-los, fazendo com que criadores recebam parte das vendas.

Na Bulgari, melhorar a tecnologia para tornar avatares “mais elegantes” é uma das tarefas da sua unidade de negócios de inovação, lançada em 2020 com um laboratório de criação em Roma. Joalherias e fabricantes de relógio estudam as possibilidades oferecidas pelo metaverso, além do perigo de serem deixadas para trás, segundo reportagem do Financial Times.

Só nos primeiros cinco meses deste ano foram investidos US$ 120 bilhões em tecnologias relacionadas ao metaverso, de acordo com estudo da consultoria McKinsey. “O metaverso deixou de ser uma aposta. É uma realidade. E quanto mais se expandir, maiores serão as oportunidades de negócio”, disse ao Valor João Clark, diretor de marketing do iFood.