O julgamento do fundador do projeto cripto Terra (LUNA), Do Kwon, irá começar no dia 26 de janeiro de 2026. A data foi estabelecida pelo juiz federal Paul Engelmayer em uma audiência realizada na quarta-feira (8) no Distrito Sul de Nova York — o mesmo tribunal onde Sam Bankman-Fried foi julgado pelos crimes cometidos com a FTX.
A audiência de quarta foi a segunda que Do Kwon enfrentou nos Estados Unidos desde que foi extraditado ao país após cumprir pena em Montenegro. Na sessão do tribunal, foram discutidos detalhes do julgamento que virá, foi estabelecida a data e o juiz Paul Engelmayer incentivou que a promotoria e o acusado cheguem a um acordo.
De acordo com reportagem do portal The Block, o promotor principal do caso, Jared Lenow, disse na audiência que Do Kwon sabia meses antes do colapso que o sistema de Terra (LUNA) era frágil, mas continuou propagando que o projeto era robusto e seguro.
O julgamento parece ter o caso de SBF como molde: o criador da FTX foi julgado dez meses após a audiência inicial (agora serão 12 meses) e o promotor Lenow ressaltou que a quantidade de provas é gigantesca (seis terabytes de documentos). Além disso, o promotor prevê que o julgamento pode demorar até seis semanas, sendo quatro apenas para fazer a acusação (tempo semelhante ao do caso do criador da FTX).
O juiz Engelmayer já entrou em alguns detalhes, e perguntou se o debate sobre se criptomoedas são valores mobiliários irá ter um papel importante no caso. O promotor Lenow ressaltou que o juiz distrital Jed Rakoff decidiu que “os ativos cripto da Terraform eram contratos de investimento” em um caso anterior.
O caso em questão foi uma ação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), no qual Do Kwon e a empresa foram condenados a pagar US$ 4,5 bilhões em multas e restituições.
Diante desse cenário do veredicto na ação civil, o juiz Engelmayer novamente recomendou que as partes cheguem a um acordo.
Do Kwon se declara inocente
No dia 2 de janeiro, Do Kwon se declarou inocente das acusações criminais dos EUA sobre o colapso do ecossistema de criptomoedas Terra (LUNA). Foi a primeira audiência do caso após a extradição.
As autoridades federais acusaram o empresário de tecnologia de 33 anos de idade de nove crimes, incluindo fraude de valores mobiliários, fraude eletrônica, fraude de commodities e conspiração para cometer lavagem de dinheiro.
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Kwon fundou a Terraform Labs, empresa por trás de um ecossistema cripto que já teve tamanho considerável, com aplicativos criados em torno do token LUNA e da stablecoin algorítmica TerraUSD (UST). O projeto era popular entre os investidores e cresceu rapidamente para se tornar a terceia maior blockchain no setor, depois do Ethereum, no início de 2022.
Sua criptomoeda nativa, LUNA, estava em seu auge como um dos principais ativos digitais por capitalização de mercado. Kwon ganhou muito dinheiro em pouco tempo, e até zombou de pessoas “pobres” no antigo Twitter.
O fim da LUNA
Mas o ecossistema Terra Luna entrou em colapso em maio de 2022, levando consigo US$ 40 bilhões dos investidores. A quebra levou a um mercado de baixa brutal, pois muitos projetos cripto com exposição ao projeto declararam falência posteriormente.
O principal produto do projeto, a stablecoin UST, não conseguiu manter sua vinculação estável ao dólar, o que resultou no colapso de todo o ecossistema e na perda de quase todo o seu valor em questão de dias.
As autoridades dos EUA e da Coreia do Sul alegam agora que o empresário era um golpista que enganou investidores para que comprassem sua criptomoeda.
“Nos bastidores, os principais produtos da Terraform não funcionavam como Kwon anunciava e eram manipulados para criar a ilusão de um sistema financeiro funcional e descentralizado a fim de atrair investidores”, diz a acusação.
Kwon foi preso em Montenegro por supostamente tentar viajar com um passaporte falso. Seus advogados o mantiveram no país até dezembro, quando ele foi finalmente extraditado para os Estados Unidos.
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