ilustração de moedas de memecoins alinhadas
Shutterstock

No último ano, a plataforma Pump.fun foi responsável pela criação de mais de 4,7 milhões de novos ativos, gerando uma receita impressionante de mais de US$ 317 milhões. No entanto, recentes quedas no mercado levantam dúvidas sobre a sustentabilidade e o destino das memecoins.

O analista Rony Szuster, Head de Research Cripto do MB, observa que o segmento passou por ciclos de forte aceleração e desaceleração. 

Publicidade

“Houve uma forte aceleração desse movimento em novembro de 2024 com a eleição do Trump, depois no final do ano deu uma esfriada normal e aí voltou a aquecer no final de janeiro. De novo agora em fevereiro está dando uma esfriada bem forte nesse segmento, muito por causa dos problemas das memecoins TRUMP e MELANIA, que causaram certo alvoroço, mas principalmente por causa desse último evento, o da LIBRA do [Javier] Milei, que causou também grande repercussão negativa.”

Queda da Solana com impacto das memecoins

Nos últimos 30 dias, a Solana (SOL) sofreu uma desvalorização de aproximadamente 45%, um movimento que pode estar diretamente atrelado ao arrefecimento do mercado de memecoins. Como a Pump.fun opera na rede Solana, a redução da atividade na plataforma pode ter impactado negativamente a demanda pela criptomoeda, contribuindo para sua queda de preço.

Szuster destaca que, na metade de fevereiro, houve uma redução expressiva no volume diário da Pump.fun:

“Para se ter uma ideia, no dia 12 de fevereiro, o volume diário foi de US$ 218 milhões, e no dia 25 de fevereiro foram menos de US$ 90 milhões, ou seja, 60% a menos desse pico mensal. Então, realmente, nas últimas duas semanas, essa narrativa tem esfriado de forma bem contundente.”

Ciclos de especulação

O mercado de memecoins sempre foi movido por ciclos de hype e especulação intensa. No começo de 2024, assistimos a uma explosão na criação e negociação desses ativos, com tokens surgindo e valorizando-se rapidamente, sendo a maioria sem fundamentos sólidos.

Publicidade

Contudo, a atual desaceleração pode indicar um esgotamento do entusiasmo dos traders, que buscam novas oportunidades ou estão mais cautelosos em relação a esse segmento.

Casos como o da moeda LIBRA, promovida pelo presidente da Argentina, Javier Milei, bem como os tokens SMASH, promovido pelo lutador Khamzat Chimaev, e MOTHER, otoken oficial da modelo e rapper australiana Iggy Azalea, demonstraram que nem todas essas criptomoedas resultam em ganhos para investidores, já que muitas perderam valor rapidamente e geraram prejuízos consideráveis.

Szuster ressalta que ainda não é possível prever se esse mercado pode retomar um novo ciclo de hype:

“A gente viu esse forte hype de memecoins no ano passado e no início deste ano, mas eu ainda não sei dizer se a gente ainda pode voltar a ver esse evento nos próximos meses caso tenha algum trigger (movimento). Acho um pouco cedo para afirmar que isso morreu de forma contundente, mas acho possível, sim, que as memecoins não voltem num hype tão forte como no ano passado e início deste ano.”

Apesar dos desafios, algumas memecoins se consolidaram e provaram sua resiliência ao longo do tempo, como a Dogecoin (DOGE), primeiro ativo da modalidade memecoin e que está há vários anos no mercado. Pepecoin (PEPE) e Shiba Inu (SHIB) também podem servir como referências dada a suas grandes comunidades. Em resumo, ativos como esses conseguiram transcender a pura especulação e se estabelecer como elementos duradouros do ecossistema cripto.

Publicidade

Pump.fun e o futuro das memecoins

Como Szuster frisou, a Pump.fun, gigante das plataformas que cunham memecoins em Solana, está enfrentando uma queda na atividade. O volume de novos tokens criados e negociados na plataforma caiu significativamente, refletindo uma possível saturação do mercado ou uma mudança no interesse dos investidores.

Esse fenômeno já ocorreu anteriormente no universo cripto, com ciclos de alta e baixa influenciando diferentes setores ao longo do tempo, como ocorreram com o boom dos NFTs nos anos de 2020 e 2021.

Considerando que o mercado atual das memecoins não é só momentum  e pode mesmo estar saturado, Szuster cita a falta de um valor agregado além especulação como um dos fatores que contribuem para o declínio.

“A gente chama memecoins de especulação financeira, entretenimento, algo muito difícil de analisar os fundamentos, pois muitas delas não têm nenhum tipo de esforço mais forte além de que uma mínima comunidade tentando pumpar (bombear) o token, não tendo nada realmente em resolver nenhum tipo de problema no mundo real e não facilitando nenhum caso de uso”, ressalta Szuster.

“O fato deste segmento ser marcado por ativos desse tipo, que não têm essas qualidades que os outros segmentos têm, contribui para que atraia apenas capital especulativo. E alguma hora esse capital vai se cansar ou vai simplesmente rotacionar para outro espaço, e esse segmento vai ficar no prejuízo”, concluiu.

Publicidade

O futuro das memecoins dependerá de diversos fatores, incluindo a capacidade do mercado de se reinventar e atrair novos participantes. Se a Pump.fun e outras plataformas encontrarem maneiras de agregar valor real além da especulação, esse setor pode voltar a crescer. Caso contrário, a tendência de esfriamento pode se consolidar, levando a um período de menor movimentação e novas quedas nos preços dos tokens relacionados.

Em um vídeo recente compartilhado em seu perfil no Instagram, o fundador da Animoca Brands, Yat Siu, um dos pioneiros da indústria cripto, disse que as memecoins não durarão muito a menos que evoluam com utilidade: “Não porque a utilidade por si só importa, mas porque ela molda novas narrativas”, disse Siu, deixando claro que não é contra a modalidade de moeda.

Ele sugeriu, contudo, que a exposição atual das memecoins pode fechar um ciclo: “É uma boa mudança porque agora acho que vamos entrar, sabe, há um pouco de dor, mas vamos entrar em uma era em que as pessoas vão se interessar muito mais por projetos focados em algo em que elas podem acreditar”.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Startup de neurotecnologia planeja distribuir memecoins por ondas cerebrais; entenda

Startup de neurotecnologia planeja distribuir memecoins por ondas cerebrais; entenda

Startup está prestes a lançar uma plataforma “onde as pessoas poderão minerar dados cerebrais em troca de tokens”
Imagem da matéria: MB vai premiar 1 Bitcoin em nova campanha “1 Bitcoin para chamar de seu”

MB vai premiar 1 Bitcoin em nova campanha “1 Bitcoin para chamar de seu”

Ação do MB vai recompensar a participação de usuários com ativo avaliado em R$ 600 mil
Imagem da matéria: Dificuldade de mineração do Bitcoin diminui em meio à queda das criptomoedas

Dificuldade de mineração do Bitcoin diminui em meio à queda das criptomoedas

A mineração de Bitcoin ficou mais fácil após a queda no preço do BTC e uma onda de frio nos Estados Unidos — mas o que isso significa?
Imagem da matéria: Manhã Cripto: Bitcoin atinge US$ 97 mil enquanto MetaPlanet investe mais R$ 37 milhões no ativo

Manhã Cripto: Bitcoin atinge US$ 97 mil enquanto MetaPlanet investe mais R$ 37 milhões no ativo

A Metaplanet, vista como a “Microstrategy do Japão”, agora detém 0,01% da oferta total do Bitcoin