Um dos sócios da InDeal foi avisado por um funcionário do banco Bradesco sobre a quebra de sigilo bancário da empresa, revelou o Jornal NH na sexta-feira (31). De acordo com a reportagem, existe um jogo de interesse e manobras de bastidores em favor de investigados que foram descobertos em interceptações telefônicas.
Segundo o site, que obteve informações do inquérito que corre na Delegacia de Combate a Crimes Financeiros (Delecor) da Polícia Federal (PF), “há uma trama que envolve vazamento de informações, intervenção suspeita de advogada e propagação de notícias falsas para favorecer a InDeal”.
A empresa é investigada de golpe financeiro pela Polícia Federal com apoio da Receita Federal e da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Funcionário investigado
Segundo o NH, escutas gravadas em abril revelaram que houve um diálogo entre Marcos Antônio Fagundes, um dos presos na Operação Egypto, e uma advogada de Novo Hamburgo.
No diálogo, Fagundes relata que foi informado por um funcionário de uma agência do Bradesco da cidade que a PF havia solicitado extratos da conta da InDeal. Conforme os site, àquela altura a empresa já teria sacado praticamente tudo o que tinha na instituição.
Procurado, o Bradesco disse à reportagem via email que não iria comentar o caso. O funcionário, tratado pelo delegado Eduardo Dalmolin Bollis como ‘gerente bancário’ também não foi localizado.
Não está claro qual lei o ‘informante’ infringiu, mas supostamente, de forma proposital, aconteceu uma obstrução de Justiça.
Revelação é substancial
Assim que obteve acesso ao áudio, Bollis disse que a revelação é substancial para o inquérito, pois alí houve vazamento de uma ação sigilosa da Justiça para um suspeito. O delegado afirmou que o “informante” foi um dos alvos na Operação e hoje faz parte do grupo de 28 investigados.
Sócios ficaram em silêncio
Na quarta-feira (29), cinco sócios da InDeal que foram presos durante a Operação foram levados do sistema prisional para serem ouvidos na Delecor, mas todos permaneceram em silêncio o tempo inteiro.
As autoridades acreditam que eles façam parte de um plano milionário de arrecadação da InDeal para posterior uso do dinheiro em benefício próprio. A prova disso, segundo a Polícia, é um déficit de R$ 300 milhões nos cofres da empresa.
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Clientes fazem abaixo-assinado
Alguns clientes da InDeal estão fazendo um abaixo-assinado a favor da empresa, mesmo depois que a Polícia e a Receita Federal darem detalhes sobre a atuação ilícita da empresa.
Registrada na plataforma Avaaz como ‘Manifestação pública de apoio a InDeal’, a campanha visa 7.500 votos de apoio. Na manhã de sábado (01), cerca de 6.400 pessoas já haviam assinado a petição.
O grupo de apoio diz que o intuito da petição é que a atual situação seja esclarecida o mais rápido possível para que a empresa possa continuar atuando no mercado.
Operação InDeal
A Operação Egypto foi idealizada a partir de um e-mail direcionado à PF, onde a pessoa questionava a legalidade da companhia.
Após investigações, descobriu-se, então, que a suposta empresa de criptomoedas arrecadou R$ 700 milhões entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019.
No entanto, esse valor pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo um auditor fiscal de Receita Federal que falou após a ação.
Participaram da operação 130 policiais federais, 20 servidores da Receita Federal do Brasil e seis policiais civis que cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em várias cidades do país.
Além dos mandados, foram expedidas ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros em nome de pessoas físicas e jurídicas, de dezenas de imóveis e a apreensão de veículos de luxo.
Promessa da InDeal
O inquérito policial foi instaurado em janeiro de 2019 para apurar a atuação da empresa. Ela estaria captando recursos de terceiros sem a autorização dos órgãos competentes.
A empresa dizia que aplicava o dinheiro em criptomoedas e oferecia um retorno garantido de 15%, ao menos, no primeiro mês de aplicação.