O gestor sênior de carteiras e de fundos da L2 Capital, Marcelo Lopez, deu o braço a torcer e admitiu que errou ao dizer, no final de 2017, que o Bitcoin era uma bolha que deixaria as tulipas envergonhadas.
“O que mudou de lá pra cá? No bitcoin, nada, mas na minha percepção, muita coisa”, disse no início de uma sequência de tweets publicada nesta segunda-feira (23).
A reportagem não conseguiu localizar o texto original — apenas um segundo artigo publicado em 3 janeiro de 2019 no qual Lopez mantém a mesma visão do anterior:
“Bitcoin, a super-tulipa da era digital, era (e ainda é) uma bolha tão grande, que hoje, após ter caído mais de 80% desde as máximas, ninguém mais quer comprar – para quem gosta de finanças comportamentais, está aí um prato cheio. Havia fila de pessoas querendo comprar a moeda virtual a US$ 20 mil, mas ninguém agora a quer, embora esteja abaixo de US$ 4 mil”, escreveu na época.
Mudança de visão
Após quase dois anos — dias após a moeda chegar a R$ 100 mil —, Lopez disse que suas críticas ao ativo digital era de que jamais poderia ser dinheiro pois não era um meio de troca. Contudo, diz ter se dado conta que nenhuma forma de dinheiro que existiu antes da chegada dos bancos centrais começou como meio de troca.
“O ‘dinheiro’ começou sendo aceito como ornamento, depois reserva de valor e, finalmente, como meio de troca, sendo que esse processo demorava décadas. Mais ainda, a reserva de valor era primeiramente aceita e usada pelos mais ricos e abastados, depois ia sendo aceita pelo restante da sociedade”, disse.
Para o gestor, com a chegada dos bancos modernos foi preciso criar uma terceira parte para dar credibilidade ao dinheiro, o que gerou também um incentivo para ‘diluí-lo’.
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Bitcoin revolucionário
E é por isso que ele passa a classificar o bitcoin como um ideia revolucionária:
“Ele acabou com a necessidade do lastro e eliminou a terceira parte (bancos), cortando custos e acelerando o processo de transferência de recursos. Meu erro no começo foi não ver que o bitcoin estava primeiramente sendo aceito como uma reserva de valor, que não pode ser inflacionada”.
E prosseguiu na explicação:
“Ainda estamos há anos, talvez décadas para que o bitcoin seja aceito como meio de troca (se é que vai acontecer), mas vale a pena lembrar que nesse ano, pouco antes do halving do bitcoin, os bancos centrais entraram em modo desespero e imprimiram trilhões de dólares – um claro lembrete de que devemos pensar em proteger nossas reservas”.
Por fim, Lopez mostrou que está acompanhando a tendência presente nos Estados Unidos e relembrou que diversos gestores de recursos dos EUA como Stanley Druckenmiller, Paul Tudor Jones, Mike Novogratz começaram a comprar bitcoin.
Nem toda a categoria está convencida. Na sexta-feira (23), outro gestor brasileiro também fez uma série de tweets sobre o assunto, mas com uma visão oposta: disse que o bitcoin era uma mania e que não serviria para nada. Interessante ou não, ele em seguida apagou a maior parte das mensagens.
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